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Alegadamente

Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente correto.

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Carta à Berta nº. 336: Os Novos 4 Cavaleiros do Apocalipse - Guerra - II/VI

Berta 336.jpg Olá Berta,

Nesta segunda de 6 cartas sobre os renovados 4 Cavaleiros do Apocalipse, vou falar-te da Guerra, que se tem vindo a desenvolver usando outros nomes mais imaginativos, pseudónimos que tentam esconder ao que vem, para que não se dê conta, cedo demais, do seu verdadeiro objetivo, minha amiga.

Às portas da terceira década do primeiro século do terceiro milénio d.C., a famígera usa agora, minha cara, nomes diferentes como, por exemplo, cibercrime, terrorismo (um termo que tem vindo a ganhar valoração própria desde o quarto quartel do século XX), nova ordem, “fakenews”, distorção histórica e sensibilidade hipócrita. Há mais, mas estes são apenas padrões entre outros.

Voltemos, amiguinha, à guerra, deste novo século. Desde 2000 que a Bielorrússia e a Rússia assinaram um tratado de cooperação, indicando uma possível formação de uma União Estatal. Esta foi a forma dissimulada com que Putin, com o conluio de Alexander Lukashenko, se tornou dono e senhor da denominada Rússia Branca (tradução de Bielorrússia), mantendo um fantoche no poder.

Foi neste formato, minha querida, num golpe de estado apelidado de tratado, que um país recentemente separado da antiga União Soviética, e a prosperar em democracia, se viu novamente sob o jugo do poder do novo Czar russo, Vladimir Putin. Também sob o jugo russo ficou a Venezuela, graças à forjada reeleição de Nicolás Maduro, em 2018, que se tornou assim um falso democrata. Um ditador que transformou um país próspero numa terra de corrupção (um outro nome da nova Guerra), enfim, numa nação à beira da miséria.

Com Bin Laden, em setembro de 2011, a palavra terrorismo ganhou folego para traduzir mais um aspeto assumido da nova Guerra. Com efeito, doce confidente, por toda a Europa se seguiram atentados, atos terroristas e tentativas de instalar o caos. Culpando o todo pela parte, o Ocidente ganhava uma nova aversão aos árabes, aos muçulmanos e a Guerra, Bertinha, rapidamente adotou os conceitos de racismo, xenofobia, supremacia branca, com rancor pela igualdade de género ou pela liberdade sexual dos indivíduos que tão justamente vinha em crescendo.

Um vento de direita, impulsionado pela revolta (nome oculto da Guerra) fazia renascer o machismo, gerava conflitos religiosos entre católicos, protestantes, evangelistas, muçulmanos, só para citar alguns. Por outro lado, ajudava a conflitos contra o Irão, contra a Rússia, que entretanto ocupou a Crimeia, gerando por toda a parte o aparecimento de líderes sem espinha vertebral, capazes das maiores mentiras e teorias da conspiração, como se tudo fosse, cara amiga, tão normal como beber água. As ideias de direita ajudavam à Guerra e ao conflito.

Subitamente ascenderam ao poder pessoas como Viktor Orbán, na Hungria, Erdogan na Turquia, Donald Trump, nos Estados Unidos, Jair Bolsonaro no Brasil, Benjamin Netanyahu em Israel, e os exemplos não vão parar de crescer, minha querida. Não importa que se prometa, mentido, o paraíso aos carneiros, o sentimento de frustração e abandono dos mais desfavorecidos, dos ignorantes e a ascensão dos oportunistas, vai ajudar a fazer crescer a direita, novamente, como se de uma coisa normal se tratasse, conduzindo a manada que, entretanto, cegou.

A ideia, Berta, é banalizar conceitos antidemocráticos como sendo estes os verdadeiros representantes da nova verdade. Centralizar o poder e voltar a valores arcaicos e feudais de modo a que se possam voltar a instalar ditaduras como se de democracias se tratassem. A guerra agora é outra, mas poucos se dão conta do caminho que está a ser encetado paulatinamente. Enfim, amanhã falarei da fome. Recebe um beijo deste teu amigo do peito,

Gil Saraiva

 

 

 

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