Carta à Berta nº. 213: Memórias de Haragano - A Revolução Começa na Cama - Parte XI
Olá Berta,
Fiquei feliz em saber que tu também acordas e consegues mudar um sonho. Já somos dois. Sem mais demoras, passo de imediato para as seguintes memórias:
Memórias de Haragano: A Revolução Começa na Cama – Parte XI
“O meu telemóvel acusou nova mensagem. Era uma sms do Body Club. Um convite para uma festa especial. Simpático, sem dúvida, mas como é a pagar prefiro passar a vista por meia dúzia de meninas desnudas na internet. É mais barato. Quanto ao Body é um clube de strip recente, perto das antigas caves do Cinema Mundial em Lisboa, que faz comunicação com outro ícone noturno, o Black Tie. Em dois mil e onze fiz a reportagem de lançamento, não fui o único, mas pronto, fiz parte do grupo de arranque da casa. Depois ainda escrevi mais umas notas de imprensa engraçadas para os cartazes de algumas publicações dedicadas à noite lisboeta.
Vou ver. Devo ter qualquer coisa ainda no computador. Ah! Cá está: [[Foi no passado dia 11 de agosto que o empresário M. T. deu luz, som, cor e alegria a um novo espaço na noite de Lisboa.
A inauguração teve lugar numa quinta-feira entre as vinte e duas horas e a uma hora da manhã. O cocktail de apresentação contou com a presença de muitas caras conhecidas da nossa capital e algumas outras de outros pontos do país.
O BODY funciona diariamente entre as vinte e duas horas e as quatro horas da manhã com o requinte que só o mestre do Black Tie Club sabe imprimir aos seus espaços. Ele é a prova que afinal existe vida para além da Troika na nossa capital.
Quando lhe perguntamos se era apenas mais uma casa para enfeitar a noite alfacinha o experiente mestre explicou logo que se tratava do primeiro espaço nacional com pista central de strip dupla, ou seja, com dois varões para as bailarinas, balcão em volta da pista, três faixas pardas a vermelho luminoso no chão, efeitos de fumo e laser de fazer inveja a qualquer strip californiano daqueles que vemos nos filmes produzidos pelas terras do tio Sam.
Quando finalmente vimos o espaço constatámos que efetivamente e por fim Lisboa tinha um Strip Clube, com um arranjo inicial de doze bailarinas, de nível internacional. Achei deliciosa a escolha das palavras um arranjo de doze bailarinas. Parecia a descrição de harém árabe importado para um hotel de cinco estrelas de luxo.
O vermelho escuro e o preto dos estofos fizeram-nos lembrar espaços onde não se olhou ao custo para fazer imperar o bom gosto. Fino, clássico, quase sensual. Uma delícia.
Com algum receio pedi a tabela de preços e fiquei de queixo caído, eu não poderia pagar a não ser com sorrisos, mas era barato, para quem ganha pelo menos uns cinco ordenados mínimos. A degustação tinha uma média de preço por copo que rondava os quinze euros e, espante-se, um <<table dance>> privado fica-se pelas trinta e cinco unidades da escassa moeda.
Em conclusão tive a certeza que em Lisboa, dali para a frente, não poderia mais haver STRIP sem BODY. Recomendo vivamente o espaço àqueles pobres e coitadinhos que se conseguem sustentar na capital com os parcos vinte e cinco salários mínimos.]]”.
Por hoje chega de ideias. Recebe um beijo amigo de despedida, deste sempre presente, nem que seja através desta nossa troca de informação,
Gil Saraiva