Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente
correto.
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Ainda te lembras do tempo em que se falava da chegada de uma tal de recessão? A conversa era, com os devidos acertos (com equivalências comparativas à da chegada da Elsa ou do ano de 2020 ir ser aquele com a maior carga fiscal, a atingir mesmo os 35 porcento de impostos), que tudo acabaria, em breve, no melhor dos modos.
Nesse tempo, corria o ano de 2008 (ainda te lembras?). Sobre ele passaram, quase, quase, 12 anos e, contudo, apenas as tempestades, as depressões e os furações ficaram limitados e confinados num prazo mais ou menos certo. Já as dificuldades dos povos tendem a instalar-se de pedra e cal, como se fossem construções para prevalecer e resistir. Foi assim com a recessão, continuou depois com a crise e está, neste momento, em vias de entrar aquela que é anunciada como a Maior Carga fiscal de sempre. São 3 maneiras diferentes de dizer que o cocó é o mesmo, o cheiro é que muda, talvez consoante a consistência ou o pacote em que vem embrulhado.
Voltemos atrás. Disseram-nos que ela chegara: a recessão. No entanto, se todos e cada um de nós, tivesse voto na matéria (sendo que eu votava sempre contra a chegada da anunciada) ela nunca teria vindo. Porém, segundo o Primeiro-Ministro da época, um tal de José Sócrates, garantia-se, nessa altura, que seriam tomadas todas as medidas para efetivamente acabar com a dita cuja ou, pelo menos, que a recessão, mesmo que viesse, não criaria raízes. Promessas leva-as o vento minha amiga, venham elas com a Elsa, o Fabien, ou outro qualquer.
O Governo, qualquer governo, fará como fez esse aos 4 mil imigrantes a quem vedou a entrada em Portugal e que repatriou nesses idos anos tristes. Apesar de todos os sinais o tal Primeiro-Ministro prometia à boca cheia que não tínhamos com que nos preocupar. Sócrates dizia que estava pronto para tudo.
O Povo também estaria, se ganhasse um décimo do que recebia o nosso Primeiro, quer em ordenado quer em ajudas de custo, carro, deslocações e subsídio de risco contra tomates podres, livros escolares, seringas “hipo-qualquer-coisa”, sapatos ou mesmo Ovos da Páscoa do ano de 2007.
Vejamos, estávamos à beira da deflação, os portugueses morriam menos 17 porcento em 2008 nas estradas portuguesas e a tendência era para continuar a cair (é giro ver esses sonhos agora, minha amiga), os combustíveis baixavam de preço, os juros desciam com a gorda da Eulibor a perder peso, a olhos vistos, para recordes nunca antes sonhados nos últimos dez anos, as prestações das casas decaíam junto da banca. Tudo fazia parecer ser impossível que algo de errado pudesse acontecer. Alugar ou comprar casa ou loja era mesmo bem mais barato nesse ano.
Por outro lado, o ordenado mínimo subiria o máximo, de uma só vez, em 2009 (não ouviste isso ainda este fim de ano?), o julgamento da Casa Pia chegava ao fim, a MediaMarket tinha saldos incríveis para os que não eram parvos, o Continente fazia 50 porcento de desconto em cartão da marca, a Banca recebia injeções do Estado contra a Gripe das Aves Raras, contra a Peste Suína do Capital, contra a doença das vacas loucas com os saldos e as promoções… Tudo isto, minha querida Berta, a fazer lembrar uma semana de “Back Friday” bem recente e atual.
Mas havia mais, o Magalhães, por exemplo, vendia mais do que o dinheiro chegado dos subsídios europeus da agricultura que o nosso governo devolvia a Bruxelas pois já estávamos hiperdesenvolvidos.
A euforia estava em alta, vinham aí as obras das Câmaras Municipais em ano de Eleições, mais as grandes e pequenas obras do Estado. Mais os empregos criados em 2009 só para alimentar a máquina eleitoral de três votações. A crise da Educação corria veloz para um final que não sabíamos vir a ser tão triste, mas que corria, corria…
As belíssimas vozes e interpretações das músicas dos ABBA, no filme “Mamma Mia”, davam esperança a qualquer português de poder iniciar uma carreira vocal a todo o momento e instante. As novelas portuguesas continuariam a narrar mundos impossíveis. A Manuela Moura Guedes já não ia deixar de ser pivot da TVI.
