Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente
correto.
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Tenho visto e ouvido imensa gente a criticar o Governo por andar a fazer poucos testes. Seja na Assembleia da República, por parte dos partidos da oposição, seja na imprensa escrita e, mais assertivamente nas redes sociais, que quase que espumam de raiva reivindicativa pela testagem em falta. Eu que aponto o dedo à atuação dos nossos líderes, sempre que me parecem que eles escorregam nos seus deveres, também gosto de ter a noção de que as críticas que faço são minimamente justas.
Nestas coisas sobre o que o SNS anda a fazer a mando da DGS eu acho importante que se tenha em atenção dois pontos fundamentais: o rácio de testagem realmente efetuada, desde que a pandemia começou, por milhão de habitantes e a comparação com os países que têm a mesma ou maior população que Portugal.
O primeiro critério é evidente porque não faz sentido fazer comparações sem ser pela percentagem de testes realizados desde o início por cada milhão de habitantes, o segundo ponto é ainda mais importante porque não acho justa a comparação nacional com países ou territórios de menor dimensão populacional, como por exemplo o Mónaco, o Luxemburgo ou Andorra, que, dada a sua pouca população, atingem grandes percentagens por milhão de habitantes com meia dúzia de testes, porque a comparação se torna ridícula.
Ora, analisemos, portanto, quais e quantos são os países e os territórios que, com igual ou superior dimensão populacional e desde que as testagens começaram, têm mais testes por milhão de habitantes que Portugal. Serão muitos? Estaremos assim tão na cauda da testagem como se afirma? Devo confessar que eu não sabia, mas resolvi consultar as testagens em todo o globo e compará-las connosco, fazendo uso dos critérios já referidos. Para tal usei os dados da OMS e do site do “Worldometer”, que é muito usado para avaliação dos dados da pandemia.
República Checa, Bélgica, França, Reino Unido e Estados Unidos da América, são os cinco, e únicos, países do mundo que, tendo uma população igual ou superior à nossa, já fizeram mais testes por milhão de habitantes que Portugal, desde que a pandemia começou. Ora, vistas as coisas por este prisma objetivo, não se pode dizer que estamos na cauda seja lá do que for no que à testagem diz respeito.
Pelo contrário, fica demonstrado que testamos mais do que Espanha, Itália, Holanda, Alemanha, China, Rússia, Índia, Brasil, México, Canadá, Austrália, só para enunciar alguns dos países que esperaríamos encontrar mais avançados do que nós. Para cúmulo desta análise, devido ao elevado aumento da testagem nacional, e a manter-se este ritmo, dentro de menos de 30 dias, estaremos no top 3, o que não me parece um lugar de envergonhar quem quer que seja, por mais voltas que se tentem dar aos números.
Vergonha, é a palavra certa a aplicar a todos estes críticos de barriga cheia e de língua solta e viperina, que nem se dignam a consultar as tabelas oficiais antes de botarem discurso. Vir criticar o Governo, porque num período de sete ou quinze dias se fizeram menos testes que o normal, tendo em conta o universo de quase 16 meses, é como criticar a Telma Monteiro, honra e glória do judo português, por ter faltado a um treino quando, mesmo assim, sempre atingiu o pódio de cada vez que participou em campeonatos internacionais da sua modalidade. Haja bom senso e moderação.
Se querem criticar os nossos governantes atirem-lhes à cara com o abandono discriminatório, e quase xenófobo, a que os circos e as atividades circenses foram votadas desde o início da pandemia, por exemplo, no que se refere ao apoio a um setor da cultura totalmente desprezado pelo Governo, que os proibiu de exercerem a sua atividade, desde que a pandemia teve início há 16 meses. Aqui sim, há razões para indignação e vergonha, mas há mais exemplos como este, muitos mais.
A crítica, a ser feita, deve ser objetiva, assertiva e construtiva. Falar por falar fica ridículo e põe em perigo quem realmente precisa de apoio. Por hoje é tudo minha querida amiga, recebe um beijo de despedida e sempre saudoso,
Hoje, por aqui, está um dia frio. Um daqueles frios que nos invade a carne e nos afaga, com um prazer sádico, os ossos, sabes? Coisas que eu nunca tinha sentido até aos meus 40 anos, nem mesmo em situações muito mais gélidas do que a de hoje. Já sei o que estás a imaginar. Podes ter razão ao pensares que a PDI não perdoa e gosta de nos lembrar que existe. Porém, com as evidências posso eu bem. Contudo, o que eu gostava mesmo era de controlar este frio.
