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Alegadamente

Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente correto.

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Carta à Berta n.º 594: Vitória, a Águia do Benfica Versus PETA

Berta 594.jpg Olá Berta,

Li na ZAP Notícias de ontem, este sábado, um artigo que tenho mesmo que comentar contigo, minha querida amiga. A PETA, uma organização de defesa dos animais quer devolver a liberdade às águias do Sport Lisboa e Benfica. A organização apela no Twitter ao clube que solte as águias Vitória e Glória que costumam voar em torno do estádio nos eventos desportivos realizados no Estádio da Luz para regozijo e felicidade dos simpatizantes, adeptos, fãs ou até adversários do clube quando vão à Luz.

Segundo escreve a organização, através da sua filial no Reino Unido: “O lugar das águias não é em eventos de desporto” … e… “as aves usadas como mascotes são, frequentemente, feridas ou mortas em estádios” e ainda afirma que… “a sua presença nesses locais é igualmente perigosa para os adeptos…” aponta a filial da PETA no Reino Unido, cara Berta, e diz ainda que “um estádio iluminado cheio de adeptos barulhentos não é lugar para animais”.

Quem afirma isto é, nomeadamente a vice-presidente da PETA do Reino Unido, Mimi Bekhechi, numa missiva recebida pelo presidente do Benfica, Rui Costa, que também apareceu replicada no Twitter.

A PETA refere que os animais que se veem nestas condições tentam, frequentemente: “escapar, como aconteceu no Estádio da Luz há alguns anos…” e que… “Nessas condições, as aves facilmente ficam assustadas, desorientadas e em pânico – colocando-se e a outros em risco.” Afirma ainda a dita senhora, minha amiga, que: “A PETA tem registos detalhados de incidentes envolvendo aves usadas como mascotes noutros estádios – incluindo uma coruja que morreu após ser atingida por uma bola, águias que colidiram com paredes ou janelas de vidro e um falcão que pousou na cabeça de um fã, afundando as suas garras no couro cabeludo do homem…” e continua… “noutro incidente, um adepto de futebol ruidoso deu um soco na águia mascote da equipa rival.”

Depois, a mesma pessoa, cara Berta, torna-se criativa acrescentando: “Na natureza, estas aves magníficas percorrem vastos territórios, passam a maior parte do seu tempo acima das árvores, voam livremente e caçam em espaços amplos,” e termina afirmando que às águias do Benfica “é negada” esta “oportunidade de se envolverem no seu comportamento natural, o que leva a frustração e stress extremos.”

A organização, querida amiga, dispõe-se ainda a ajudar o Benfica, manifestando a sua originalidade, a substituir as águias por mascotes humanas, afirmando: “Se concordar em retirar as aves para um santuário, a PETA cobrirá os custos e substitui-las-á por um fabuloso disfarce de águia que será certamente um êxito junto dos adeptos do Benfica” e solicita por fim: “Por favor, juntem-se a outros clubes que mostram compaixão pelos animais, comprometendo-se a não usar animais vivos como mascotes.”

A reação dos benfiquistas no Twitter não se fez esperar. O apelo da PETA já é apelidado da “publicação anti Benfica do ano,” segundo resposta do comentador desportivo e ex-jornalista João Querido Manha, ainda outros utilizadores afirmam decididamente que as águias: “são bem tratadas” e que… “A humanidade está em pior estado do que as águias do Benfica,”. Já um utilizador do Twitter, Rui Braga, aconselha, minha amiga, a PETA a ajudar a “salvar a humanidade” antes de mais. Alguns rivais do SLB dizem, por seu lado que “é triste ver adeptos do Benfica a defender o indefensável”. Há ainda alguém que aparece identificado como Norte Benfica que se inflama escrevendo: “Acabe-se já com a águia a voar na luz, criada em cativeiro. A águia é para estar no seu ambiente selvagem.”

Segundo escreve também o site ZAP Notícias, já há sondagens no Twitter sobre o assunto e, ao que parece: “a continuidade das águias na Luz está a ganhar…” este é, resumidamente, o artigo publicado pelo referido site e o seu conteúdo merece, sem sombra de qualquer dúvida, o meu comentário, querida amiga. Aliás, sendo eu um confesso benfiquista, coisa que nunca escondi, jamais poderia deixar de o fazer.

