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Alegadamente

Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente correto.

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Carta à Berta nº. 670: As Coisas de que Eu me Lembro - II...

Berta 670.jpg Olá Berta,

Esta é, minha querida, a segunda carta sobre as coisas de que eu me lembro. Desta vez a história passa-se em 2012. Lembras-te do tempo em que o Governo teve a ideia peregrina de fechar a Maternidade Alfredo da Costa? Pois é, governava Pedro Passos Coelho e o Presidente era Cavaco Silva. Julgo, embora sem certezas neste campo, que a ideia era gerar riqueza, não pelo que na altura se soube na imprensa, mas pelo negócio que se fazia nos bastidores, à porta fechada, longe das luzes da ribalta.

Foi no tempo em que se organizavam manifestações contra o anúncio do Estado de que a MAC (Maternidade Alfredo da Costa) ia fechar que eu tive, através de uma das minhas fontes, que existia um enorme negócio escondido e secreto relacionado com o fecho da MAC. Essa negociação, cara confidente, iria levar cerca de um ano a ser concretizada de acordo com o plano que, à época, me foi revelado.

A ideia peregrina, amiguinha, era composta por diferentes fases. Em primeiro lugar anunciava-se que a MAC estava obsoleta, ultrapassada e que era demasiado caro e complicado requalifica-la. Para isso apareceriam, conforme aconteceu, uns ditos especialistas a opinar sobre o assunto, na comunicação social. Diriam que a MAC tinha sido muito importante, mas que a sua continuidade era impossível devido às dimensões da maternidade e aos custos em causa.

A segunda fase era lançar uma campanha favorável ao fecho das instalações por já não conseguir servir condignamente a população de Lisboa. Falava-se numa poupança anual de 10 milhões de euros. Com efeito, minha amiga, quase o conseguiram. O Governo não contava era com a imensa contestação que a medida apresentada levantou. De todo o lado apareceu gente contra a medida. Afinal, diziam, a MAC era um símbolo de importância relevante para os lisboetas e, em última análise, para o país.

Uma imensidão de personalidades públicas, nascidas na MAC, juntou-se aos contestatários do fecho da maternidade, e a contestação marcou fervorosamente a atualidade não apenas nas televisões e na imprensa escrita, mas em manifestações e protestos furibundos contra o encerramento da velha instituição. As pessoas, Bertinha, não apenas a população em geral, mas um cada vez maior número de personalidades, defendiam a manutenção da MAC custasse e que custasse.

A abertura de mais uma frente, descontente com o Governo, em tempos de Troica, acabaria por ditar o fim da medida, até porque muitos especialistas começavam a pôr em causa a avaliação apresentada pelo Estado sobre a real situação da MAC. Por fim, querida amiga, foi anunciado que a instituição ia continuar aberta e que um novo estudo seria feito para estudar uma futura reabilitação. Se houve uma vitória de que Lisboa se pode orgulhar, em tempos de Troika, foi esta. Nenhuma outra se lhe compara.

Todavia, Berta, eu fiquei a saber, de fonte que julgo ser segura, pois estava envolvida no processo, qual era a fase três, pensada pelo Governo. A ideia era vender a MAC, um ano depois do seu encerramento, a Angola, como forma de rentabilizar e angariar algum capital com uma infraestrutura encerrada e a perder valor. O Estado angolano tinha manifestado interesse na aquisição da Maternidade Alfredo da Costa, para ter na Europa uma maternidade topo de gama para uma parte da sua elite.

Atualmente, minha querida, eu só posso afirmar que tudo isto é alegadamente verdade. Mas já não o posso provar porque a minha fonte faleceu recentemente. Mas fica, de qualquer modo o registo de como politicamente se fazem as coisas. Deixo um beijo de despedida, deste teu amigo de todos os dias, porque vida é assim,

Gil Saraiva

 

 

 

Carta à Berta nº. 642: Cavaco e a Semente do Mal - Parte II/II

Berta 642.jpg

Olá Berta,

Na conclusão da carta anterior, querida amiga, recordo ainda os insultos do senhor Silva, que se mantiveram até ao fim do seu infame discurso de ódio, como se atreve o homem que defendeu Ricardo Salgado e o BES, enquanto, à socapa, salvava o seu dinheiro, de vir falar em mentir aos portugueses. Nem dá para acreditar ou tentar levar o discurso como algo de sério.

