Carta à Berta: SNS e DGS: Mentira ou uma grande coincidência?
Olá Berta,
SNS e DGS: Mentira ou uma grande coincidência? Se as tuas cartas tivessem título, esta questão devia ser o que constaria, como legenda titular, na carta de hoje. Era para a ter escrito ontem, todavia, ainda pensei, umas quantas vezes, que estava a ficar como aqueles maluquinhos, que vêm teorias da conspiração em todo o lado. Resolvi deixar passar 24 horas. Afinal, achei necessário pensar bem no assunto, antes de escrever e parecer ridículo, neste meu raciocínio.
Contudo, as 24 horas passaram e, em vez de achar que tudo não passava de um pensamento absurdo da minha parte, cada vez mais penso que tenho mesmo razão. Ou seja, o Governo, o Presidente, enfim, o Estado anda a esconder-nos informação. Eu sei, amiga Berta, que as minhas cartas para ti são todas, sem exceção, incluídas no domínio do alegadamente. Mesmo assim, após 40 anos de jornalismo, prefiro ter as minhas fontes, sobre qualquer tema que escrevo, o melhor documentadas e verificadas que me for possível.
Não é essa a situação de hoje. Não tenho, efetivamente, como fazer prova sobre o que se passa de concreto no âmbito das minhas interrogações, nem sequer sei se tudo o que agora afirmo poderá alguma vez sair do universo do alegadamente. Apenas tenho a enorme convicção de que alguma coisa se está a passar e de que a verdade está a ser distorcida.
Deves estar a interrogar-te sobre que raio é que eu estou para aqui a escrever. Para te responder a isso tenho que te explicar que, dos meus 40 anos de atividade profissional enquanto jornalista, mais de metade foi passada a fazer investigação. Ainda por cima, manter uma carteira profissional nos últimos 25 anos, na qualidade de freelancer, em Portugal, não é pera doce.
A importância da investigação gera em nós, enquanto investigadores, uma espécie de instinto para detetar quando algo não bate certo. Podemos nem saber ao certo do que se trata, mas se algo estiver errado, no meio de um conjunto de informações que nos vão chegando, algures, cá dentro do meu cérebro, toca uma espécie de alarme como que a prevenir que há um erro seja lá onde for. Foi esse alarme que eu passei a sentir desde o último sábado.
Já agora, falando concretamente do que me chamou a atenção, no sábado, eu vi e ouvi uma reportagem com o Jorge Jesus, em que este se mostrava visivelmente abalado, com o facto de ter perdido um grande amigo, nesta luta contra o Covid-19. No entanto, a única morte confirmada pelo SNS apenas teria lugar na segunda-feira, tendo sido anunciada como um óbito, efetivamente, ocorrido na segunda. (Um aparte: eu digo “o” Covid-19 porque se trata de um vírus e não “a” Civod-19 por ser uma doença, aliás, também digo o Cancro ou o Ébola, mas admito que existam opiniões divergentes sobre masculino ou feminino na designação).
Ora bem, pela entrevista de Jorge Jesus, o que me pareceu, na altura, foi que a família do antigo massagista do Estrela da Amadora, um homem de 80 anos, tinha acabado de comunicar o óbito, derivado por infeção com o coronavírus, ao treinador, mostrando-se esse sinceramente consternado com a notícia. Já a repeti por diversas vezes, pois guardei o videoclip, e chego sempre à mesma conclusão: Mário Veríssimo faleceu a 14 de março de 2020.
Contudo, o Serviço Nacional de Saúde, apenas declara a morte no dia 16 de março. Como se esta tivesse ocorrido na madrugada desse dia. Para ainda me deixar mais incomodado, no dia 15 dá-se a transmissão de um novo clip de Jorge Jesus, 24 horas depois da sua primeira declaração, com o homem notoriamente atrapalhado, a dizer que fez confusão, que sabia que o amigo estava em risco de vida e que poderia perecer, tentando dar o dito por não dito, coisa que não se pode pedir a este ilustre homem do futebol, devido à sua falta de jeito para as artes teatrais.
