Carta à Berta nº. 647: O Predador que Invadiu Portugal em 2007 Contra-Ataca
Olá Berta,
Espero que esta carta de encontre bem depois do teu longo cruzeiro à volta do mundo. Se nos escrevêssemos por correio eletrónico não teríamos estado tanto tempo sem desabafar, mas, como ambos decidimos manter a tradição, estas coisas acontecem. Aproveito o teu regresso para te avisar sobre essa terrível espécie invasora que ameaça invadir o país de uma forma avassaladora já no próximo ano.
O animal, amiguinha, apareceu em Portugal em 2007 e logo aí gerou a extinção de uma outra espécie que, devido à forte implementação deste novo bicho, desapareceu por completo. Dizia-se na altura que era normal, que estava de acordo com a Teoria da Evolução das Espécies, com os escritos de Darwin e que pouco havia a fazer.
Afinal, era a lei do mais forte a substituir e a aniquilar o mais fraco. Dizia-se à época, Bertinha, que o bicho aparecera devido às alterações climáticas e que era uma consequência das mesmas, absolutamente inevitável. Rapidamente, qual praga, num só ano, alastrou pelo país qual réstia de fogo que se propaga em palheiro.
Os custos consequentes provocados à população nacional rapidamente se fizeram notar, não eram muitos os que conseguiam ficar imunes às despesas provocadas pelo animal. Porém, Berta, só aqueles que conseguiam abater a espécie de que o monstro se alimentava se viram livres dele.
O bicharoco, amiguinha, não é tão nocivo como um seu parente, bem mais antigo, que foi detetado em França pela primeira vez em abril de 1954 e que rapidamente invadiu o mundo, tornando-se numa das piores pragas da civilização e que hoje é considerado impossível de erradicar, porém, o animal de que falo, tem evoluído muito rapidamente,
O predador, minha querida, tem vindo a mudar de hábitos ao longo destes 16 anos. No início atacava mais afincadamente e de preferência, provocando mais danos, as mais fortes criaturas domésticas de que se alimentava, com especial incidência nas mais novas e tenrinhas, acabadas de nascer. Mas em 2024 a praga promete devorar as vítimas mais velhas e fracas, com pior voracidade do que o que faz com as mais novinhas. Para o ano, ou os donos abatem previamente os animais de que o predador se alimenta ou ele ataca todos os que vê pela frente, sem ter qualquer piedade pelos mais idosos e menos resistentes, onde ameaça ser fatal.
O bicharoco francês de que te falei há pouco, minha amiga, é conhecido em Portugal pelo nome de IVA e está em toda a parte, atacando tudo o que vê pela frente. Já o animal que apareceu no país em 2007, dá pelo nome de IUC, e só ataca veículos foi ele que extinguiu o ISV. Agora promete devorar avidamente os mais velhinhos e pode vir a causar uma extinção em massa de muitas das relíquias de um passado ainda não muito antigo. Tudo para fazer face, dizem eles, às alterações climáticas.
E é assim, amiga Berta que, por hoje, me despeço de ti. Tem cuidado com os bichos papões e troca de carro que o teu é uma relíquia de 1984, senão o IUC vai dar cabo dele e das tuas finanças. Deixo um beijo muito saudoso,
Gil Saraiva