Mais que tudo, não iriamos passar vergonhas em europeus ou mundiais de futebol porque não os havia neste ano, o Ministro das Finanças até lançou um orçamento suplementar, o AKI tinha os preços em queda, de tal forma que um dia a casa poderia vir mesmo a baixo. A Moviflor dizia que vendia tudo e mais um par de botas, em doze meses sem juros, mesmo que os móveis durassem menos tempo do que isso. Eu próprio coloquei uma velinha à Nossa Senhora dos Aflitos para ver se o Rui Santos deixava de ser comentador de futebol de uma vez por todas, na Sic.
Porém, apesar de tanta e maravilhosa coisa a acontecer, a recessão não passou. Depois… não muito tempo depois, veio, passo atrás de passo, um Passos que nos fez passar misérias, acabando drasticamente com os anos das contas incertas. Chamando de malandros, calaceiros, quase bandidos a precisar de castigo, aos portugueses. Cortou-nos os subsídios de férias e de Natal, as horas extraordinárias, os feriados.
Mandou-nos emigrar, veio com ar de pastor anunciar que a austeridade (outra palavra bonita para a recessão), chegara para ficar. Inventou impostos, criou taxas sobre taxas e mais sobretaxas, os Orçamentos do Estado, passaram a ter de passar pelo crivo do Tribunal Constitucional, a crise instalou-se de vez com a ameaça fantasma de uma banca rota cujos buracos, afinal, acabaríamos por descobrir que se deviam muito mais aos banqueiros, que não ao povo.
Agora, neste exato momento em que tudo isto já é História de Portugal, não estaremos nós à beira de mais uma “merdaleja” qualquer. Espero bem que não. Prefiro, minha querida amiga, os 35 porcento de impostos às Troikas sanguessugas e aos políticos moralistas do alto do seu conforto. Aos arautos da chegada do Diabo e de outras demonizações em tudo quer dizer o mesmo. Podem chamar-lhe recessão, crise, austeridade, banca rota, Diabo, Troika ou Maior Carga Fiscal de sempre.
Eu prefiro a última, pelo menos de momento consigo respirar, ainda não tenho direito a spa, sauna ou banhos turcos, mas giro os meus gastos sem me sacarem o dinheiro à cabeça. É evidente que preferia viver melhor ainda, não existe sobre isso a menor dúvida, mas entre o panorama atual e o que passei entre 2011 e 2015, não há que ter dúvidas ou hesitações.
Não penses, amiga, que estou a defender o PS, a Geringonça ou a Morte da Bezerra, em detrimento dos outros partidos democráticos. Nada seria mais errado e menos preciso. Estou a defender é a forma como agora nos continuam a esmifrar. Pelo menos, deste modo, eu tenho opção. Se não usar o carro, pago menos imposto, se não fumar também, se evitar as bebidas com açúcar igualmente, e podia continuar com os exemplos, contudo, o que importa é eu ter a ilusão de que posso realmente escolher se vou pagar ou não mais imposto. Este aparente alívio deixa-me feliz.
Viva a maior taxa fiscal de sempre. Sabes, infelizmente a História não dá entrevistas políticas no fim dos telejornais dos diferentes canais, senão todos nos lembraríamos de certas coincidências. Deixo-te um beijo de despedida, deste teu amigo que te adora, querida Berta,
Por incrível que te possa parecer (a mim soa-me quase a inacreditável), vou falar hoje, pela segunda vez consecutiva, de coisas ligadas ao Sporting Clube de Portugal. Estou mesmo irritado com isto. Se eu não tivesse aberto a revista Visão… enfim, nada aconteceria deste modo.
Já não me bastava ter escrito ontem sobre o Julgamento ligado ao Assalto à Academia Sportinguista de Alcochete e, consequentemente, do ex-Presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, acerca do qual defendi a inimputabilidade, para hoje vir falar de outro Presidente do mesmo clube. Desta vez o atual, o médico, Frederico Varandas. O seu nome completo é Frederico Nuno Faro Varandas, mas acho que poderia alegadamente ser, e muito bem, Frederico Chico Esperto com Faro à Varanda.
Ao contrário de muitos sportinguistas, e eu até sou sócio de outro clube, gostava bastante deste novo Presidente. Parecia-me uma pessoa ponderada, fã do clube, com um discurso calmo, pacificador e pouco interventivo nas guerrilhas clubísticas, que ecoavam e ecoam na comunicação social. Ele até esteve disposto a enfrentar as claques do clube, algo que, por si só, já me pareceu uma tarefa mais para um Hércules, do que para um Frederico. Aliás, bastou-me esta franca determinação para a minha consideração pelo homem subir vários patamares.
Por alguns dos seus atos, parecia-me alguém seriamente firme na sua missão de colocar as contas do Sporting em ordem, fazendo os sacrifícios que ninguém estava disposto a levar a cabo, mesmo correndo o risco de ser menos popular e de, numa primeira fase, não poder, para já, unir a Nação Sportinguista, situação à qual, em meu entender, ele chegaria mais tarde, depois de arrumar melhor a casa.
