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Alegadamente

Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente correto.

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Carta à Berta nº. 123: Série: Quadras Populares Sujeitas a Tema - 13) O Ambientalista

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Olá Berta,

Terminou, organizado pela ARS alentejana, sob a égide do Serviço Nacional de Saúde, na Universidade de Évora, a Conferência Internacional – Envelhecer em Segurança no Alentejo. Compreender para Agir. Mas depois, mais especificamente, a temática perde o pendor regional que a embebia para se voltar para os problemas de como prevenir as quedas e a violência sobre idosos.

Devo confessar que quando li “Compreender para Agir” pensei orgulhosamente que estava, o nosso pouco abonado Serviço Nacional de Saúde, a investir realmente sobre uma região onde o idoso precisa efetivamente que se aja. Aliás, seria natural que a Conferência nos apresentasse um rumo, com diretrizes determinadas sobre como intervir no seio do Alentejo junto dos idosos, muitas vezes totalmente isolados e sem meios ou qualquer tipo de apoio. Após Conferência, portanto, veríamos o fruto dessa reflexão resultar em medidas concretas, a implementar pela Administração Regional de Saúde do Alentejo, no terreno.

Porém, enganei-me redondamente. No final do programa, uns dizeres, nas referências, incluíam a palavra FEDER. Foi aí que todo o meu castelo desmoronou. Aquilo a que pomposamente se chamara de “Conferência Internacional – Envelhecer em Segurança no Alentejo, Compreender para Agir”, mais não era que a reunião de algumas personalidades pagas a peso de ouro, por fundos comunitários, para se deslocarem a Évora e se ouvirem entre si, a falar sobre idosos. Pior, a parte do “Compreender para Agir” apenas serviu para uma apresentação por parte da ARS alentejana do que já estava previamente traçado para a região.

Assim sendo, não só não compreenderam as especificidades da realidade alentejana na terceira idade, como dali jamais resultará qualquer ação prática em benefício dos alentejanos, muito menos da sua população sénior. A batelada de euros gastos neste evento, pagamentos de participação aos ilustres oradores, mais deslocalização (incluindo deslocação, horas extras, compensações de interrupção do trabalho normal, entre outros extras que sempre se inventam) e ainda a hospedagem dos mesmos, para além dos fundos pagos à Universidade pela cedência de espaço, infraestruturas e staff, etc., serviu unicamente os interesses dos oradores e organizadores do evento.

Tudo bem pago pelos contribuintes europeus para botar discurso e se masturbarem mentalmente, em conjunto, numa orgia filosófica de grupo fechado. A minha revolta quanto a estas ações subsidiadas pelo tal de FEDER é tal que só me apetecia mesmo mandá-los a todos FEDER.

Desculpa o desabafo, minha querida amiga, mas este tipo de coisas, em que se usa uma população necessitada, para unicamente masturbar ilustres personalidades, irrita-me solenemente. Se querem bater uma ou duas que o façam na privacidade dos seus lares, sem recurso aos fundos de todos nós. É pornográfica toda a situação e, portanto, revoltante.

O melhor é regressarmos às nossas quadras sujeitas a mote e ao desafio que me lançaste. O tema de hoje é o ambientalista. Um mote muito em voga, na crista da onda, que muitas vezes serve mais interesses ocultos do que o ambiente em si. Mas vamos lá à minha quadra:

 

Série: Quadras Populares Sujeitas a Tema - 13) O Ambientalista.

 

O Ambientalista

 

Proteger o ambiente

Está na moda outra vez,

Mas ainda há muita gente

Que diz que faz, mas não fez.

 

Gil Saraiva

 

Com esta quadra me despeço, por hoje, com a mais elevada estima e carinho, este teu amigo do peito,

Gil Saraiva

Carta à Berta nº. 111: Série: a Arte de Bem Comer em Campo de Ourique. 2) Verde Gaio

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Olá Berta,

Sabes, coloquei ontem online, no Facebook, o primeiro restaurante dos que classifiquei, aqui do meu bairro. Ainda estou abismado com o número de pessoas que foram ler a minha opinião. Ao que parece não sou o único a gostar de comer e de ver o que os outros acham dos locais escolhidos. Fiquei bastante satisfeito. Aqui vai mais um do meu registo pessoal. Irei pôr até os que gostei menos, mas isso não quer dizer que sejam maus, apenas direi que, por um ou outro motivo, não se coadunam tanto comigo.

Série: a Arte de Bem Comer em Campo de Ourique.

2) Verde Gaio:

A melhor grelha a carvão de Campo de Ourique.

Quando falo em restaurantes familiares, minha amiga, estou logo a querer dizer que o local me faz sentir em casa ou que este é um ambiente acolhedor. Ora, no Verde Gaio, para além disso, a família faz realmente a diferença. O senhor Jorge é um especialista nos grelhados, a acompanhá-lo, na cozinha, a esposa dirige a equipa dos tachos e na sala o filho, Rafael, e a nora, Verónica, fazem as delícias de todos no simpatiquíssimo atendimento aos clientes. O restante pessoal varia mais, embora tenham tendência a ficar bastante tempo na casa. Chego a pensar que a comida é confecionada como se fosse para eles.

