Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente
correto.
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Este capítulo sobre a burrice do Diário Secreto do Senhor da Bruma era, pensava eu, para ser algo mais curto do que o capítulo anterior, contudo, perante a realidade, começa é a ser difícil descrever tanta burrice que, entretanto, encontro por todo o lado. Só frases, expressões, ditados e outras verborreias sobre burros e burrices são às paletes. De longe, sem qualquer dúvida, muito mais do que aquilo que eu imaginava. Finalmente, quando penso que estou a terminar, lá aparece mais uma, depois outra e mais outra, enfim…
Todavia, não pretendo esgotar o tema, nem acho que mesmo que quisesse o conseguiria fazer. Porém, já que comecei, pelo menos as expressões mais usadas no nosso falar quotidiano pretendo deixar aqui registadas. Pode ser que tu, minha amiga te lembres de mais, não tem mal, por esta amostra já fica uma ideia. Mas vamos ao assunto, que se faz tarde:
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II
Abordagens sobre a Burrice (continuação - II - 6)
Março, dia 8:
Mais uma vez este burro figurativo, que aqui representa quem trabalha, vem em defesa dos direitos dos trabalhadores dedicados, erradamente apelidados pelo patronato de burros. O próprio provérbio é disso prova. O povo pode estar calado, mas tem a perfeita noção da sonegação dos seus legítimos direitos. A necessidade de ter de trabalhar, consoante os conhecimentos e as profissões que se conseguem, não confere a quem o faz o estatuto de burro. Pelo menos não o deveria conferir. Classificá-lo como tal é não apenas um ato de puro xenofobismo laboral, como um comportamento fascista perante o trabalho de um patronato sem valores.
Março, dia 9:
Os trabalhadores podem ser apelidados de jumentos, mas a verdadeira “jumentude” encontra-se nas classes superiores sempre preocupadas em esmifrar os animais, quer isto lhes agrade quer não. Por exemplo o tal de Ventura que já aqui referi, diz que pretende uma polícia forte para proteger e dar segurança ao povo, mas, se alguém tiver o azar de olhar para debaixo do tapete são os dólares e os euros dos mandantes quem realmente esfrega as mãos de satisfação. Todavia, às vezes, tramam-se porque o povo junta umas ortigas ao capital.
Março, dia 10:
Aprendizagem, inteligência e sabedoria nos provérbios sobre o equídeo:
No ditado “quando um burro fala (ou zurra, dependendo da versão), os outros abaixam as orelhas” embora o entendimento seja imediato quanto ao sentido, depois, ao olharmos cuidadosamente para as palavras, a coisa fica mais confusa. Não é burrice os burros que escutam baixarem as orelhas? Não as deviam empinar para escutarem o homónimo? Será que eu sempre entendi o dito inversamente ao seu sentido? Afinal, o que um burro diz não deve ser escutado?
Março, dia 11:
Fica a reflexão, pois não me parece que exista uma solução fácil para tão profundo paradoxo. Alguns comentadores entendem que provavelmente o cavalicoque (outro sinónimo de asno que, entretanto, descobri) profere apenas asneiras o que obriga as outras pilecas (mais um sinónimo desencantado) a baixar as orelhas para evitar escutarem. É do conhecimento corrente que o último asno que tentou tapar as orelhas com os cascos posteriores acabou por terra com o monumental tombo que, por via do exercício, quase lhe foi fatal.
Março, dia 12:
No entanto, provavelmente, se quando um burro fala os outros baixam as orelhas, também pode ser por incredulidade dos outros jericos, afinal o burro costuma apenas pensar e não é muito dado a falatório, basta lembrar o provérbio “a pensar morreu um burro” (ou “a julgar”, segundo algumas fontes). O que pode não indicar que asno que é asno não pensa e se pensa demora tanto tempo a fazê-lo que, entretanto, morre. Ainda existe a possibilidade do quadrupede ficar a pensar sobre o que há de pensar, sem que nenhum pensamento lhe ocorra, enquanto pensa nisso, nunca se sabe…
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Hoje, quando vi nas notícias que o Tribunal da Relação confirmou a condenação de João Rendeiro, o ex-presidente bancário do ex-BPP, com 5 anos e 8 meses de prisão efetiva, dei comigo a pensar que posso muito bem ser mais burro do que julgava.