Estas acusações precisam de provas, caríssima, e não é por serem ditas da boca seráfica de uma múmia paralítica que se tornam verdade. Não é preciso muito para se descobrir que o homem “que nunca se engana” está redondamente enganado ou a mentir, ele sim, pérfida e descaradamente no seu discurso verborreico.

Afinal, Berta, ele está a falar de um Governo e de um Primeiro-Ministro que nos tirou do estrangulamento das medidas estranguladoras de Passos Coelho e da Troika, voltando a repor o subsídio de férias e o de Natal e que acabou com a sobretaxa.

Mas também é o meu Governo que superou uma pandemia nunca antes vista e uma guerra na Europa, como já não se via desde os anos quarenta e que, ainda por cima, foi capaz de fazer baixar a dívida pública e fazer subir o PIB em índices superiores aos do resto da Europa. Para mim, amiguinha, Aníbal Cavaco Silva é a Semente do Mal, tem mau fígado e piores vísceras.

Porém, Berta, recordo ainda os insultos do senhor Silva, que se mantiveram até ao fim do seu infame discurso de ódio, quando falou de outros dois primeiros-ministros socialistas: “O governo de António Guterres deixou o país no pântano. O governo de José Sócrates deixou o país na bancarrota. O governo de António Costa vai deixar ao próximo governo uma herança extremamente pesada”.

De uma assentada, cara amiga, o repelente Conde Drácula junta o atual Secretário Geral da Organização das Nações Unidas com Sócrates, um Primeiro-Ministro que ainda está para ser julgado, substituindo-se à justiça e cuja bancarrota não passou do resultado da Assembleia da República o ter derrubado a meio do seu segundo mantado.

Sim, porque Aníbal, o manipulador de focas, considera, Bertinha, que o atual líder do PSD está: “tão ou mais bem preparado” do que ele próprio quando governou (aí até acredito), afirmando que o PSD é: “a única alternativa” ao Partido Socialista (o que só nos pode fazer rir).

Mas o vampiro também acha, minha querida, que: “O doutor Luís Montenegro tem mais experiência política do que eu tinha quando eu subi a primeiro-ministro em 1985, e está tão ou mais bem preparado do que eu estava.”, (mais uma vez, sou levado a crer que a falsa modéstia do Conde, nos quer fazer acreditar que ele fez um bom trabalho, mas a esse respeito nem preciso de me preocupar, a História ocupar-se-á de provar mais um dos seus muitos enganos).

Sem se rir, doce amiga, mas com a mesma boca seráfica, ouvimos Cavaco afirmar: “o PSD é inequivocamente a única, verdadeira alternativa credível ao poder socialista” que, segundo o mesmo, é suportada por: “oligarquia que se considera dona do Estado”.

Num Estado de Direito, minha querida, onde existisse respeito pelas instituições, um ex-presidente não devia poder dizer isto impunemente, a não ser num espetáculo de “stand up comedy” para surdos.

Contudo, Berta, a múmia considera ainda que Luís Montenegro: “tem identificado bem o adversário político do PSD: o PS e o seu Governo”, enquanto acusa os socialistas de terem posto: “o país na trajetória de empobrecimento e de profunda degradação da situação política nacional”.

Também escutámos a múmia paralítica, minha cara, a dizer que: “É no governo socialista que o PSD deve centrar a sua atenção. Não deve dispersar energias com outros partidos, nem responder às provocações que deles possam vir, assim como de alguns analistas políticos”.