Aliás, foi o frio que me fez escrever a carta de hoje, porque, por antagonismo, lembrei-me das várias e deliciosas férias que já passei no Brasil, o qual, alegadamente, tem na presente legislatura um verdadeiro asno no poder. Como eu adorava provar isso de forma convincente e retirar a estes escritos a conotação alegada. Contudo, para isso, teria de mudar de blog, porque aqui é o reino das observações sem conhecimento da totalidade das informações e das fontes.
Esta carta, minha querida, merecia honras de edital, coisa séria deste teu amigo jornalista e cheio de calos onde eles não fazem falta, porém é aqui que escrevo e é aqui que a coisa terá de fazer sentido.
Deves estar a pensar que te vou falar dos falsos testemunhos de Bolsonaro, quando acusou o ator Leonardo DiCaprio de estar a pagar a uma organização para incendiar a Amazónia, o que, mal comparando, seria o mesmo que dizer que a Madre Tereza de Calcutá era uma velha maluca que envenenava os pobres para que estes não morressem de fome. Ambas as afirmações estão na mesma ordem de classificação e categoria, quer em termos de discurso quer de domínio: o do absurdo.
Todavia, considero o assunto igualmente inacreditável. A notícia, de que te vou falar, li-a no expresso online de hoje e relatava a nomeação de Dante Mantovani para presidente da Fundação Nacional das Artes, o organismo do Governo Brasileiro que fomenta as Artes Visuais, a Música, o Teatro, a Dança e as atividades circenses.
O maestro (sim, o alegado idiota chapado é maestro) foi nomeado ontem para o cargo em causa. Estamos a falar do sujeito que afirmou publicamente ter a certeza de que a UNESCO é uma “máquina de propaganda em favor da pedofilia” e que disse que: “O Rock ativa a droga, que ativa o sexo, que ativa a indústria do aborto. E a indústria do aborto alimenta uma coisa muito pesada, que é o satanismo. O próprio John Lennon disse abertamente, mais de que uma vez, que fez um pacto com o Satanás” (palavras do próprio Dante, que até tem um nome sugestivo).
É também de sua autoria a alegação, ainda a propósito do Rock, de que agentes soviéticos inseriam “elementos” nas músicas para fazerem aquilo a que ele chama de “engenharia social” com crianças e adolescentes.
Mais recente, nos discursos brilhantes desta alegada anta, afirma-se que “na esfera da música popular, vieram os Beatles para combater o capitalismo e implantar a maravilhosa sociedade comunista”.
A inteligente medida fazia, segundo afirma, parte de um plano para vencer os americanos e o capitalismo burguês a partir da destruição da moral da juventude e das famílias. Aliás, no seu site oficial, o alegado maestro mentecapto, defende que na música experimental contemporânea “é praticamente obrigatório imitar peidos, seja mediante o emprego de instrumentos musicais ou do famigerado aparato eletroacústico”. E, por mais estranho que te pareça as palavras são “ipsis verbis” as do próprio. Beethoven, que foi muito cedo considerado louco, é um menino do coro se comparado com a criatura de que agora falo.
No seu plano de uma nova música para infantes e adolescentes o maestro Dante Mantovani, aparece no Facebook a dirigir um coro onde o próprio acrescentou a legenda “canto gregoriano em latim para crianças, é nisso que acredito”.
Poderia, minha querida Berta, escrever mais uma boa meia dúzia de páginas com as alegações do alegado energúmeno, portador de uma deficiência mental obstrutiva crónica no que ao raciocínio e à inteligência diz respeito, pois que este é o animal que afirma que o fascismo é uma política de esquerda e que as “fake news” são uma conceção globalizante para impor ao povo a vontade da imprensa.
A Funarte, que gere os recursos do Brasil para as Artes, atrás referidos, está, como vês, entregue a este espécime de bípede, de mentalidade anterior aos nossos hominídeos de Neandertal.
Tenho pena de ver um país, que adoro, nas mãos desta gente nefasta, perigosa e absolutamente desprovida de senso comum, de sentido de história, de hombridade, de decência humana e de sentido crítico e criativo, apenas preocupados em evangelizar com um populismo que roça o <<non sense>>, da pior maneira possível, um povo alegre, feliz e maioritariamente crente no bem.
Atribuir a direção da Funarte a este louco maestro popularucho é o mesmo, que nós poderíamos fazer, se entregássemos as comemorações do 25 de abril a André Ventura. Um absurdo sem nome, nem classificação. Não sei como o meu povo irmão se vai livrar destes alegados percevejos, porém, com a máxima urgência, algo terá de ser feito.
Despeço-me tristonho e saudoso. Recebe um beijo deste teu amigo,