Carta à Berta nº. 658: Eu Voto PS. Já a Si Só lhe Peço que Vote
Olá Berta,
Como sabes, minha cara confidente, eu tenho administrado um grupo de bairro no Facebook. Estamos perto de chegar aos dez mil membros e embora se possa falar de política, mesmo satirizando este ou aquele político faz já algum tempo que ficou claro que não é permitido insultar seja que político for, como também está fora de questão dizer que são todos desonestos ou pior do que isso.
Esse tempo, amiguinha, já não tem mais lugar nesse espaço. Contudo, não escondo de ninguém que sou socialista e até militante do Partido Socialista. Todavia, uma coisa é ser socialista filiado, outra coisa é concordar com tudo o que o PS faz ou programa fazer. Aí, como sempre, eu e o partido nem sempre estamos de acordo.
A nível autárquico fui totalmente contra o apoio demonstrado pela Junta de Freguesia de Campo de Ourique, onde o PS ganhou por menos de duas dúzias de votos, à localização da estação do metropolitano no subsolo do Jardim da Parada, ao desvio do lençol freático e à condenação à morte lenta, minha querida, num prazo não superior a dez anos, das árvores centenárias do Jardim da Parada.
Penso até que, quando a população do bairro começar a ver as consequências desta decisão, o PS autárquico estará por muitos anos longe do poder em Campo de Ourique. Infelizmente, amiga, duvido que me engane.
A vida tem destas coisas e, proximamente, no dia dez de março, vamos ter eleições legislativas. Ora, ao contrário de muita gente, eu gostei bastante da governação socialista. Aliás, apoiei internamente António Costa e fiquei muito satisfeito quando ele ganhou o partido, exatamente do mesmo modo, Berta, como fui contra José Sócrates desde o princípio. Ser socialista não é ser estúpido, nem deixei de ter pensamento próprio, eu sei que há várias crises em curso, desde o gravíssimo problema da habitação, passando pelas várias crises do SNS, até ao problema dos professores e das forças armadas e de segurança.
Mas também sei que o poder de compra em minha casa não desceu, subiu quase 25% em oito anos. Sei que não posso ser retirado da minha casa, pela senhoria, pois estou num regime protegido, graças à teimosia do PS em manter esse regime. Mesmo assim, querida amiga, a Lei Cristas fez-me pagar cinco vezes mais renda do que anteriormente pagava. Claro que nem tudo está bem. Porém, o PS fez o país crescer, face à Europa, aguentou sem se ir abaixo uma pandemia, e suportou o rebentamento de duas guerras quase à nossa porta, conseguindo, mesmo assim, fazer diminuir a divida pública e recuperar Portugal de uma economia no lixo para um “raiting” de nível A, novamente. Já nem falo na superação da crise do petróleo.
Agora, aquilo a que eu apelo no grupo, não é para os membros votarem PS, é apenas para irem votar. No PS, na AD, na IL, no Livre, no PAN, na CDU ou no Bloco de Esquerda, não importa, votem na democracia, esqueçam dos partidos que garantem a banha da cobra, que são populistas, e que só prometem coisas porque sabem que nunca as terão de cumprir. Se não querem votar em ninguém votem em branco, mas votem. Não ir votar aumenta a abstenção e beneficia diretamente a estrema direita. Não me vou alargar mais por hoje, minha doce Berta, deixo um beijo saudoso, deste teu amigo,
Gil Saraiva