Carta à Berta nº. 666: Morreu Alain Delon
Olá Berta,
Hoje, envio-te a minha mais profunda homenagem a um “Sex symbol” dos anos 60 e 70 do cinema francês. É verdade, morreu Alain Delon, um ícone ímpar do cinema. Aos 88 anos apagou-se pacificamente um dos heróis da minha infância. Como nunca tive vergonha de chorar quando o momento assim o pede, as várias lágrimas que me fugiram do olhar vieram-me da alma, naturalmente, enquanto, minha querida, lia a notícia online.
Não sou muito de acreditar em coincidências, Bertinha, mas é um facto que Alain Delon, faleceu depois de ter participado como ator em 88 filmes aos 88 anos. Para os que têm menos de 40 anos de idade, provavelmente, a notícia trágica vai-lhes passar ao lado. “Quem era esse homem? Foi ator? Interessante…” dirão, por desconhecerem completamente este ícone fundamental da história do cinema.
A culpa não é das gerações mais novas, nada disso, amiguinha, foi noutro tempo, e os Cornos de Cronos são mesmo assim, o deus do tempo não perdoa e tenta apagar da memória coletiva os grandes protagonistas da civilização. Mas os que partem, e que foram maiores do que eles próprios em tempos passados, podem ser esquecidos pelo coletivo popular, mas ganham um trono de ouro no Olimpo dos Imortais. O seu registo é preciosamente guardado nos arquivos de quem preserva a virtude humana.
Para os que nasceram entre os anos 50 e 90, Alain Delon, não morreu, apenas mudou de dimensão. Está agora no mural dos eternos. E com esta homenagem me despeço, querida Berta, recebe um beijo deste teu amigo de sempre,
Gil Saraiva