Nestes dois últimos parágrafos a ignominia vem barrada de infâmia, numa altura em que a dívida pública desce aceleradamente, em que o desemprego perde a sua vertente vertiginosa e em que o PIB sobe de forma consistente. Mas o pior, Berta, é ouvir o vampiro a aconselhar Montenegro a não divulgar acordos com outros partidos, antes de conseguir o poder.

O pedido do Chacal (outro bom nome para o sujeito), minha cara, para o atual líder do PSD não responder a comentadores, que para Montenegro seria uma virtude, foi uma das queixas que o canídeo apresentou contra António Costa no seu discurso. Mas no senhor Silva dar o dito por não dito é política corrente.

Avançou ainda, Bertinha, o viperino que: “é totalmente falsa a afirmação de que o PSD não tem apresentado políticas alternativas ao poder socialista… o PSD é a única opção credível para todos os que queiram libertar Portugal de uma oligarquia que se considera dona do Estado”.

Por fim, qual Oráculo do Apocalipse, o Conde Drácula anunciou que considera excelentes os “programas bem estruturados” referidos pela presente liderança do PSD, atrevendo-se a deixar alguns conselhos e sugestões, terminando dizendo: “Na minha opinião, o PSD não deve cometer o erro de pré-anunciar qualquer política de coligações tendo em vista as próximas eleições legislativas. Se o PS, que está em queda, não o faz, porque é que o PSD, que está a subir, deve fazê-lo?”.

Ora, querida confidente, provavelmente, Aníbal, sem o saber, está gravemente afetado por alguma espécie pouco estudada de Alzheimer. Como é possível afirmar que Montenegro apresentou qualquer programa, ainda para mais bem estruturado, quando a realidade demonstra o contrário?

Como pode a múmia paralítica, Berta, tentar elevar o valor político do Luís se a sua oposição se resume em dizer mal do PS, ajudado pela comunicação social, sem ter um plano, uma visão ou sequer uma estratégia?

É triste reconhecer a senilidade de Cavaco, aos 83 anos, mas ela é uma realidade, espero que na hora da partida algum padre exorcista lhe retire do corpo, de uma só vez, o chacal, a múmia paralítica, o Conde Drácula e os demos todos que fizeram da sua alma uma estalagem para o mal. Deixo um beijo,

Gil Saraiva

 

 

 

Carta à Berta nº. 641: Cavaco e a Semente do Mal - Parte I/II

Berta 641.jpgOlá Berta,

Eu sei que te prometi falar de João Galamba ontem ou hoje, minha querida. Só que algo surgiu no panorama político nacional há dois dias atrás. Um senhor de avançada idade, a quem só faltam os dentes de vampiro, apareceu viperino, minha querida, com uma verborreia própria das múmias do Antigo Egipto, a proferir profecias maléficas e insultuosas contra António Costa e logicamente contra o PS.

Ora, quando as trevas se levantam no horizonte luso, há que comentar, vou fazê-lo em duas cartas porque uma seria demasiado extensa. Pese embora a minha humilde opinião, não passe disso mesmo, minha amiga, isso não quer dizer que o meu alegadamente, não possa vir a provar-se como algo absolutamente correto.

Pode não ser fácil quando apelido Cavaco de vampiro ou de múmia paralítica, mas isso, Bertinha, não pretende ser factual, apenas procura representar o que me faz sentir quando o oiço, como sempre, revoltado contra quem está no poder, que não seja ele mesmo.

Aliás, minha amiga, nem sequer tem a ver com o facto de o homem já ter 83 anos, porque há muita gente dessa idade sem um décimo do fel que, para mim, esse “Velho do Restelo” consegue produzir.

Para além disso, cara amiga, também não me considero culpado por comparar a sua lividez, hostilidade e forma quase esquelética, à de um vampiro ou de uma múmia amaldiçoada do Antigo Egipto.

