Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente
correto.
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Há quatro anos em plena pandemia escrevi-te mais uma das 45 cartas que nunca te cheguei a enviar. Ora, tenho estado calmamente a fazer essa atualização, revendo a correspondência e atualizando aquelas cartas que ainda merecem ser enviadas. Aqui vai mais uma dessas.
Em outubro de 2020 os voos no aeroporto de Lisboa estiveram reduzidos à sua menor dimensão em muitos anos. Foram tempos em que se sentiu a diferença entre o ruído causado e o descanso provocado pelas consequências da pandemia. Os voos no aeroporto de Lisboa diminuíram significativamente durante alguns meses.
Hoje, até já existe um movimento que apela ao silêncio, trata-se da plataforma "Aeroporto fora, Lisboa melhora". O direito ao descanso e ao silêncio tem vindo a ser fortemente reivindicado por este grupo e parece que a sua luta começa a dar alguns frutos. São pequenos passos, mas não deixam de ser relevantes.
Para já, parece que o Estado está disposto a ceder em alguma coisa e nesse sentido o Governo vai proibir voos em Lisboa entre a 01h00 e as 05h00. O ministro das Infraestruturas anunciou no passado dia 7 de novembro que vão ser proibidos os voos do Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, durante as 01h00 e as 05h00, após conclusões do grupo de trabalho sobre os voos noturnos.
Não é nenhuma lança em África, mas ao que parece o caminho é muito positivo. Vamos ver se realmente a Legislação vai contemplar, sem exceções, aquilo que foi prometido. Com efeito, Miguel Pinto Luz, foi ouvido na Assembleia da República, no âmbito da apreciação, na especialidade, dessa proposta incluída no Orçamento do Estado para 2025.
Segundo o mesmo ministro o Governo tem sido sensível aos protestos, organizados pela plataforma "Aeroporto fora, Lisboa melhora", que juntam cidadãos dos bairros do Areeiro, Alvalade, Campolide, Campo de Ourique, Camarate, Lumiar, São João da Talha, que marcam presença com cartazes e se fazem ouvir proferindo palavras de ordem gritadas contra a inação das autoridades.
Por outro lado a associação ambientalista Zero tem avançado com reiteradas denúncias de desrespeito dos limites previstos na lei referentes aos voos noturnos, que existe desde 2004, isto de acordo com uma portaria desse ano, onde está estabelecido o máximo de 91 movimentos aéreos semanais e 26 diários entre a 00h00 e as 06h00. Já houve tempos em que os voos autorizados nessas horas eram apenas de 5.
Pois é Berta, quanto a mim o que falta mesmo é verificar se o ministro, desta vez, cumpre o que prometeu. São só quatro horas de direito ao descanso, mas sempre é melhor que nada. A ver vamos, como diz o cego. Despeço-me com um beijo,
Hoje estou bem mais calmo. Já me passou a neura benfiquista. Por outro lado, este país continua, admiravelmente, a escapar, por entre os pingos da chuva, como se não fosse nada com ele, às maleitas do nosso mundo. Só mesmo por milagre é que se justifica ainda não termos infetados com o coronavírus, em Portugal. Basta pensar que só a região de Lisboa tem, por dia, em média, mais de 1200 novos turistas chineses. Ora, este número tão expressivo deveria constituir uma verdadeira ameaça no que concerne à propagação do vírus, mas não. Cá continuamos nós, alérgicos ao coronavírus, sem que a maleita nos invada a todo o gás.
Só de pensar no caos que é o aeroporto de Lisboa, me dão arrepios espinha abaixo se, valha-nos Nossa Senhora de Fátima (dirão os católicos), a pandemia chegar até ao nosso amado burgo. Por muito alerta que exista por parte das autoridades de saúde, uma chegada do vírus, via aeroporto, dificilmente seria travada e contida em tempo útil. Porquê? Porque simplesmente não existem condições. Em termos de ranking ocidental estamos em primeiro lugar e em terceiro, na lista dos piores aeroportos.
Acho que o que nos tem valido são as despistagens feitas nas partidas dos passageiros, principalmente os chineses, que para cá se deslocam.
Considero, muito sinceramente, que estamos perante uma bomba relógio. Ainda não aconteceu cá chegar um caso daqueles em que o vírus, na fase de incubação, não é detetado na origem, à saída. Quanto tempo durará essa sorte? Terá a Nossa Senhora mudado de poiso para os nossos aeroportos? Não vejo outra explicação e nem sequer sou crente.
