Carta à Berta nº. 200: Memórias de Haragano - Introdução
Olá Berta,
Hoje dou início a mais uma das minhas séries de pensamentos profundos ou talvez nem tanto. Estou-me a rir do uso de profundos na frase anterior, apenas porque estou só a passar para o papel as coisas que, por vezes, me passam pela cabeça.
Resolvi chamar à temática: Memórias de Haragano, ou seja, se Haragano, que é uma palavra portuguesa de origem brasileira, se usa para significar “cavalo selvagem que dificilmente se deixa domar” e também “vagabundo errante”, “vadio perdido por limbos obscuros”, eu faço uso dela para significar e traduzir o meu lado mítico, etéreo, oculto, de peregrino que se deixa andar pelas margens da internet sem um fim à vista ou, ainda e apenas, para simbolizar o meu pensamento solitário de senhor da bruma.
Posso parecer distraído, por não ter começado esta carta, amiga Berta, por te perguntar como estás e como vão as coisas por esse Algarve. Contudo, esclareço que, como falámos esta manhã por telemóvel e me contaste as novidades todas sobre ti, achei desnecessário utilizar o costumeiro ritual do cumprimento educado.
Hoje, começo por algumas observações simples, nesta carta que se apresenta como uma introdução às Memórias de Haragano. Espero que elas venham a ser do teu agrado. Caso contrário basta que avises e eu paro.
Memórias de Haragano – Introdução
“A Propósito de…
Vivermos na Era da Imagem,
Nos Domínios do Sistema Financeiro e da Economia,
Sob a Alçada do Comportamento da Manada,
A Toque de Vara de Poderosos Interesses Opacos,
Na Estúpida Ilusão da Segurança,
Tementes da Ameaça da Pandemia Viral,
Num Mundo Globalmente Egoísta e Oportunista
E Introvertidamente Convertidos ao Culto do Umbigo,
Convém Saber a Resposta à Questão:
Existe Alternativa…?”
Como vês, minha amiga, não me alonguei demasiadamente na apresentação destas memórias. Espero que também elas te vão ajudando a passar estes, ainda longos, momentos de uma reclusão forçada.
Deixo um beijo sorridente e virtual,
Gil Saraiva