Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Alegadamente

Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente correto.

Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente correto.

Carta à Berta nº. 163: Série "Os Segredos de Baco" - X - Os Apelos do Vinho - Parte I - Os Apelos Sensoriais

Berta 140.jpg

Olá Berta,

Estava na altura de te continuar a enviar os eventos de 2019, mês a mês. Estou a falar daqueles que foram acontecendo no meu bairro. Contudo, acho que os 3 primeiros meses que recebeste ter-te-ão dado uma boa noção de como as coisas iam acontecendo por aqui. Assim, e porque se tornava algo repetitivo, cancelo definitivamente essa revisão do ano passado no bairro. Vou continuar, porém, a minha epopeia pelo mundo do vinho. Essa sim, é bem mais interessante. Conforme reparaste troquei a ordem das duas últimas cartas. Esta era para ter seguido ontem e a outra só deveria ter ido hoje. Mas não importa muito, o conteúdo não muda, que é o que interessa.

Cheguei finalmente nesta divagação sobre os “Segredos de Baco” aos apelos, ou seja, aquilo que quase subliminarmente é usado pela indústria do vinho para nos transportar para o seu mundo, sem que para isso nos convoque diretamente para a sua causa. Os exemplos que apresento não são para ser lidos todos e servem apenas para ficares com uma ideia.

B) Os 10 mandamentos do vocabulário, nomenclaturas e terminologia nas garrafas de vinho. Os Grandes Apelos do Vinho.

Parte I: A Humanização Civilizacional: Apelos de Natureza, de Terra, de Local, de Nome e, finalmente, na busca das sensações primeiras, os Apelos Sensoriais.

1) Apelo à Natureza:

Detalhe Hídrico, Detalhe Geográfico, Mineral. Na senda da segurança na familiaridade de zonas de regresso à nossa primitividade e pré-história, realçando a importância dos solos, dos terrenos e da flora, apelando para as coisas naturais em que relaxamos, por isso o uso de determinadas palavras.

Exemplos: Campo, Costa, Coutada, Encosta(s), Monte(s), Monte Branco, Monte Maior,  Vereda(s), Termo(s), Planalto, Serra(s),  Estanho, Ferrugento, Cal, Curva, Curvos, Vale, Valle, Hermo(s), Penedo(s), Prata, Bronze, Ouro,  Tapada, Terraços, Fundação, Lagoa, Lagos, Rio, Foz, Ribeirinho, Ribeiro, Fonte, Fontanário, Fontão, Poças, Esporão, Além Tanha, Tejo, Mondego, Douro, Guadiana, Terras do Sado, Arouce, Tua, Flor do Tua, Pinhal, Penha, Ermo(s), Leira, Mouchão, Carvalhais, Serrado, Pomares, Planura, Madrigal, Chã, Chão, Cumeada, Serra Brava, Primavera, Granja, Herdade, Quinta, Terra(s), Terras de Xisto, Sem Terra, Folhas, Urze, Península, Passarinhas, Lagar Velho, Meda, Espinhosa, Montanha, Brolhas e Mato(s).

2) Apelo à Terra e à união em torno dela:

Detalhe Geográfico para o lazer ou para o trabalho, normalmente sujeito a intervenção humana e ainda atividades e coisas ligadas à terra. Procura-se dar chão, criando terrenos familiares e bucólicos, onde o conforto se instale, nestas escolhas de palavras ligadas à aquisição e ao que é nosso e por nós foi moldado e vergado à intervenção árdua a que nos propusemos.

Exemplos: Calços, Cerrado, Chã, Charneca, Colheita,  Terra(s), Terras do Demo, Terras do Pó, Terras do Minho, Terra Franca, Terras do Sado, Terras do Suão, Tapada, Terraço(s), Cortes, Adega, Adega Cooperativa, Vila, Vinha(s), Vinhedos, Vallado, Granja, Cebolal, Outeiro(s), Espargueira, Leira, Panca, Bica(s), Ponte, Pegões, Esporão, Barca, Nora, Passadouro, Fontão, Fonte, Fontanário, Cachão, Corga, Herdade, Granja, Pomares, Coutada, Casaleiro, Casal, Quinta, Ramada, Barrocão, Monte Real, Tanoeiro, Nave, Praça, Mó, Primavera, Caves, Palma, Espinhosa, Planura, Machados, Campo, Marachas, Cascas, Termos e Pombal.

3) Apelo a um Local:

Região, Especificação do Local, seja ele o nome da região, da terra ou mesmo da quinta ou da herdade. A ideia é gerar proximidade, noção de conhecimento, de empatia, eliminando fatores de incerteza ou falta de conhecimento. Assim, facilmente, encontramos nomes de certos lugares que se tornam ou pretendem tornar icónicos, incontornáveis e imortalizados pela fama.