Todavia, era e é notória a sua falta de experiência nalgumas das temáticas ligadas ao futebol, porém, emanava um tal desejo intenso em aprender, progredir e levar a sua missão a bom porto, que sempre achei que, com o acumular da experiência, e com alguns bons conselhos, acabaria por lá chegar, talvez até mais rapidamente do que muitos julgariam ser possível acontecer.
Em resumo, achava-o uma pessoa de excelentes princípios, determinada, inteligente, ativa e com uma vontade gigante de ajudar o clube a erguer-se, mais uma vez, até aos patamares de glória que lhe são merecidos e reconhecidos no passado.
Só que a revista Visão, e a minha posterior investigação, acabou-me com a convicção e com a esperança. Fico danado quanto isto me acontece. Há quem diga que eu sou ingénuo e tolo por, aos 58 anos, ainda acreditar nas pessoas. O que posso eu fazer? Nesta altura da minha vida parece-me um pouco tarde demais para mudar este meu rumo.
Ora, o que a Visão revelava é que Frederico Varandas é um Médico-Capitão do Exército Português (hoje ainda), várias vezes condecorado pelas suas missões ao serviço das Forças Armadas, tendo estado destacado em fervilhantes cenários de guerra deste nosso mundo, como, por exemplo, o Paquistão.
Dirás tu, Berta, que isso e outros apontamentos notáveis do currículo de Frederico Varandas ainda me deviam deixar mais convicto da postura, dedicação e seriedade do homem em causa e nunca o contrário. Tens efetivamente toda a razão. Até este ponto, Varandas, continuou a subir em flecha na minha estima e admiração pelo ser humano que representa. Até aqui, ele era o homem que serviu, com destacadas honras, militarmente o seu país, que se formou e pós-graduou em medicina enquanto militar, e que subiu a pulso as longas escadarias da vida.
A sua vertente desportiva iniciou-a no Vitória de Setúbal, em 2007, integrando a equipa médica do clube e, em 2009, tornou-se seu diretor clínico, cargo que manteve até 2011. E é neste período, minha querida amiga, que as pesquisas que conduzi me começam a causar sérias preocupações.
A data de entrada do novo médico no Vitória de Setúbal só refere o ano de 2007 e, por mais que procure, ainda não consegui descobrir o mês e muito menos o dia. Queria saber durante a vigência de que Comissão Administrativa entrou.
Não é relevante para a história, a não ser pelo facto de ter chegado num período conturbado do Vitória de Setúbal e ter atingido o cargo de diretor clínico dentro desse mesmo período complicado. No caso concreto, uma vez que completou a pós-graduação em medicina desportiva em 2007, julgo que terá entrado como médico após essa nova aptidão ter sido adquirida.
Assim sendo, a sua carreira médica no clube iniciou-se e terminou durante os períodos que se balizam entre a primeira Comissão Administrativa presidida por Carlos Costa e a segunda por Luís Lourenço e a eleição do Presidente atual, Vítor Hugo Valente. Segundo reza a história, é pela mão do treinador Carlos Carvalhal que se dá a sua entrada no Setúbal.
A passagem a diretor clínico tem precisamente a ver com este período conturbado de grandes mexidas nas equipas técnicas e médicas, das quais Fernando Varandas acabou saindo alegadamente beneficiado. É que não há outra maneira de explicar como é que um médico de um clube, que vai para o Afeganistão durante 6 meses, em 2008, regressa e se torna diretor clínico. Eu pelo menos não compreendo. Porém, mesmo aqui, embora a situação não seja clara, eu sou dos que considera que Frederico Varandas pode apenas ter sido bafejado pela sorte e que o seu regresso heroico o tenha conduzido à sua rápida ascensão e consequente nomeação como diretor clínico.
Mas a porca só torce seriamente o rabo a partir daí. Em 2011, a direção do Sporting de Godinho Lopes, convida-o a integrar os quadros médicos do Sporting, como médico da equipa de juniores de futebol do clube. Aliás, o convite, ao que se diz, parte de Luís Duque, ex-Presidente da SAD do Sporting e na altura vice-presidente da mesma.
