Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente
correto.
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Como correu este Carnaval aí para os lados do Algarve? Espero que o bom tempo te tenha ajudado a ter diversão e alegria com fartura e talvez também com farturas. A minha carta de hoje, contudo não tem graça, é que se no “Carnaval, tudo vale, menos ir para o hospital com as cuecas embrulhadas num jornal”, a prisão preventiva de mais um alegado pedófilo que, de há 3 anos a esta parte, abusava sexualmente da filha, hoje com 8 anos, e da enteada com 12, dá-me uma volta ao estômago como poucas coisas que vamos ouvindo são capazes de o fazer.
Na idade média, já no século XV, existiu um reino, a Valáquia, onde atualmente se situa geograficamente a Roménia, onde o Rei, de nome Vlad Dráculea, empalava os seus inimigos e os conterrâneos que decidia condenar à morte. O monarca chegou ao cúmulo de o fazer massivamente, numa altura em que se viu atacado por uma força armada muito superior à sua, empalando, num mesmo campo, a céu aberto, mais de 20 mil homens, mulheres e crianças.
A força opositora fazia parte do Império Otomano e a intenção do Sultão era obrigar Vlad a manter o pagamento de uma vassalagem ao império, que já vinha dos seus antecessores, e que este tinha interrompido bruscamente. Tal pagamento não representava apenas um tributo, mas o reconhecimento por parte do rei de que a Valáquia se encontrava sob o domínio otomano. Aconteceu, porém, que quando o exército inimigo chegou ao campo onde se encontravam recentemente empaladas as 20 mil vítimas, muitas delas ainda vivas e em total agonia, o sultão, totalmente horrorizado com o espetáculo, abandonou o ataque e ordenou a retirada do seu contingente de Valáquia, perdendo a vassalagem definitivamente.
Faço aqui um aparte para te contar que, estudos recentes, provaram que Dráculea poderia efetivamente ter conseguido que, após muitas experiências, do tipo tentativa e erro, as suas vítimas de empalamento, atravessadas por uma vara de pinho desde o ânus até à saída pela boca, sobrevivessem, algumas delas, até 48 horas, nessas condições.
Aliás foi este tipo de práticas sangrentas e horrorosas que inspiraram Bram Stoker a criar a personagem de Drácula, Senhor da Transilvânia (também parte da atual Roménia) vizinha de Valáquia, criando o vampiro sedento de sangue, seguindo a inspiração sanguinária de Vlad Dráculea, o Empalador.
Embora eu seja, normalmente e, poderei mesmo dizer, em princípio, contra a pena de morte, esta seria a pena mais justa para todos os violadores consumados e devidamente comprovados de crianças. Era um instante enquanto se acabavam os violadores no nosso país.
Não consigo sequer entender a demência de um predador deste tipo. Julgo até que se trata, realmente, de uma doença do foro psiquiátrico gravíssima, mas que não devia ter qualquer perdão. Os seus praticantes não merecem sequer a dádiva de continuarem vivos. Tal como aqueles que optam por comer carne humana e mais um bom role de transviados que infelizmente continuam a existir entre nós.
Em última análise porque, como disse, sou contra a pena de morte, deveriam, no mínimo, ser castrados e sujeitos a prisão perpétua sem possibilidade de redução de sentença.
Desculpa se te incomodei com esta carta, minha querida amiga, mas este é um dos assuntos que me faz sempre perder a calma, a lógica e a ponderação. Como despedida, por hoje, recebe um beijo deste teu amigo,
Desculpa ontem ter enviado 2 cartas, mas tive que desabafar. Há coisas que não devem ficar para o dia seguinte. Sei que não te importas destes pequenos abusos da minha parte, mas mesmo assim, por seres a amiga que és, acho que fica bem uma justificação.
Mando-te a terceira parte do poema que te tenho enviado aos poucos porque, ao fim ao cabo, são 4 poemas num só. Não quero que apanhes um enjoo de linguagem poética. Assim, aos poucos digeres melhor. Aqui vai:
"OS OUTROS - TRAGÉDIA EM QUATRO ATOS"
III
"VIAGEM PARA O PARAÍSO"
Perante os migrantes vindo do Oriente,
A Europa justa vai abrir os portões,
Dizem os líderes da União Europeia,
Criam cotas, repartem apoios, vão à televisão…
Mas a verdade esconde-se, abriga-se,
E o que se fala nada quer dizer, nem tem tradução;
Mas todos prometem intenções tão boas,
Numa teoria que jamais será Tese, Lei ou Saber.