João Rendeiro, um ano antes de ter sido acusado, foi capa das principais revistas e jornais nacionais, nelas aparecia como sendo o homem do ano, um dos melhores banqueiros de sempre na banca portuguesa. Ora eu, como tantos outros papalvos deste país, engoli as excelências e respetivas competências do homem como sendo verdadeiras. As publicações ligadas às finanças, aos negócios e ao capital não podiam estar todas enganadas. Contudo, afinal, estavam mesmo. Redondamente enganadas.
É claro que Rendeiro deve recorrer mais uma vez para o Supremo Tribunal. Ao fim ao cabo, enquanto o pau vai e vem, folgam as costas… e o burro que o confirme. Entretanto, se alguma vez a condenação chegar, naquela altura em que não há mais para onde recorrer, pode ser que o referido acusado já se tenha posto ao fresco, para um qualquer sonhado paraíso onde continuará a rir dos asnos que logrou vezes sem conta. É que o acusado não está sujeito a nenhuma medida coerciva que o impeça de se pôr a milhas se, quando a coisa estiver para acontecer, achar que vai mesmo ser condenado.
Enfim, querida Berta, burros somos nós que vivemos na pacatez da nossa vida de remediados. Despeço-me de ti com um beijo virtualmente saudoso, até amanhã e, já sabes, se precisares o teu amigo está sempre ao dispor.
São muitos os ditos sobre a burrice e os burros nas expressões utilizadas na língua de Camões. Cada um deles, contudo, parece querer ajudar os asnos humanoides a seguirem novos caminhos e a abandonarem a carneirada acéfala que segue modas e campanhas publicitárias, líderes populistas e outros chupistas.
Não se trata de defender nenhuma moral oculta, mas sim, de combater a burrice generalizada que se espalha mais rapidamente que vírus em dia de festa clandestina. Um alastramento ventoso por entre as multidões de seres que julgam que o pensamento e o livre arbítrio, são termos bonitos para constarem na Wikipédia ou em livros, nunca lidos, que lhes enfeitam as prateleiras das salas em suas casas bonitas e ocas, porém na moda. Mas é tempo de dar continuidade ao Diário Secreto do Senhor da Bruma, ainda sob a alçada do segundo capítulo:
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II
Abordagens sobre a Burrice (continuação - II - 5)
Março, dia 4:
Analisemos agora o provérbio “a ferramenta é que ajuda, não é o pisco em cima da burra”. Com efeito, sejam os alforges colocados no animal, para que ele transporte o que necessitamos, os arreios e demais preparos, para que puxe uma carroça ou, talvez, um arado para que lavre a terra, sejam outros exemplos do mesmo género, são tudo coisas, instrumentos ou ferramentas que possibilitam que o burro cumpra o seu propósito. Já o pássaro em cima do lombo ou perto das orelhas do animal, que dedicadamente vai devorando carraças e carrapatos, apenas o alivia a ele e pouco proveito direto representa para o dono do bicho.
Março, dia 5:
Aliás, na perspetiva do burro, o pisco, embora sendo um pássaro de tamanho diminuto, é muito mais importante do que todas as ferramentas que o seu proprietário possa arranjar para que ele cumpra uma tarefa. Mais uma vez o burro, ao representar a classe trabalhadora, serve para ilustrar a consideração que proprietários, chefes e empresários costumavam ter sobre quem para eles trabalhava, ou seja, nenhuma ou, praticamente, nenhuma. Se o pisco representa o cuidador personalizado importa mantê-lo e premiá-lo.
Ao fim e ao cabo, a ferramenta não ajuda o burro, inversamente prejudica-o, obriga-o mesmo a trabalhar sem o querer fazer e ao melhorar-lhe a produtividade também aumenta a sua exploração por parte do proprietário, patrão ou superior hierárquico. Eu cá sou pela liberdade dos burros e por um sistema de saúde digno. Vivam os piscos.