Se o casaco de Cavaco Silva tivesse as abas elevadas em torno do pescoço, seria quase como olhar para o próprio Conde Drácula, em pessoa, bastava enquadrá-lo num castelo medieval, à luz das velas, aparecendo por detrás de uma porta empoeirada, cheia de teias de aranha ou a emergir, no escuro de uma cripta, de um caixão forrado de veludo bordeaux, envergando o seu tradicional sorriso seráfico, não te parece, amiga? Mas isso é apenas culpa minha e da fértil imaginação que possuo a funcionar.

Tenho dúvidas, doce confidente, que Cavaco alguma vez tenha conseguido amar alguém que não o venere na cripta sombria onde descansa, não sei a que horas, entrapado pelas suas vestes de múmia a que certamente chama de pijama.

O Presidente que aconselhou os portugueses a investir no BES, enquanto ele retirava de lá as suas economias, quando já sabia que o banco ia colapsar, acusou no sábado o primeiro-ministro, António Costa, de perder a sua autoridade, dizendo que, por vezes, os primeiros-ministros “decidem apresentar a sua demissão” devido a “um rebate de consciência”, coisa que o próprio não sabe em que consiste, nem para que serve, Berta.

É claro, para mim, minha cara, que se Lucifer quisesse arranjar um representante seu na Lusitânia, só poderia ter escolhido o Aníbal.

Se tivesse optado por Salazar, minha querida, teria perdido tempo, o homem já era mau por si mesmo, e não o escondia de ninguém.

Já, por outro lado, amiguinha, o Diabo escolher André Ventura, seria outro insulto para os infernos, pelo pouco significado do sujeito em si.

Porém, Cavaco, Bertinha, serviria como a acha perfeita para a fogueira, escondido no seu seráfico sorriso donde não vem ponto sem nó.

A múmia paralítica disse, minha cara, e cito: “Em princípio, a atual legislatura termina em 2026. Mas às vezes os primeiros-ministros, em resultado de uma reflexão sobre a situação do país ou de um rebate de consciência, decidem apresentar a sua demissão e têm lugar eleições antecipadas – foi isso que aconteceu em março de 2011”.

Ora, neste tom inocente, perfeitamente seráfico, Berta, o senhor Silva está a comparar Sócrates com António Costa, como se fossem ambos farinha do mesmo saco. É verdade que foi Ministro no Governo de Sócrates, mas também muitos outros que nada sabiam sobre a vida pessoal do então Primeiro-Ministro.

Assim sendo, como é que alguém totalmente desprovido de “consciência” consegue usar a palavra “consciência” sem que lhe caiam os dentes todos ou sem que os olhos lhe saltem das órbitas, isso é inexplicável para mim, minha cara, e um dos mistérios deste ser nefasto residente num mundo pérfido e oculto.

Cavaco Silva falou no fecho do 3.º Encontro Nacional dos Autarcas Social-Democratas, em Lisboa. Numa verborreia cínica sobre a governação socialista, chamando-a de “desastrosa”, defendendo que o primeiro-ministro “perdeu a autoridade” e que, amiguinha, “não desempenha as competências que a Constituição lhe atribui”.

Olha quem fala! Afinal, estamos perante o homem que “nunca se engana e raramente tem dúvidas”. Se António Costa tivesse perdido a autoridade aceitaria a demissão de João Galamba e, aí sim, não teria desempenhado as competências que a Constituição da República Portuguesa lhe atribui, que te parece, amiga? Para desgosto do senhor Silva, que teve de dar posse ao primeiro Governo de Costa, isso não aconteceu.

O Conde, minha querida, vai ao ponto de, no seu inqualificável discurso de ódio, palavrear que o Governo de Costa não passa de: “um somatório desarticulado e sem rumo de ministros e secretários de Estado, incapaz de lidar com a crispação social e os grupos de interesse, a sua tendência será para distribuir benesses e comprar votos e para despejar dinheiro para cima dos problemas e não para preparar um futuro melhor para Portugal”.

Este é o mesmo homem que mandou construir um mamarracho junto aos Jerónimos, em vez de tentar fazer baixar uma inflação, na altura, quase o dobro da atual, conforme te deves lembrar, minha cara.

