Carta à Berta: O Novo Confinamento na Rua Francisco Metrass em Campo de Ourique - Conclusão
Olá Berta,
Não estava à espera de voltar ao tema de ontem logo no dia seguinte. Com efeito, por ontem ser sábado pensei que o fenómeno de gente aglomerada a tentar ir às compras tinha tido o seu pico nesse final da manhã, início de tarde. Contudo, hoje, eram 11,30, ainda a uma hora e meia do confinamento cheguei à janela e pasmei. Em pouco mais de um minuto contei mais de 223 pessoas na rua.
Mesmo com a cafetaria Metrass fechada e julgo que o “take-away” Dez para a Uma também (não consegui ver bem para ter a certeza), esta manhã tinha mais gente a circular do que ontem que, segundo o senhor António Silva que ontem comentou a tua carta num grupo de Campo de Ourique, tinha o interior do Pingo Doce cheio pelas costuras, o que obrigou o gerente de loja a pôr na ordem o segurança que controlava as entradas. Como estará a situação hoje, pergunto-me eu…?
Já não fui a correr para apanhar a máquina fotográfica para te ilustrar a manhã. Podia facilmente acontecer como ontem e já não apanhar o mesmo movimento, porém, envio-te mais uma panorâmica de como a rua estava, neste sábado passado, numa parte diferente do trajeto.
Continuo a achar que a culpa não é de quem precisa de se abastecer. Sinceramente acho que as pessoas estão a fazer o melhor que podem fruto das circunstâncias.
Hoje, por exemplo, não vi um único individuo sem máscara. Nem mesmo um grupo de 4 crianças que atravessavam a rua com a mãe e cuja mais nova deveria ter cerca de 4 anos de idade. Todavia, o que também não presenciei foi a presença de uma autoridade que desse uma ajudinha no ordenamento e na manutenção da distância social. Garanto-te, minha querida amiga que teria sido bastante importante nessa hora.
Afinal, a esquadra da PSP fica a cerca de 500 metros, nem sei se tanto do ponto em que me encontro. Acho que não era logisticamente impossível que pudessem ter vindo dar um apoio na organização da multidão. Se a situação se mantiver nos próximos dias espero sinceramente que alguém se lembre de atuar. Posso ter dúvidas quanto à forma com que o Governo definiu este confinamento, mas, apesar de tudo, julgo que estão com boas intensões a tentar abrandar a evolução da pandemia. Não é assim tão escandaloso que a autoridade possa e deva colaborar.
Não me alargo mais com este assunto, minha querida Berta, espero que o teu domingo tenha sido tranquilo. Despeço-me com abraço saudoso e cheio de carinho,
Gil Saraiva