Março, dia 6:
Há que dar, contudo, valor ao povo que num simples provérbio punha a nu a injustiça do tratamento que recebia, ficando sempre remetido à categoria de burro, mesmo nunca o tendo sido. É por estas e por outras que depois, a dada altura, o copo deixa de encher, para, na mais pequena gota extravasar. É assim que surgem os dias das revoluções. Muitas vezes, o burro não é tão burro como a conta que dele faz o seu dono. Coisas da vida. Viva o 25 de abril. Viva a revolução. Vivam os asnos.
Março, dia 7:
Já o ditado “há falta de um grito, morre um burro no atoleiro” tem outro intuito. Com efeito, o zurrar destes animais não atinge os decibéis necessários para servir de alarme. O provérbio assiste na explicação que grandes tragédias acontecem pela falta de precaução ou medidas simples de segurança. Ora, fala-se na morte do jerico, e não de outro animal, para dizer que apenas um idiota não se previne e protege devidamente. Se a pessoa é burra e não são os seus pedidos de socorro que a podem ajudar numa situação de perigo, então, o local, o transporte, a casa ou o posto de trabalho têm de estar apetrechados com os meios preventivos necessários para que uma situação de perigo seja evitada.
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Conforme podes observar, pela foto que hoje ilustra a tua carta, o asno encontra-se pequenino, em segundo plano numa prateleira, quase abandonado à sua sorte, enquanto eu apareço armado em Moisés, saído de um banho de vitamina D da varanda das traseiras, onde o Sol se mantém firme e quente entre as 2 e as 7 da tarde, porque isto de viver confinado não me pode impedir de tratar devidamente da saúde.
Como sabes, depois dos meus AVC de 2019, regressou o ataque da vesícula em 2020, após 3 anos de pausa, penalizada por não me ser possível uma operação, relegada para uma suspensão quase permanente, enquanto o coronavírus se passeia alegremente pelo nosso Portugal e brinca às escondidas com a ilustre Direção Geral de Saúde e o respetivo Ministério da Saúde.
Um Ministério cheio de estrelas e de gente que gosta de se ver na televisão, seja Marta Temido, Graça Freitas ou aquela alegada baronesa das olheiras permanentes, vinda de Alte, do Algarve, uma tal de Secretária de Estado Adjunta e da Saúde, Jamila Madeira, filha do grande barão algarvio do PS, Dom Luís Filipe Madeira, que, embora tenha formação em gestão e mestrado em finanças, fala de saúde com a pompa e circunstância com que os burros olham para os palácios, ao fim do dia, quando a noite chega, para que a ignorância não salte à vista.
Mas chega de choramingar o meu estado de saúde. É o que é e, se tudo correr sem muitos mais incidentes, no final, espero que essa saga termine positivamente. Por hoje, este teu grande amigo, despede-se de ti, querida Berta, enviando um fino e requintado beijo postal, pois que através destas cartas nos comunicamos. Conforme sabes, estou sempre ao dispor para o que necessário for,
Espero que estejas a gostar deste novo capítulo. Conforme já te contei, na minha opinião a burrice deriva de um somatório de fatores. Por um lado, temos a questão hereditária contra a qual pouco se pode fazer, contudo, por outro lado, com alguma atenção e muito foco, é possível minimizar o impacto genético. Para isso é preciso combater os comportamentos de carneirada ou rebanho, evitar seguir modas, populismos ou tendências que aparentemente fazem as pessoas sentirem-se integradas. É falso!
Com efeito, esses procedimentos ajudam à instalação de elevados índices de burrice e estupidez e ao apurar do embrutecimento do individuo que, sendo burro à partida, deixa de pensar por si para seguir a manada. Contrariar essas atitudes é meio caminho para uma vida mais feliz e com menos ódios e melhores parâmetros de felicidade e alegria. Mas continuemos, pois, a nossa abordagem sobre a burrice:
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II
Abordagens sobre a Burrice (continuação - II - 3)
Fevereiro, dia 22:
No âmbito estritamente nacional há quem procure incluir o populista Ventura na categoria dos asnos, mas, indevidamente. Não existe falta de inteligência na alegada e imensa cabeça narcisista de André. Aí, apenas se encontra uma suposta aptidão rara para o oportunismo lucrativo, um invulgar dom que é difícil de desenvolver num supremacista branco demasiado vaidoso para cortar o cabelo. Aliás, eu, no lugar dos portugueses, não me preocupava com o líder do CHEGA, para quem o espelho e a sua própria imagem são possivelmente bem mais importantes que qualquer ideia. A perfeição do nó da gravata em Ventura tem uma relevância que nunca poderá ser batida por qualquer das suas ideias políticas, as quais, segunda as más línguas, vão e vêm ao sabor das manadas de asnos que lhe admiram a camisa imaculada, o casaco fechado a preceito ou o corta-palha aberto, na medida certa, para cobrar alguns dividendos publicitários à Colgate.