Exemplos: Pancas, Lagoalva de Cima, Arrancosa, Borba, Piornos, Alqueve, Cadaval, Vila Nova de Foz Côa, Sobral, Coelheiros, Monte da Cal, Rabaçal, Palmela, Trogão, Alandroal, Cebolal, Folgorosa, Calços do Tanha, Pias, Arrochais, Melgaço, Beira, Carvoeira, Covilhã, Cadaval, Infantado, Vilarinho dos Freires, Freixo de Espada à Cinta, Santar, Barca d'Alva, Fundão, Foz de Arouce, Tramagal, Salgueiral, Sanguinhal, Lixa, Cantanhede, Crasto, Lourosa, Castro de Pena Alba, Cova da Barca, Lagoa, Mealhada, Souselas, Vilarinho do Bairro, Redondo, Granja, Reguengos de Monsaraz, Alcoentre, Torres Vedras, Lagos, Barcelos, Tomar, Cambres, Lamego, Favaios, Mesão-Frio, Minho, Ponte da Barca, Santa Marta de Penaguião, Monte Real, Labrugeira, Távora, Valpaços, Bombarral, Marvão, Alijó, Sangalhos, Fornos, Meda, Vila Real, Almeirim, Lisboa, Portalegre, Arruda dos Vinhos, Mangualde e Pegões.

4) Apelo ao Nome:

Nomes usados na própria designação do vinho ou no rótulo, sejam eles profissionais e especializados, seja a passagem para as garrafas do nome próprio e do apelido dos seus proprietários ou criadores. Trata-se sempre da busca pela glorificação de algo seja a Especificação do Enólogo ou a Individualização do Produtor entre outros. Tudo na procura de uma proximidade quase que familiar que conforte o consumidor ou que lhe ofereça confiança e cumplicidade. Assim podemos encontrar na rotulagem das garrafas nomes que anseiam pela imortalidade impressa na rotulagem, todavia, poucos o conseguem.

Exemplos: Eugénio de Almeida, Vaz de Carvalho, Dom Teodósio, Lima Mayer, José Gomes da Silva, De Filipa, Gilda, Paulo Laureano, Vítor Horta, Miguéis, Acácio, Nunes Barata, S. Sebastião, Howard'S Folly, Athayde, Horta Chaves, António Caetano de Sousa, Faria Girão, Sancho Uva, António Bernardino P. da Silva, Mário Nuno, Jaime Cardoso, José Bento dos Santos, João Abrantes, Eduardo Loureiro, João Barbosa, Gabriel Dias, Ferreirinha, Olazabal, Montez Campalimaud, José Carlos Pinto, Eduardo Seixas, José Joaquim da Silva Perdigão, Comendador Delfim Ferreira, Julian Reynolds, Manuel dos Santos Campolargo, Barão Rodrigues, Miguel Torres, Manuel Joaquim Caldeira, António Bonifácio, Marcolino Sebo, Maria Irene Costa, José Carvalho, Rebelo Lopes, Zé da Leonor, Mendes Pereira, Jorge Rosas, José Maria da Fonseca, Garcia Pulido, Xavier Santana, Maria Hermínia Paes, João Portugal Ramos, Abel Pereira da Fonseca, António Pires da Silva, Santos Lima, Filipe de Brito, Maria Teresa Rodrigues, António Rocha, A. Henriques, Brites Aguiar, Alexandre relvas, Macário de Castro Valdigem, João Pombo, Sampaio e Melo Cabral, Maria del Carmen Martinez Touro, Santos Jorge, Maria Adelaide Melo e Trigo, José Soares Albergaria, Isabel Juliana, Ermelinda de Freitas, Emili Antónia Reynolds, Sofia Vasconcelos, Antónia Adelaide Ferreira,  Manuel Poças Júnior,  e Carvalho Ribeiro e Ferreira, etc..

5) Apelos Sensoriais:

Detalhe que nos provoca uma sensação, um sentimento, uma recordação experimental, que nos aproxima do vinho pela proximidade dos termos, comuns no nosso quotidiano como, por exemplo, uma Flor, uma Árvore, um Animal, um Odor, uma Essência ou uma Imagem. Uma Casta também pode trazer esse apelo (Dois exemplos de Castas: Syrah, Touriga Nacional - consultar as principais castas por região). Em resumo, buscam-se palavras que nos ajudem os sentidos na procura de emoções.

Exemplos: Aniversário, Primavera, Maio, Feijoada, Barricas de Carvalho, Carvalho, Romeira, Oliveira, Cedro, Couquinho, Hortências, Bágeiras, Aciprestes, Pera, Buganvílias, Cerejeiras, Pinheira, Espinho, Zimbro, Pinhal, Pombal, Raposinha, Lobo(s), Grilos, Chitas, Merino, Perdigão, Falcão, Abibes, Raposa, Gaivota, Charneco, Porca, Pato, Passarinhas, Periquita, Pego(s), Ferreira, Ferrugento, Galera, Colares, Ira, Amigos, Grande Encontro, Fulgor, Pecado Capital e Volúpia.

Por hoje é tudo, despeço-me com carinho e, também, com um beijo e um abraço forte, recebe-os sorrindo, se forem do teu agrado, este teu grande amigo,

Gil Saraiva

Mais sobre mim

foto do autor

Sigam-me

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Em destaque no SAPO Blogs
pub