Bem, pondo isso de lado e falando do teu desafio. O próximo assunto que escolheste para as quadras sujeitas a tema está mesmo na ordem do dia. Eu, não só consegui fazer a quadra, como tenho a certeza que se, as penas aplicadas aos prevaricadores pelos juízes, seguissem o meu conselho, quase que deixaríamos de ter violência doméstica em Portugal.
Série: Quadras Populares Sujeitas a Tema - 5) Violência Doméstica.
Violência Doméstica
Não devia ter casado.
Quem, na mulher, bate, em casa,
Talvez se fosse castrado,
Perdesse força na asa…
Gil Saraiva
Com mais este desafio superado me despeço, deixo-te um beijo saudoso e amigo, como sempre é meu hábito quando te digo até à próxima, o mesmo de sempre,
Espero que esta carta te encontre bem de saúde e com boa disposição. Escrevo-te para perguntar se sabes alguma coisa sobre as histórias que cercam o novo aeroporto do Montijo. É que eu só tenho apanhado coisas preocupantes, quer na imprensa, quer nas rádios e nas televisões. Sinceramente, já não sei em que acreditar. A ser verdade tudo o que se diz, António Costa avança a passos largos para o abismo. Uma obra desta envergadura, a correr mal, leva consigo muita coisa atrás, de tal forma que não sei se o Governo aguenta com a pancada.
A primeira coisa que ouvi foi acerca de um estudo profundo da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa sobre o impacto, em Portugal, da subida do nível das águas, que aponta, como primeiros pontos sensíveis em todo o território continental, as ilhas barreiras no Algarve e a zona de estuário do Tejo, onde deverá ficar localizado o aeroporto do Montijo. Entre os perigos apontados não constam apenas as possíveis inundações primárias na maré cheia, mas também a séria possibilidade de os locais ficarem submersos antes de 2050, o que, em ambas as situações, seria uma séria e grave calamidade.
Ainda na área do ambiente há um conjunto de especialistas a dizer que o estudo de impacto ambiental, e as soluções apontadas para o minimizar, não passam de meras compensações económicas, que, inevitavelmente, terão um efeito desastroso nas aves migratórias, que se servem do local como ponto de paragem, nos seus percursos sazonais, 2 vezes por ano.
Outros analistas avisam para o esgotamento funcional, do que se projetou, já para daqui a 15 anos; deixando o aeroporto, que ainda não foi construído, de dar resposta ao aumento de tráfego previsto. Para além desta trágica análise há ainda um aumento de 31 porcento de perturbação do sono e de incomodidade com o ruído, para os cerca de 100 mil residentes na área. Aumento este que somado aos problemas já existentes na zona pode tornar a vida destes habitantes num verdadeiro inferno.
Há ainda quem anuncie que o Governo parece ter desistido da criação da ligação ferroviária, entre o local e Lisboa, como no princípio aparecia anunciada, deixando em alternativa ligações rodoviárias de muito maior impacto e muitíssimo menos cómodas para os viajantes.
Também perturbador é o estudo onde se aponta, pelas caraterísticas do local, um significativo aumento de emissões de gases de efeito de estufa, derivados do tráfego aéreo projetado, cuja dissipação parece não ter solução. Aliás a Ordem dos Engenheiros lançou um documento de 26 páginas onde arrasa por completo a atual localização, alertando para um imenso conjunto de problemas, onde, para além de alguns já enunciados, se encontra a séria possibilidade de contaminação das águas do Tejo.
Pois é Berta, a situação parece próxima de um imenso caos e é bem capaz de poder vir a ser responsável por mais uns anos de instabilidade política, depois de concretizada. Ao que parece os estudos alternativos de Alcochete e Alverca, não só são mais viáveis e geram muito menos impacto, como são mais baratos, apresentam menos consequências e perigos e têm uma possibilidade de crescimento e longevidade que o Montijo não consegue apresentar.
Apesar, e para além, de todos estes factos António Costa, muito à semelhança de José Sócrates, parece estar votado a imitar a avestruz e a meter a cabeça na areia. A decisão é dada como irreversível e a coisa vai avançar quer a vaca tussa ou não. A arrogância e os ouvidos moucos já provaram, várias vezes no passado, não trazer nada de bom para os políticos que os adotam nem para as populações que são vítimas dessas teimas. No meu alegado entender caminhamos, a passos largos, para mais um desastre sério em Portugal.
Com alguma tristeza na alma me despeço. Diz-me o que pensas sobre o assunto, este teu amigo que não te esquece, um sempre saudoso beijo,