Este, que foi o Primeiro-Ministro das autoestradas e do betão, em tempos em que os juros bancários em Portugal batiam recordes nunca mais superados no país, tem a desfaçatez, Berta, de proferir enormidades como se estivesse, como outros, a comer um gelado Santini.

Todavia, caríssima, as acusações do vampiro foram ainda mais longe, segundo ele o PS “passa a vida a mentir” e “nunca desceu tão baixo”. “Ainda se pode acreditar num o Governo que passa o dia a mentir?”, chegou a perguntar.

Afirmando ainda, Berta, que este Governo é perito em: “Mentiras, propaganda e truques.” E ainda que: “O Governo é um vazio. A palavra socialista é apenas um slogan. A ação do PS resume-se a manter-se no poder e controlar o Estado sem olhar a meios.”, e mais: “Este Governo é uma oligarquia que se considera dona do Estado”.

Os dois últimos parágrafos são tão nojentos, negativos, macabros e viperinos que apenas merecem desprezo total e absoluto. Concluirei na próxima carta, minha querida. Beijo,

Gil Saraiva

 

 

 

Carta à Berta nº. 282: DGS - Livro - O diário Secreto do Senhor da Bruma - II - Abordagens Sobre a Burrice (continuação - II - 7)

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Olá Berta,

Hoje apetece-me desabafar. Tu sabes que eu sou jornalista há várias dezenas de anos. Isto para te dizer, minha querida amiga, que é difícil convencerem-me a aceitar tapar o Sol com a peneira, como se tudo estivesse bem e fosse normal. Efetivamente assim não é.

Este meu desabafo vai ocupar um pouco mais esta carta e, por isso mesmo, peço desculpa por deixar menos espaço do que o costume ao Diário Secreto do Senhor da Bruma. Com efeito assim será nos próximos dias. Depois de deitar cá para fora o que me vai na alma, fica descansada que retomarei a normal publicação do diário.

Deves estar-te a perguntar sobre que tema é que eu sinto necessidade de dizer algo. Pois bem, Berta, estou a falar da transparência. A famosa regra de verdade do Ministério da Saúde e da Direção Geral de Saúde é uma total fraude, quer o Presidente da República ou o Primeiro-Ministro digam o inverso, quer não.

O que se passa é que a DGS anda, desde o primeiro momento, a esconder os factos à população geral. Tratando-se de uma pandemia, a importância da presença dos médicos e dos organismos de saúde pública deveria ser primordial. Contudo, quando observamos os apoios reforçados pelo orçamento retificativo ao setor da saúde pública a realidade não chega sequer ao milhão de euros.

Contrariamente outros setores foram reforçados na ordem das dezenas de milhões. Mas o que é que isto significa na prática? Significa que continuará a ser deficiente em larga escala o reforço do pessoal encarregado de fazer o mapeamento das cadeias de rastreamento dos contaminados, quanto a novos focos e às suas possíveis ramificações na sociedade.

Mas há mais. Porque é que o povo, toda a população, não tem acesso aos dados por freguesia se os mesmos estão acessíveis na DGS? Eu sou tentado a apostar que a razão tem a ver com a manipulação da informação. Repara que só hoje, depois dos protestos de várias autarquias, foi feito um novo acerto global ao número de mortos e dos contaminados em Portugal. Pedimos prudência aos cidadãos, mas não os informamos com clareza como vão os casos na sua própria freguesia de residência, como defendem os especialistas de saúde pública.

Marta Temido, Graça Morais, Jamila Madeira são apenas 3 dos rostos da dissimulação na DGS e no Ministério da Saúde. Atualmente deixaram de se revelar o número de testes feitos ao dia. Revelam-nos uma ou duas vezes por semana, continuamos sem saber como a pandemia se desenvolve na nossa porta, não nos explicam, nem assumem, o fracasso total das medidas de desconfinamento, nem sequer nos dizem porque falhou o rastreamento dos novos focos. Globalmente a transparência só existe nas palavras.