Fevereiro, dia 23:
Se querem chamar algo ao André, chamam-lhe “pastor belga”, ele parece atuar como qualquer bom cão pastor que reúne a carneirada e os asnos que a seguem na sua cerca de populismo narcisista, comodista, oportunista e bem engomado. Não restam dúvidas que Ventura é um animal, pode não ter a inteligência e a sagacidade de um “border collie”, mas de burro não tem nada mesmo, a não ser as hipotéticas palas que o impedem de tirar os olhos da sua imagem no espelho.
Fevereiro, dia 24:
No provérbio “burro que é burro é um animal sem chatice, nem sabe o tamanho da sua burrice”, de minha autoria, podemos verificar a gravidade da situação. Não tendo conhecimento das suas limitações o asno nada faz para as minimizar. Ora, é possível diminuir o grau de gravidade e o nível de burrice de um individuo, mas, somente, se disso ele tiver alguma consciência.
Fevereiro, dia 25:
A mula, seja ela uma fêmea ou um macho, é o animal que resulta do cruzamento de um burro com uma égua. Ora, a existência dos tais movimentos feministas, que incentivam este tipo de cruzamentos dentro da esfera humana, estão a gerar cada vez mais bestas, que, na realidade, são um sinónimo de mulas. Graças aos grandes progressos da genética e da evolução do conhecimento da esterilidade, muitas destes novos indivíduos já não nascem estéreis, como antigamente acontecia, estando a surgir cada vez mais casos de seres destes em segundas e terceiras gerações de descendência. O resultado é o do aparecimento crescente de um número substancialmente maior de bestas quadradas: as mulas ou bestas de segundas ou mais gerações.
Fevereiro, dia 26:
A besta quadrada, é muito mais difícil de ajudar no que à burrice diz respeito. Se a besta simples, a chamada mula de primeira geração, já era, por si só, mais resistente a tratamentos do que o comum jerico, por associar com mais facilidade a burrice com a teimosia, uma caraterística inata das mulas, imaginem o grau de inoperância de uma besta quadrada no que à aprendizagem e tratamento da burrice diz respeito. Pior, a besta é mais resistente e fisicamente mais forte do que o jumento, além de ter mais facilidade em executar tarefas pesadas com um muito menor esforço, o que leva à criação dos chamados “paus mandados” ou “paus para toda a obra”. Se ampliarmos estas caraterísticas para a besta quadrada é fácil pensar nas consequências.
Fevereiro, dia 27:
Analisando seriamente estes cruzamentos de asnos com éguas (mais conhecidas no universo humano como libertinas ou meretrizes), estamos a permitir a criação de indivíduos sem princípios morais, extremamente teimosos, por vezes bastante musculados e detentores de um grau de burrice muito desenvolvido.
A situação só não é mais grave porque os bardotos ou as bardotas, ou seja, os filhos resultantes de cruzamentos de cavalos, também apelidados de garanhões ou cavalões, com burras, está morfologicamente mais delimitado, principalmente, devido ao tamanho que os fetos podem atingir no ventre das fêmeas jumentas.
A quantidade de abortos destes cruzamentos é imensa e, a esmagadora maioria, resulta em nados-mortos. Os abortos que sobrevivem são aqueles seres conhecidos, na gíria humana, pelos verdadeiros abortos. Mesmo assim, ainda aparecem bastantes, na sociedade contemporânea.