Porém, alguém, na minha interpretação a própria Direção Geral de Saúde ou o Ministro da tutela, solicitou este desmentido. O óbito acaba por ser declarado dia 16, provavelmente alguns dias antes do que o SNS pretendia, para que não se levantasse a lebre sobre a fiabilidade das informações da DGS ao público em geral. Em conclusão, passei a achar que o fluxo diário das informações da DGS, todos os dias ao meio-dia, não passa de um cozinhado.
Repito, um cozinhado, criado para nos ir dando, ao ritmo desejado, as notícias sobre o vírus que o Governo julga aconselhável transmitir. Aliás, se este fosse um caso único, se esta fosse a única ação fora de contexto, eu até poderia estar realmente a imaginar uma Teoria da Conspiração. Todavia, juntando esta coincidência (e eu não acredito em coincidências) a outros detalhes ocorridos durante todo este mês, desde o dia 2, levam-me a acreditar que a informação está a ser globalmente manipulada pelo Estado.
Algumas das incongruências foram assinaladas na Sic, por Miguel Sousa Tavares, outras fui apanhando nos diferentes noticiários, imprensa e nas notícias que recebo via Agência Lusa. Por exemplo, na semana passada o Infarmed ia distribuir um milhão de máscaras, a notícia foi transmitida e ninguém mais se lembrou disso. Contudo, este passado fim-de-semana, os dentistas, o pessoal dos aeroportos, algum pessoal médico, e outros, queixaram-se de não ter máscaras, bem como diversos equipamentos de proteção, também, anteriormente anunciados como prontos para entrega, pelo Infarmed.
Hoje, perante a insistência dos repórteres, o mesmo Instituto anunciou a distribuição de 2 milhões de máscaras e mais equipamentos, entretanto, passou uma semana. As ordens da DGS saíram, rigorosas e nacionais, mas os portugueses que regressam a Portugal, por fronteira terrestre, vindos por ou de Espanha, não estão a ser monitorizados.
Então estamos a receber pessoal de elevado risco e não estamos a verificá-los? O mesmo se passa nos aeroportos, quem lida com aquela gente toda, funcionários, seguranças, polícia, e por aí em diante, não tem sequer uma máscara para se proteger dos magotes de gente que acedem ao local e aos balcões. Estranho, não?
Estou convicto que não só não temos conhecimento de toda a estratégia global do Estado, como considero ser real a manipulação dos dados relativos ao Covid-19, por parte da DGS, como punha as mãos no fogo como temos muito menos material de proteção do que aquele que tem sido anunciado publicamente de 2 de março até ao dia de hoje.
Há outros detalhes que não jogam uns com os outros, nem batem certo, como as explicações dadas para a instalação dos hospitais de campanha ou de triagem, ou, ainda, a forma como foram amontoados os 70 nepaleses, num único local, no Algarve. Todos estes detalhes não combinam com o plano concertado e anunciado aos portugueses, como sendo aquele que está a ser posto em prática.
Até a quarentena do Presidente da República me parece, neste momento, uma estratégia forjada, para amanhã, se anunciar o Estado de Emergência, saltando 2 patamares de uma vez, o Estado de Contingência e Estado de Calamidade. O caso de Ovar, então, soa incrivelmente a gato escondido com rabo de fora. Só espero que toda esta estratégia de segredo esteja a ser concertada para se evitar o pânico.
Em conclusão, parece-me evidente, pelo desenrolar dos eventos e pelas discrepâncias que vou detetando, ajudado por 40 anos de atividade jornalística que o SNS, a DGS, o Infarmed, o Governo e a Presidência da República, nos estão a mentir descaradamente, contudo, até prova em contrário, espero que seja porque eles pensam ser essa a melhor maneira de manter a população calma. Caso seja por isso ainda lhes dou o benefício da dúvida, embora, pessoalmente, preferisse saber a verdade.
Fica descansada, amiga Berta, que continuarei atento. Darei novidades sobre a pandemia, sempre que se justificar. Despeço-me com um beijo fofo,
Gil Saraiva