Esperemos que este setor endireite rapidamente as políticas que tem vindo a seguir e que corrija, a tempo, os erros do passado de uma vez por todas. O que se passou até aqui já não importa mais. Como se diz no diário que tenho vindo a revelar-te, minha amiga, para trás mija a burra. Importa é que realmente se chegue a uma política de verdade. Desabafo feito, regressemos à análise da burrice:

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II

Abordagens sobre a Burrice (continuação - II - 7)

Março, dia 13:

Mas há outras explicações dentro do largo espetro da aprendizagem, inteligência e sabedoria dos asnos. Analisemos mais uns quantos destes provérbios de 4 patas, relativos ao tema. Mais vale burro vivo do que sábio (ou letrado) morto, ou seja, o animal prefere não saber, ou fazer de conta que não sabe, e, com isso, sobreviver, inversamente a correr riscos por mostrar que até sabe umas coisas, o mesmo explica o dito: antes burro vivo que doutor morto. Pondo a conversa no domínio dos humanos é o mesmo que dizer: mulher sem emprego, do marido não conhece amantes, ou seja, bem-aventurados sejam os que passam por pobres de espírito, que é a velha máxima da igreja levada a um outro nível.

Março, dia 14:

Já o ditado: burro velho, mais vale matá-lo que ensiná-lo, parece significar que não vale a pena ensinar um animal depois de este já ter os hábitos formados. Enquanto, este outro: o burro do meu vizinho só sabe o que lhe ensino, o que diz bem da manha do jumento em seu proveito próprio. Porém, burro carregado de livros é um doutor, explica como se pode tentar viver de aparências para subir de estrato social. Contudo, há quem refira que este provérbio é dedicado a Miguel Relvas e à sua formação académica, certamente um boato infundado que nada tem a ver com o dito cujo ou com qualquer outro lambe-botas da política, tipo aquele fulano que tornou o queijo limiano conhecido de todos os portugueses.

Março, dia 15:

 Burro calado, sabido é (ou por sábio é contado), é algo bem mais profundo, trata-se da velha máxima do segredo ser a alma do negócio, umas vezes, ou, em outras, o silêncio ser de ouro, enquanto a palavra é de prata apenas. O caso de Tancos e o que Ministro da Defesa, à época, sabia ou não sabia sobre a manhosa devolução das armas é disso bom exemplo. Todavia a expressão burro velho não aprende (ou não aprende línguas), aponta outros caminhos. Veja-se o caso humano passado com Cavaco Silva, o homem viveu os seus 20 anos de poder rodeado de corruptos, malandros, ladrões e vigaristas, contudo, apesar disso, já não estava em idade de aprender os ofícios, pelo menos a crer na sua própria palavra. Já a citação: burro que a Roma vá, burro volta de lá é o mesmo que dizer que ver o papa não torna ninguém santo, muito menos se estivermos a falar de Pinto da Costa, pois que, apesar de tudo o burro não é tão burro como se pensa.

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Por hoje, minha querida amiga, fico-me por aqui. Espero que estejas bem agora que entraste em férias e estás no local ideal para as aproveitar bem. O Algarve é um excelente local para se estar no verão. Despeço-me com um beijo amigo, este que está aqui para o que der e vier,

Gil Saraiva

 

 

 

Carta à Berta nº. 136: Série: Quadras Populares Sujeitas a Tema - 22) Santo António do Beijinho

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Olá Berta,

Tudo serve, a alguns grupos noticiosos do nosso Portugal, para tentar despertar, e trazer para a ribalta, as múmias nacionais do nosso passado recente ou nem tanto. Ainda estou a tentar entender se esta espécie de exorcismos se fica a dever a um interesse político determinado e orientado propositadamente por esses grupos ou a qualquer outra razão mais obscura. Como sempre, minha querida, tudo o que aqui escrevo não pode sair do domínio do alegadamente, porque, para isso, precisava de outros recursos, que já não possuo, para poder sair deste enquadramento.