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Podia, minha querida amiga Berta, dar-te aqui vários exemplos dos abortos públicos, que abundam na nossa sociedade, porém, a exposição dos casos não traz grandes benefícios. Apenas torna mais alerta o bando de cretinos a que me refiro. Dito isto, está na altura deste teu amigo se despedir com um beijo ameno e desejar-te um bom dia de verão, parto saudoso da tua companhia, sempre disponível para o que quer que seja,
Depois do intervalo, na carta de ontem, regresso hoje ao Diário Secreto do Senhor da Bruma. Hoje para entrar numa temática um pouco sensível: a burrice. Sim porque se há coisa que não falta, pelo contrário abunda é gente burra neste nosso globo. Por incrível que possa parecer estes burros de cariz bem humano ocupam todo o planeta e falam, cada um em seu celeiro, todas as línguas conhecidas, pese embora o facto de cada um só falar a sua e pouco mais. Mas são efetivamente uma imensa maioria.
Atenção que ao escrever-te isto não estou a querer insultar ninguém. As pessoas são o que são, umas evoluem enquanto outras não, e, nem sempre, são culpadas da sua tendência flagrante para a asnice. Mas voltando aos jumentos, é hora de analisar o tema:
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II
Abordagens sobre a Burrice
(início - II - 1)
Fevereiro, dia 11:
Convém esclarecer, logo à partida, que ninguém é burro porque quer. Se a tendência gritante da humanidade para a asnice fosse uma opção, então ela já estaria extinta.
Nota: Não se deve ler de seguida o parágrafo da listagem que se segue no dia 12. Seria uma burrice. (aqui apenas pretendo deixar registado, para minhas futuras consultas, a lista quase exaustiva dos sinónimos que eu encontrei nas buscas efetuadas. Mais à frente tentarei fazer o mesmo usando, porém, os termos brasileiros).
Fevereiro, dia 12:
Sinónimos de burro, nominais ou figurativos na língua portuguesa:
Ninguém tem especial prazer em reconhecer que não passa de uma besta quadrada, de um verdadeiro asno, de um grande burro ou, simplesmente, de uma mula. Se pensarmos um pouco no assunto é normal. A burrice, seja qual for o seu grau, não só não dá currículo, como não ajuda nada no desenvolvimento pessoal e apenas se demonstra útil para aqueles que normalmente gostam de seguir a carneirada. Não se sabe a origem, mas é um facto que, todos os tipos de burros, têm um gosto especial pelos carneiros e seus rebanhos. Há quem defenda que os níveis intelectuais os aproximam mais do que as diferenças morfológicas os afastam. No entanto, não há certezas.
Fevereiro, dia 14:
Está, contudo, provado que a burrice não é uma mera condição hereditária. No final destes últimos anos do primeiro quartel do século XXI já sabemos, inclusivamente, que existem vários fatores externos ao individuo burro que contribuem sobremaneira para o seu desenvolvimento, disseminação e expansão exponencial. Os primeiros grandes contribuintes são, logo à partida, a sociedade e os países, com cada Estado a tentar convencer os seus cidadãos que as regras, leis e ordem do território são premissas inquestionáveis. O mesmo acontece com a religião, a filosofia, o associativismo e a política, só para abordar alguns dos gigantes.
Fevereiro, dia 15:
Todavia, o século passado juntou alguns ingredientes indispensáveis à massificação do idiota, quero dizer, do burro. Entre eles a rádio, a televisão, o cinema e todos os meios de comunicação do telefone aos telemóveis, até à internet e aos jogos eletrónicos. Depois somou-se-lhe a publicidade e a moda, e, já no nosso século, a globalização à séria, o capital desregulado, as redes sociais e a desinformação descarada. Um caldo perfeito para o mundo civilizado poder ser alarvemente invadido por gente burra.
Fevereiro, dia 16:
Estamos na era do asno moderno, mas que permanece em total negação da sua absoluta burrice. No final do segundo milénio era comum escutar provérbios sobre o assunto que sugeriam coisas do género: “À primeira cai qualquer, à segunda cai quem quer e à terceira só cai quem é burro”. Ora, esta fraseologia está totalmente obsoleta. O burro moderno cai logo à primeira e o mais espantoso, dizem alguns teóricos da burrice, é que muitos deles já nem caem, atiram-se.
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Mais uma vez não tenho remédio e já me estou a alongar na minha carta. Terás de reconhecer, amiga Berta, que a burrice é um tema fascinante. Contudo, amanhã também é dia. Despede-se este teu saudoso amigo, com um beijo, sempre ao dispor, caso seja necessário, e com um sorriso nos lábios