Pelo que se contava na época, Luís Duque, tinha entrado em rota de colisão com José Henrique Fuentes Gomes Pereira, mais conhecido apenas por José Gomes Pereira, há 11 anos no cargo de diretor clínico, com uma carreira brilhante dentro e fora do clube, conforme poderás comprovar se deres um salto à Wikipédia. Esse conflito, terminou na assinatura de um acordo de saída entre o prestigiado médico e o Sporting. E é assim que, o mais novo médico da estrutura, com um mês de casa, ascende meteoricamente ao cargo de diretor clínico do clube. Há quem diga que, alegadamente, o facto de João Pedro Varandas ser vogal do Conselho Diretivo, ajudou na promoção, mas, efetivamente, pode ser apenas má-língua, o facto de se ter um irmão na direção não é decreto promocional à partida.
Outros dizem que o facto de João Pedro Varandas ser sócio fundador da firma de advogados Rogério Alves & Associados, sendo este Rogério, por seu turno, o atual Presidente da Mesa da Assembleia Geral do Sporting, nada tem a ver com o facto de se terem criado as condições para que Frederico Varandas se tenha candidatado e tornado Presidente do Sporting.
Apesar de tudo as coincidências existem. Não se pode culpar Rogério Alves de ter sido escolhido para o lugar que já fora seu entre 2006 e 2009, nem de ser sócio do irmão do atual presidente. São coisas da vida, nada mais.
Voltando ao início, e à notícia da revista Visão, fiquei a saber que Frederico Varandas ainda é Capitão-Médico do Exército e que tem a sua atividade apenas suspensa porque, para minha surpresa, nos termos da lei o requereu, por se ter candidatado (e na sequência sido eleito) pelo PSD em 2013 e pelo PSD/CDS-PP em 2017, como membro da Assembleia de Freguesia de Odivelas. É este cargo político, apenas remunerado através de senhas de presença, que permite ao militar não estar no ativo no seio das Forças Armadas. É este cargo que lhe permite ser Presidente a tempo inteiro do Sporting Clube de Portugal, pelo menos até outubro de 2021, sendo que, nessa altura talvez volte a ser candidato, quiçá para a Assembleia de Freguesia da “Merdaleija de Cima” ou até de outra Freguesia mais exótica. Nada importará desde que se tenha assegurada a eleição por mais 4 anos.
O que interessa é manter-se fora do exército enquanto isso for vantajoso e rentável. Um capitão da tropa, mesmo médico, não tinha como comprar uma casa de 740 mil euros e ter 2 carros (um BMW e outro Mercedes) cujos valores ultrapassam os 250 mil euros, segundo a imprensa. Aliás, estes são os bens que se conhecem, mas que têm, certamente, uma catrefada de outros associados bem mais difíceis de escortinar.
Tirar um curso universitário, mais as especializações à custa da tropa e depois não a compensar com a sua presença em serviço, não é bonito, nem parece bem e mete em causa a integridade do visado. O mesmo acontece com o facto de ser eleito para um lugar político onde depois não se põe os pés (o que, desde que foi candidato à presidência do Sporting, tem vindo a acontecer com Varandas), segue a mesma falta de cumprimento do dever e coloca em dúvida a seriedade do Presidente Frederico. A situação leva a que as faltas à Assembleia de Freguesia ultrapassem já, em 8 porcento, as presenças. Não pensem os mais ingénuos, como eu, que tem havido assim tantas reuniões da Assembleia, em 7 anos apenas se realizaram 26 e o eleito nem em metade destas conseguiu estar presente.
Poderão os mais ferrenhos dizer que nada disso é ilegal, alegando que tudo está feito de acordo com a lei. É verdade, mas não de acordo com a ética, jamais com a ética.
Em 2015, Godinho Lopes foi expulso do Sporting e o seu braço direito, Luís Duque, suspenso por 1 ano, o tal que deu uma mãozinha a João Varandas, a quando da entrada e promoção estratosférica de Frederico de médico de juniores, com um mês de casa, a diretor clínico, passando à frente de todos os médicos da estrutura leonina. Para azar de Luís Duque, 2015 foi também o ano em que perdeu a Presidência da Liga de Clubes para Pedro Proença. Mas o que interessava a Frederico já fora assegurado 4 anos antes e ele conseguiu manter o lugar com Bruno de Carvalho, com quem conviveu harmonicamente durante a direção deste, afinal, haveria tempo para tratar da situação um dia mais tarde.
Não faço a menor ideia se durante todo o seu percurso o Presidente sportinguista cometeu ou não alguma ilegalidade. Vou, aliás, ao ponto de acreditar que não, mas depois disto tudo que te escrevi, Berta, onde está o homem limpo, impoluto, integro, de excelentes princípios e de coragem soberana de que falei no início? Já não me revejo na pessoa e fico triste, não gosto deste Frederico Chico Esperto com Faro à Varanda.
Despeço-me saudoso, com um carinhoso beijo, deste teu eterno amigo,