Porém a questão pode ser, inversamente, a preocupação de voltar a vender mais exemplares das suas publicações, uma vez que, na época em que esses espécimes existiram, enquanto seres alegadamente vivos e pensantes, deram provas excelentes no que economicamente importa, isto é, relativamente, aos resultados das vendas nas bancas de jornais e das subidas de audiências televisivas.

Aqui há dias atrás foi a vez de uma voz indignada, qual múmia de um distante passado além político (graças aos céus), vir a público botar discurso. Como por assombração, Cavaco Silva, que regressou das masmorras do arquivamento político, assombrou-nos para se insurgir contra a eutanásia.

Podes pensar que estou a exagerar, mas o “Tutáskakon” nacional até uma profecia arrastou para os microfones, com a sua voz de ido que não sabe que já foi, eu recordo-te as palavras da maldição:

 

“…a decisão mais grave para o futuro da nossa sociedade que a Assembleia da República pode tomar”. E depois a profecia: “…abrir uma porta a abusos na questão da vida ou da morte de consequências assustadoras”.

Tenho todo o respeito por homens de 80 anos, mas, quando digo respeito pelos homens refiro-me aos vivos. Agora, zombies, mortos-vivos e "políticos-levados-ao-colo-por-Balsemão", não entram no grupo desses valorosos séniores. Aliás, nos meus tempos de jornalista de investigação, escutei mais do que uma vez Francisco Balsemão, outra múmia das catacumbas, afirmar que elegia presidentes. Foi verdade com Cavaco e depois alargou o seu mágico poder das trevas à cadeira de Primeiro-Ministro, com a invenção macabra do “Frankenpassos Rabitelho”, que nos trouxe a santa inquisição “troikiana”.

Mas voltemos aos despertares de seres do além político, mais uma vez o expresso e a SIC (porque será que este grupo consegue manter, com tanta facilidade, aberto este portal oculto com os politicamente acabados? Cheira a bálsamos macambúzios, à mão esquelética de um Balsemão de 82 anos que resiste, por força da poção mediática da influência de massas, a descer os degraus escorregadios de esquecimento anunciado que tarda em efetivar-se.) trouxeram à luz noticiosa a opinião do “Frankenpassos” para vir uivar aos microfones um suposto ajuste de contas com António Costa. Se quiseres, minha amiga, podes ler tudo no expresso online, mas é mais do mesmo, são as tortuosas mentes de uma direita esclerosada a tentarem profetizar e provar que a razão lhes assiste, mesmo depois de condenados ao esquecimento.

Em resumo, o que eu gostava de saber é o que significam estas aparições, seguidas e bem planeadas, destes mumificados dejetos da política nacional? O que está por detrás de assombrações cirúrgicas como estas? Serão as autárquicas, prepara-se algo para as presidenciais? Alguma coisa está para acontecer. Esperemos sentados, de arma com balas de prata numa mão e um cinturão de alhos na outra.

Tinha-te dito que estavam terminadas as quadras sujeitas a mote. Contudo descobri nos meus arquivos umas que ficam bem neste conjunto.

Série: Quadras Populares Sujeitas a Tema - 22) Santo António do Beijinho.

 

Santo António do Beijinho I

 

Beijo, que é Stº. António,

Dia 13, sexta-feira,

Que o santo do matrimónio,

Não vai cair da cadeira.

 

Santo António do Beijinho II

 

Beijo nesta lua cheia,

Noite de marchas e festa,

Que beijar não dá cadeia,

Se for dado assim na testa.

 

Santo António do Beijinho III

 

Beijo p’ra a doce menina,

Dado com muito carinho,

Que o santo não se amofina,

Nem vai fazer beicinho.

 

Gil Saraiva

 

E assim me despeço, com um abraço carinhoso e muito apertado, este teu amigo de sempre,

Gil Saraiva

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