Sou um fanático, embora a preferência não seja muito ecológica, pela grelha a carvão. Normalmente, amiga Berta, corro o risco de comer as coisas secas e queimadas ou malpassadas e sem sabor. Porém, tal nunca me aconteceu no Verde Gaio. A mestria do senhor Jorge, nesse departamento, faz do restaurante um ponto de paragem obrigatório para quem vive ou passa por Lisboa.

Conforme já descrevi, aqui trabalham, lado a lado, marido e mulher, filho e nora, gente próxima da família e, mais raramente, um ou outro elemento mais afastado deste padrão. Mesmos os poucos desacatos familiares a que por vezes assistimos no espaço dão ao estabelecimento o seu ar mais genuíno e verdadeiro, marcadamente “made in Portugal”. Aliás, querida amiga, os pequenos conflitos são gerados pela razão última de fazer com que o cliente desfrute de uma refeição de topo, a preços que sempre nos parecem de promoção ou de saldos.

Um achado, dirão, por certo, os que o experimentarem pela primeira vez. Pena o orçamento não dar para cá vir todos os dias, pensarão outros. Mas passando à comida, ou seja, àquilo que realmente importa quando se pensa em comer fora. Imagina, minha saudosa amiga, uma paleta de tintas, com as mais variadas cores e tonalidades, com que um artista pinta um quadro. Agora, transpõe a paleta para a grelha e esta vira protagonista de relevo, de uma panóplia de sabores, para as tuas papilas gustativas.

Será escusado dizer que o peixe e a carne são sempre frescos e que se encontram bem expostos nas duas vitrines, logo na entrada do restaurante, quase parecendo sorrir para quem entra, acho que ias adorar o aspeto, Berta. Contudo, grelhar é uma arte e o maior segredo do Verde Gaio é a mestria do verdadeiro artista, o Grão-Mestre Grelhador, da Ordem Culinária da Antracite, o Mestre Jorge. Pode até parecer que me estou a repetir, mas há coisas cuja importância não pode ser descorada. Pois a verdade é que, para mim, esta é a melhor grelha de Lisboa, bem na frente do Mercado de Campo de Ourique, na rua Francisco Metrass, no número 18.

Como a casa também trabalha com a Uber, e os demais distribuidores, e com Take-Away, convém dizer que poderias, cara amiga, se não estivesses a morar no Algarve, fazer diretamente as encomendas pelo número de telefone 213 96 95 79 ou, em alternativa, para os diferentes canais de recolha. Como conselho, recomendaria que ligasses a saber quais são os pratos recomendados para o dia, pois poderias ter a sorte de apanhares umas deliciosas ovas cozidas ou uma garoupa, linguado, e muito mais, como bónus extra à ementa do dia-a-dia.

Embora já tenha referido alguns pratos, destaco, ainda, o melhor piano grelhado de Lisboa, quiçá do país, os legumes grelhados com broa de chorar por mais, peixe ao sal (desde que encomendado previamente), joaquinzinhos fritos, rins fritos ou grelhados, iscas de porco à portuguesa, franguinho frito à ribatejana, costeletas de porco preto grelhadas, robalos ou douradas ou salmonetes grelhados, salmão na grelha à posta, garoupa grelhada, bacalhau assado à lagareiro, lulas grelhadas, camarão na brasa, enfim, podia estar a escrever mais 2 páginas, Berta, que não terminava. Todavia, alguns dos pratos só existem quando o Mestre Jorge os arranja frescos, pelo que convém ligar a combinar previamente, certas iguarias mais especiais.

Destaco ainda as entradas e as sobremesas, com ameijoas à bulhão pato, cogumelos recheados, empadas de frango, de legumes ou de atum, entremeadinha frita, gambas fritas “al ajillo”, linguiça assada, mini alheira grelhada, rissol de camarão, morcela assada com laranja, ovos mexidos com farinheira, “pimentos padron”, paio do lombo fatiado, pica-pau, favas salteadas e até salada de polvo. Continuando para as sobremesas, para além da fruta da época, recomenda-se a sericaia com ameixa, bolo de bolacha ou de mousse, mousse de manga ou de chocolate, tarte de limão “merengada”, pudim de ovos e torta de laranja.

Tipo: Grelhados / Cozinha Portuguesa / Take-Away

Fecha: Domingo ao Jantar e Segunda

Preço: Acessível

Classificação no Género: 5 Estrelas

Sugiro ainda que se experimentem os vinhos tintos do Douro, Alentejo, Lisboa ou Dão, mas aconselho e destaco especialmente o Dão “Quinta de Cabriz” 2015, cuja garrafa sai a 9 euros. Tu ias adorar, Berta.

Bem, minha amiga, por hoje é tudo, despeço-me de água na boca, sempre saudoso, com um beijo, este teu eterno amigo de longa data,

Gil Saraiva

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