Aceitam milhares, dizem os jornais,
Mas fazem-se muros, que é farpado o arame,
Entram meia dúzia, um pouco mais, mas de pouco não passa,
A custo, a medo, que a vergonha não esconde a cara…
Impera o cinismo, dizem que é cedo,
Mas para os migrantes o tempo parou,
E tentam entrar de qualquer maneira nessa Europa
Onde solidariedade se escreve a borracha,
Onde esperança é palavra oca que o vento varreu…
Por entre os milhares, fugidos da Síria curda,
Entre fome e sangue, entre dor, pânico e sobrevivência,
Uma família que o lar perdeu na perdida Kobane,
Já na Turquia, procura uma forma de chegar à Grécia, a Kos,
Nem terra, nem ar, que apenas o mar é solução…
E ali, em Bodrum, a dois passos da Europa,
Um casal com dois filhos decide arriscar,
Um entre os milhares que já são milhões.
Da praia de Ali Hoca partem de barco feito borracha
Que apaga vidas…
Onde cabem dez viajam cinquenta,
E dá-se a tormenta, o naufrágio, mais um,
Sobrevive o pai, sucumbe a mãe e as duas crianças,
De três e cinco anos que a idade é tenra
Mas a morte não.
A viajem acaba, como começou, em calamidade,
Igual a tantas outras que a precederam,
E assim chegaram, todos ou quase, por fim, finalmente,
A um paraíso que não tem país.
Sabes, minha amiga, costumo dizer que a maior sorte que tive em toda a minha vida foi ter nascido em Portugal. Para esta gente que nasceu nestes lugares, para onde o inferno tem os portões abertos, sobreviver já é uma aventura. Quando penso nisso e nos meus problemas acho que reclamo de barriga cheia.
Deixo-te um beijo de despedida, com as saudades que imaginas deste teu velho amigo de sempre,
Estou a pensar em ti. Isto quase parece o início de uma canção conhecida. “Hye! Nána, nána.” Porém, minha querida amiga, a verdade é que penso muitas vezes em ti. Sinto saudades dos nossos lanches ao fim da tarde, n’ “O meu Café”, olhando o Jardim da Parada, sempre pulsante de atividade.
Lembro-me de comentares amiúde um grupo de jovens, reunidos no coreto, a ver passar as moças mais bonitas do bairro, comentando baixinho entre si, coisas que tu tentavas adivinhar.
Ás vezes, saíamos do café e íamos até à esplanada da hamburgueria, cheia de gente, de um dos lados do jardim, onde tu adoravas estar em alternativa ao café, ali, a ver os patos a nadar de um lado para o outro, no pequeno lago central, ou olhando para as velhotas, alimentando pombos, espalhadas pelos bancos de jardim, ou admirando o bebé, que no carrinho dormia ou sorria, enquanto a mãe se sentava um pouco, para ganhar fôlego no seu regresso apressado até casa.
Lembras-te dos reformados a jogar à sueca, nas mesas metálicas agarradas ao chão, impassíveis aos ventos ou às cartas? Claro que te lembras. Da outra ponta do jardim, vindos do pequeno parque infantil, chegavam-nos os gritos das crianças entusiasmadas nos baloiços, sob o ar vigilante dos pais ou dos avós, que graças à vedação de madeira viam a sua tarefa mais facilitada.
Ainda mais atrás, havia sempre um barbudo a escolher um livro, na cabine telefónica transformada em minibiblioteca pública, onde as pessoas escolhiam livros para ler, trocando por outros que já haviam terminado.
Às vezes, um andarilho, sempre o mesmo, sentava-se no chão, junto ao posto paralelepípedo dos correios, a precisar de uma lavagem de cara talvez superior à do homem, que a ele se encostava. Ali ficava à espera que alguém fosse buscar uma trotinete ou uma bicicleta, daquelas de moedas, estacionadas no parqueamento, ali perto, dentro do passeio do jardim, a quem ele pudesse pedir uns trocos.
Era um andarilho vivo, algo intemporal, sem idade definida (já não o vejo tem uns meses), atento a quem atravessava as passadeiras perto dele, não se importando se vinham da cinquentona livraria Ler, que parecia existir ali para dar cultura ao jardim, ou da outra, a que dava para o lar, com paisagem única para as velhas árvores centenárias e bem catalogadas do jardim.
