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Alegadamente

Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente correto.

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Carta à Berta: "António Costa - O Grande Golpe - Peça em Três Atos" - "Ato III - Um Corredor Aéreo Para Portugal"

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Olá Berta,

Termina hoje aqui, minha amiga, a minha peça em três atos sobre o que se pode ter passado realmente entre Portugal e o Reino Unido entre o fim de agosto e o princípio de setembro deste ano.

Esta foi a minha maneira de justificar a mudança de atitude do Governo Britânico, que estava determinado a fazer cumprir o fecho dos corredores aéreos para os países que, como Portugal, tivessem ultrapassado os 20 infetados por cada 100 mil habitantes e que, de repente, aparece com o critério (que apenas beneficia Portugal) do rácio entre o número de testes efetuados no país e o número real de infetados.

Uma surpreendente mudança, em cima da hora, a dias de anunciar como ficariam os corredores aéreos britânicos para os 15 dias seguintes.

“Terceiro Ato: Um Corredor Aéreo para Portugal

Na segunda e terça-feira seguintes, à conversa Costa versus Boris, os noticiários de todas as rádios e televisões anunciavam, com drama, o possível fecho do corredor aéreo entre Portugal e o Reino Unido. O país tinha ultrapassado o limite de 20 infetados por cada 100 mil habitantes o que implicava o automático anúncio, na quinta-feira seguinte, do fecho do corredor turístico entre Reino Unido e Portugal. Tudo parecia indicar este desfecho trágico para a economia portuguesa, já a braços com mais uma centena de outros problemas. A gota de água que podia fazer transbordar o copo do descalabro estava prestes a ocorrer. Muitos comentadores, principalmente os televisivos, davam o facto como inevitável e analisavam as consequências trágicas para o país.

Na quarta-feira o assunto Rui Pinto, e o julgamento do mesmo que começaria na sexta-feira, relegavam para segundo plano, um assunto que parecia condenado à tragédia e cujo desfecho se previa como óbvio. Apenas de passagem, sem relevo, se falava ainda do fecho do corredor aéreo com Inglaterra. Já existiam turistas a desmarcar férias, outros a antecipar para sexta-feira o regresso de férias, para não ficarem sujeitos ao confinamento no retorno ao Reino Unido.

Surpreendentemente na quinta-feira o Governo de Boris Johnson anuncia oficiosamente a mudança dos critérios de avaliação de risco para o turismo dos ingleses fora de Inglaterra. O novo critério só tem um único beneficiário: Portugal. Passa a ser recompensado quem mais testa, face ao número de infetados que estes testes revelam. O rácio volta a colocar Portugal nos países seguros e viáveis para o povo do Reino de Sua Majestade. Ninguém consegue entender ou encontrar uma justificação plausível para esta nova forma de avaliação inglesa.

Na sexta-feira a notícia torna-se oficial. Portugal vai continuar no verde no que toca aos corredores turísticos aéreos entre Inglaterra e Portugal. Os empresários algarvios, madeirenses e dos Açores respiram de alívio. Têm mais 15 dias de negócio pois, pelo menos, até 19 de setembro o corredor manter-se-á aberto.

Sentado em casa, a ouvir os noticiários, António Costa sorri. Ninguém suspeita do negócio. O país ganhou um novo fôlego e já só se fala do julgamento de Rui Pinto, passada que foi a enorme surpresa. O sentido de dever cumprido deixa-o feliz. Aquilo podia ter corrido mal, muito mal mesmo. Felizmente, por mais 15 dias tudo está bem na pacata Lusitânia.

Costa sabia que havia um preço a pagar, mas desde que ele cumprisse o prometido Boris Johnson nunca o poderia acusar de incumprimento do prometido. Isso era o mais importante, poder manter a face, sem ter cedido em nada de realmente importante para Portugal.”

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Fico-me por aqui, amiga Berta. Espero que te tenha agradado esta minha peça em três atos. Personagens reais, países reais, factos reais, causas alegadas no domínio do «podia ter sido assim». Com um beijo saudoso este teu amigo do coração despede-se até amanhã,

Gil Saraiva

 

 

 

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