Carta à Berta n.º 573: Ucrânia / Rússia - O Império Russo ao Ataque!
Olá Berta,
Falava-te ontem que a Rússia podia invadir a Ucrânia, com efeito a guerra teve o seu início esta noite pelas três da manhã em Portugal, cinco da manhã na Ucrânia, com a Rússia a atacar com misseis e artilharia cidades como Kiev, Kharkiv, Mariupol e Odessa, para além do sueste do território ucraniano nas províncias cuja independência foi validada pela Rússia.
O ataque a um estado soberano por parte da Federação Russa evocando o artigo 57º da Carta das Nações Unidas é do maior ridículo possível, um país não pode atacar outro declarando que se está apenas a defender.
De uma forma ou de outra a guerra começou. A frota naval ucraniana no mar negro já foi neutralizada pelos russos. O aeroporto de Kiev foi evacuado depois de ser atacado com misseis russos e na Ucrânia decretou-se a Lei Marcial.
Uma vaga de ciberataques faz-se neste momento sentir por todo o território ucraniano. Para além de um conflito aceso na fronteira da Ucrânia com a Bielorrússia, são sete horas e sete minutos em Kiev e já tocam na cidade as sirenes que ordenam a ida da população para os abrigos, com o fim de se protegerem de possíveis ataques russos.
António Guterres, enquanto secretário geral da ONU, já condenou o ataque russo, considerando-o de inaceitável.
Mariupol é neste momento zona de guerra e Odessa sofre o mesmo destino. Para além destas cidades e de Kharkiv e Kiev, outras localidades onde as forças militares ucranianas estão concentradas, estão igualmente sobre ataque.
A guerra anunciada começou. E não são os comunistas que atacam, a Rússia de hoje já não é comunista, são os autocratas de uma ditadura totalitária com visão imperial. Resta saber se os ataques visam a ocupação total da Ucrânia ou a colocação de um governo fantoche em Kiev ou, ainda apenas, só mais um passo na demarcação da posição russa face à Ucrânia e ao Ocidente.
O certo, minha querida amiga, neste século XXI, é que a Europa está de novo em guerra. Os Estados Unidos desta vez tinham razão em fazerem deste conflito uma guerra anunciada. No momento em que te escrevo a população de Kiev procura refúgio nos dois mil e quinhentos búnqueres instalados na cidade, muitos deles sem condições para funcionarem como abrigos atualmente.
Certo é que os ataques russos nestas três primeiras horas têm sido cirúrgicos, visando apenas alvos militares. Toda a aviação no país está desativada e as viagens na Ucrânia estão interditas. As aulas das escolas foram suspensas, passando o país, no seu todo, a ter apenas ensino online. É terrível ter de reconhecer, minha amiga, que a guerra voltou à Europa.
Poderás acompanhar nas televisões o evoluir de toda esta situação. Resta-me desejar que tudo não passe de mais uma afronta russa e não o princípio do fim da independência da Ucrânia. Despeço-me com um beijo, este teu amigo,
Gil Saraiva