Sabes, minha querida amiga, ainda me lembro do nosso jogo, a tentar adivinhar se seria homem ou mulher, a entrar no táxi seguinte, na paragem de táxis, junto aos pequenos sanitários públicos, aqueles que tu dizias que só existiam ali para servir os taxistas mais aflitos, porque de resto nunca lá viras entrar mais ninguém. Não sei como fazias, o certo é que acabava sempre por ser eu quem perdia o jogo. A única vez que ganhei tive que te ir pagar um café como compensação.
Quanto te fartavas de estar sentada, levantavas-te e eu já sabia que era a hora do passeio vagaroso pelas lojas em volta do jardim, espreitavas sempre as 2 lojas chinesas, a mais pequena tipo bazar e a maior de roupa de senhora. Nessa última, vias sempre algo de que gostavas, mas nunca te vi lá entrar, para comprar fosse o que fosse.
Depois paravas junto ao multibanco do Santander e levantavas 20 euros, dizias sempre que podia ser que te apetecesse qualquer coisa, afinal, ali à volta, tinhas uma geladaria, uma loja de chocolates, 2 restaurantes italianos, uma espécie de bar, um café e 3 padarias e aquela outra loja, a onde só entravas uma vez por semana, a dos doces e bolos, tudo tornando a situação bem tentadora.
A verdade é que, normalmente, a escolha recaía sempre pelo bolo de laranja ou pelo de noz da padaria-pastelaria Trigo da Aldeia e mais umas 3 bolinhas de pão, malpassadas, fora a fatia de bolo na outra loja, normalmente à quarta-feira.
Depois era o tempo das montras, com nova volta em torno do jardim, desta vez vias as 2 sapatarias, a velha loja de antiguidades cujo dono era teu amigo, passavas rápido pela casa dos aparelhos auditivos, sempre a afirmar que daquilo não precisavas, bem como pela clínica dentária ou da loja de oftalmologia.
Não tendo tu filhos ou netos sempre achei graça ao facto de parares na loja de roupa para crianças e na outra de esquina que vende uns acessórios de cores suaves e que eu nunca entendi muito bem para que servem. O teu esclarecimento era sempre o mesmo, tinhas amigas que tinham filhos ou netos, o que, às vezes, implicava teres de oferecer umas prendinhas.
Inevitavelmente, fosse na primeira ou na segunda volta, acabavas por entrar na Clarel, a loja de produtos de limpeza e higiene, do mini preço. Contudo, saías sempre sem compras e a dizer que não entendias o que aquela loja fazia ali. As outras montras vias um pouco mais a correr, como a da agência de viagens ou da imobiliária, onde o teu comentário era de não teres dinheiro para aquilo. Às vezes, ainda te aventuravas por uma ou outra das ruas que iam dar ao jardim, para espreitar uma montra para onde já não olhavas há algum tempo.
Lembro-me de uma vez, em frente ao pequeno talho, na Rua de Infantaria 16, a poucos metros do jardim, tu me perguntares se aquelas comidas à base de carne, podiam ser preparadas contigo a ver o que lá punham dentro ou se tinhas que levar uma das expostas. Ainda te disse para entrares e perguntares, mas seguiste em frente.
Pois é, minha muito querida amiga Berta, hoje sentei-me no Jardim da Parada, bem no centro do nosso Bairro de Campo de Ourique, estava igual ao jardim das nossas paragens e passeios. As mesmas lojas, os mesmos transeuntes, as mesmas árvores históricas, as mesmas esplanadas e padarias, até o homem da bicicleta que tu adoravas tanto, aquele que andava às voltas pelas ruas, com um rádio a tocar músicas bem alto, vestido de vermelho e branco e com uma bandeira do Benfica presa numa vara na traseira, junto ao selim, até ele hoje voltou a passar… mas o jardim, não sei… senti-o, como dizer? Senti-o tão vazio, quase que agreste, e não, não era do frio, pois ia muito bem agasalhado, depois compreendi, faltava-lhe a alma, faltava aquilo que o tornava acolhedor, amigo e companheiro dos anos, faltavas tu. Mais nada, apenas tu, Berta. Beijo,
Hoje, por aqui, está um dia frio. Um daqueles frios que nos invade a carne e nos afaga, com um prazer sádico, os ossos, sabes? Coisas que eu nunca tinha sentido até aos meus 40 anos, nem mesmo em situações muito mais gélidas do que a de hoje. Já sei o que estás a imaginar. Podes ter razão ao pensares que a PDI não perdoa e gosta de nos lembrar que existe. Porém, com as evidências posso eu bem. Contudo, o que eu gostava mesmo era de controlar este frio.
