Carta à Berta nº. 405: Dois Beijos Para um Dia Singular - Namorados e São Valentim
Olá Berta,
Escrevo-te pela segunda vez para te enviar os beijos do meu livro “O Colecionador de Beijos” sobre o dia dos namorados ou dia de São Valentim. Aqui vão eles:
- Beijo de Namorados, obrigatoriamente um beijo envolvente, arrebatador nas intensões límpidas de renunciar a qualquer resistência, disposto ao abandono passivo da entrega, emocional e apaixonado no desejo ímpar da comunhão do ato. Um beijo sensual e quase lascivo pela volúpia imaginada de lábios que se tocam, cruzam, fundem, proporcionando a comunicação direta das línguas, o acesso a uma conversa sem palavras nem recurso a dicionário. Beijo de namorados, universalmente conhecido, conduzindo, a dada altura, à erosão dos sentimentos numa metamorfose em que estes se transformam em sentidos que se deixam conduzir pelo instinto fecundo da união, num querer tão forte que lhe chamam amor, mas que pode não passar de paixão.
- Beijo de São Valentim, um beijo Santo diria o milenar elemento da Igreja. Um beijo para a eternidade, dirão outros. A data é também denominada por dia dos namorados, protegidos pelo santo. Por isso este beijo deverá acontecer entre pessoas com sentimentos mútuos, profundos e inequivocamente apaixonados, sem artifícios, oportunismos ou egoísmo. Um beijo a dois, ambos enamorados, se possível em absurdo. Um beijo quente, húmido, demorado, vibrante, inebriante, encantado, inesquecível, mas, acima de tudo, sincero, puro e verdadeiro. Um beijo especial pela renovação de um sentimento de amor, de uma entrega feita celebração, e exigente pela mutualidade do sentir. Um beijo soberano, uma força muito superior aos usuais poderes mundanos, oferecido com alma, executado pelos corpos, veiculado pelas bocas e línguas, assimilado pelos egos, impregnado nas essências, embebido de hormonas e fantasias arrebatadas, mas sempre entregue e tomado pelos corações.
Trata-os bem, eu por minha parte deixo-te um abraço deste amigo de sempre,
Gil Saraiva