Carta à Berta: Benfica da Glória à Tristeza
Olá Berta,
Hoje começo o dia tristonho. O Benfica, o meu clube do coração, voltou a perder mais um título para o FCP. Já não bastava a triste figura de Bruno Lages no final do campeonato, com a substituição manhosa por um desconhecido, como, para terminar o ano futebolístico em beleza, depois de oferecermos o campeonato ao Porto, ainda lhes entregamos de bandeja a Taça de Portugal. A jogar contra 10, numa atuação miserável da nossa parte.
Parabéns aos vencedores das 2 competições, pois que a sorte protege os audazes, disso não tenho a menor dúvida. Não é que o Porto tenha feito muito melhor do que o Benfica, porém o que fez foi suficiente e isso diz tudo. O meu clube perdeu em toda a linha. Perdeu a garra, a vontade, o espírito.
Acaba o ano sem conseguir levar a cabo a operação preparada para a bolsa de valores, perde o treinador em desgraça, promove um treinador de segunda categoria, vai parar (com o seu presidente junto) ao banco dos réus da justiça, contrata um treinador para a próxima época que eu jamais queria voltar a ver na Luz (independentemente de ele poder vir a ganhar seja lá o que for) e termina a lançar umas camisolas para a próxima época que desrespeitam, em absoluto, as cores e a matriz benfiquista com os emblemas em dourado e preto ou em prateado e preto.
Com efeito, sem saber como, descubro que o Benfica está de luto. A morte do espírito da águia até pode ser uma ilusão destes tempos de Covid, mas não é desculpa para nada. Os outros também tiveram a pandemia e o mesmo tipo de problemas.
Tristemente, nada me parece desculpar todo o sucedido. Nada não. Talvez a soberba. Quem é religioso considera-a um pecado mortal. Quanto a mim, bem… para mim, foi um sentimento fatal.
Espero que o Benfica volte à glória e só um evento me fará dar atenção ao Benfica no ano futebolístico que se avizinha: estou a falar da contratação de Cavani. Se este facto terminar em mais um logro, restar-me-á apoiar o regresso do Farense à Primeira Liga. Uma equipa da terra onde vivi a infância e a juventude. Viva o Farense.
Despeço-me com um beijo tristonho, minha querida amiga. Hoje seria um bom dia para ir jantar fora contigo e rir-me um pouco com a tua boa disposição, mas estás longe, e a possibilidade não existe. Até amanhã, mais um beijinho deste teu amigo,
Gil Saraiva