Aliás, foi o frio que me fez escrever a carta de hoje, porque, por antagonismo, lembrei-me das várias e deliciosas férias que já passei no Brasil, o qual, alegadamente, tem na presente legislatura um verdadeiro asno no poder. Como eu adorava provar isso de forma convincente e retirar a estes escritos a conotação alegada. Contudo, para isso, teria de mudar de blog, porque aqui é o reino das observações sem conhecimento da totalidade das informações e das fontes.
Esta carta, minha querida, merecia honras de edital, coisa séria deste teu amigo jornalista e cheio de calos onde eles não fazem falta, porém é aqui que escrevo e é aqui que a coisa terá de fazer sentido.
Deves estar a pensar que te vou falar dos falsos testemunhos de Bolsonaro, quando acusou o ator Leonardo DiCaprio de estar a pagar a uma organização para incendiar a Amazónia, o que, mal comparando, seria o mesmo que dizer que a Madre Tereza de Calcutá era uma velha maluca que envenenava os pobres para que estes não morressem de fome. Ambas as afirmações estão na mesma ordem de classificação e categoria, quer em termos de discurso quer de domínio: o do absurdo.
Todavia, considero o assunto igualmente inacreditável. A notícia, de que te vou falar, li-a no expresso online de hoje e relatava a nomeação de Dante Mantovani para presidente da Fundação Nacional das Artes, o organismo do Governo Brasileiro que fomenta as Artes Visuais, a Música, o Teatro, a Dança e as atividades circenses.
O maestro (sim, o alegado idiota chapado é maestro) foi nomeado ontem para o cargo em causa. Estamos a falar do sujeito que afirmou publicamente ter a certeza de que a UNESCO é uma “máquina de propaganda em favor da pedofilia” e que disse que: “O Rock ativa a droga, que ativa o sexo, que ativa a indústria do aborto. E a indústria do aborto alimenta uma coisa muito pesada, que é o satanismo. O próprio John Lennon disse abertamente, mais de que uma vez, que fez um pacto com o Satanás” (palavras do próprio Dante, que até tem um nome sugestivo).
É também de sua autoria a alegação, ainda a propósito do Rock, de que agentes soviéticos inseriam “elementos” nas músicas para fazerem aquilo a que ele chama de “engenharia social” com crianças e adolescentes.
Mais recente, nos discursos brilhantes desta alegada anta, afirma-se que “na esfera da música popular, vieram os Beatles para combater o capitalismo e implantar a maravilhosa sociedade comunista”.
A inteligente medida fazia, segundo afirma, parte de um plano para vencer os americanos e o capitalismo burguês a partir da destruição da moral da juventude e das famílias. Aliás, no seu site oficial, o alegado maestro mentecapto, defende que na música experimental contemporânea “é praticamente obrigatório imitar peidos, seja mediante o emprego de instrumentos musicais ou do famigerado aparato eletroacústico”. E, por mais estranho que te pareça as palavras são “ipsis verbis” as do próprio. Beethoven, que foi muito cedo considerado louco, é um menino do coro se comparado com a criatura de que agora falo.
No seu plano de uma nova música para infantes e adolescentes o maestro Dante Mantovani, aparece no Facebook a dirigir um coro onde o próprio acrescentou a legenda “canto gregoriano em latim para crianças, é nisso que acredito”.
Poderia, minha querida Berta, escrever mais uma boa meia dúzia de páginas com as alegações do alegado energúmeno, portador de uma deficiência mental obstrutiva crónica no que ao raciocínio e à inteligência diz respeito, pois que este é o animal que afirma que o fascismo é uma política de esquerda e que as “fake news” são uma conceção globalizante para impor ao povo a vontade da imprensa.
A Funarte, que gere os recursos do Brasil para as Artes, atrás referidos, está, como vês, entregue a este espécime de bípede, de mentalidade anterior aos nossos hominídeos de Neandertal.
Tenho pena de ver um país, que adoro, nas mãos desta gente nefasta, perigosa e absolutamente desprovida de senso comum, de sentido de história, de hombridade, de decência humana e de sentido crítico e criativo, apenas preocupados em evangelizar com um populismo que roça o <<non sense>>, da pior maneira possível, um povo alegre, feliz e maioritariamente crente no bem.
Atribuir a direção da Funarte a este louco maestro popularucho é o mesmo, que nós poderíamos fazer, se entregássemos as comemorações do 25 de abril a André Ventura. Um absurdo sem nome, nem classificação. Não sei como o meu povo irmão se vai livrar destes alegados percevejos, porém, com a máxima urgência, algo terá de ser feito.
Despeço-me tristonho e saudoso. Recebe um beijo deste teu amigo,