Porém, não é o meu ser benfiquista que me leva a defender o que vou afirmar de seguida. É apenas uma questão de senso comum. Assim sendo, minha doce amiga Berta, eu penso o seguinte:

Da última vez que alguém teve a ideia peregrina de apreender a águia Vitória (não esta, mas a anterior águia com o mesmo nome), a coisa não correu bem. A ordem viera do ICN, Instituto de Conservação de Natureza, devido a uma denúncia, não sei se anónima ou não, e 12 aves de grande porte, incluindo a Vitória, foram apreendidas ao falcoeiro Juan Barnabé, o então treinador da águia do Estádio da Luz. Como se tratavam de aves de cativeiro, minha amiga, criadas desde a incubação dos ovos em cativeiro e, por isso mesmo, não podendo ser postas em liberdade, o ICN entregou-as aos cuidados do Centro de Recuperação de Aves do Parque Natural da Ria Formosa, por não ter a quem mais as entregar, embora este centro não tivesse capacidade para ter aves de rapina por tempo prolongado.

O resultado deste crime, foi que três anos mais tarde as aves foram de novo entregues ao falcoeiro, sabias Berta? Das 12 restavam apenas 7, as outras 5 já haviam morrido entretanto por falta de condições do Centro de Recuperação de Aves do Parque Natural da Ria Formosa, e as 7 entregues estavam em tão degradantes condições, desde queda de penas a padecimento diversos, que jamais poderiam voltar a voar. A Águia Vitória foi uma dessas sobreviventes, mas a quantidade de pus que acumulara nas patas e garras era tanta que nunca mais o animal recuperou o suficiente para lhe permitisse voar. Foi, contudo, muito mimada pelo seu treinador e acabou por falecer de causas naturais e outras derivadas pelo tempo passado na Ria Formosa.

Se o Benfica manteve as três águias que possuía em 2020, Glória, Luz e Vitória, cara amiga, (não sei ao certo, pois não tenho ouvido falar da águia Luz), acho bem que o disparate não se volte a repetir. Estes são animais criados em cativeiro desde a incubação dos ovos. Se não querem que as aves de cativeiro existam então que se acabem, de uma vez por todas, com as falcoarias e a permissão de se criarem, em cativeiro, aves de rapina. Isso sim, é uma medida sensata e, com ela, mais cedo ou mais tarde, o Benfica deixará de ter uma águia a sobrevoar o Estádio da Luz.

Quanto à idiota (lembro-me de palavras bem mais apropriadas para chamar à senhora Mimi Bekhechi, mas não me atrevo a escrevê-las aqui) vice-diretora da filial da PETA, no Reino Unido, o meu conselho é que se preocupe com as atrocidades que acontecem aos animais no seu território e que a comunicação social britânica relata com uma frequência quase diária. Procurar protagonismo à custa do Benfica é que não. Concordas, minha amiga? Porque não resolve ela o abandono por parte dos britânicos de cães de companhia, uma verdadeira pandemia de abandono que pode atingir, já este verão, os 27% dos cães de estimação do Reino Unido?

Para além disso, minha querida, a vice dirigente da PETA britânica fala de maus tratos à águia do Benfica, mas apenas refere que ela voou para fora do estádio uma vez (os outros exemplos apontados nada têm a ver com o clube da luz). Pois eu informo a dita senhora que a águia não saiu do estádio apenas uma vez, mas em duas situações e que, em ambas, o seu treinador a recuperou, no exterior do recinto, perfeitamente calma e serena, sem qualquer sinal visível de stress ou outra qualquer maleita.

Mais informo, minha amiga, a dita vice Mimi que vestir pessoas de águias e pô-las a voar à volta de um estádio, dificilmente poderá constituir um êxito junto dos adeptos do Benfica, já para não falar da possível saúde dos visados. Quanto ao perigo das águias para os adeptos e tendo em conta que as águias voam no Estádio da Luz há décadas, posso garantir, amiguinha, à mulher que quer protagonismo à custa do Benfica, que isso nunca se verificou. E, mesmo que algum dia isso se verifique, será a exceção e nunca a regra. Por isso sugiro que a Mimi desapareça rapidamente da vida do Benfica pois é persona non grata, por estas bandas.

O Benfica tem atualmente novo falcoeiro e novas águias e jamais permitirá, querida Berta, que o abutre Mimi circule pelo seu estádio. Quanto a colocar as aves num santuário ao cuidado da PETA já nos bastou o exemplo da Ria Formosa. Não, obrigado. Despeço-me com um beijo,

Gil Saraiva

 

 

 

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