Carta à Berta: A Alegadamente Ignóbil Graça Freitas - Parte II/II
Olá Berta,
Terminando o assunto relativo à entrevista dada ao jornal Público, no início da semana pela alegadamente ignóbil Graça Freitas, passo a comentar a restante entrevista e o que me ficou por assinalar sobre essa senhora na carta anterior e que não quero deixar de referir.
Na entrevista ao Público, a Diretora-Geral de Saúde sublinhou que, num tempo em que a Covid-19 está a começar a ser confinada, muitas das normas que estão em vigor deverão desaparecer brevemente. Ora, minha querida amiga, tu vês algum controle efetivo da pandemia? Neste momento só não estamos pior do que nos meses de janeiro e fevereiro e talvez março deste ano. O famoso RT continua acima dos 0,8. O número de casos ainda não baixou do milhar e os óbitos não mostram qualquer esperança de passarem a residuais. Onde está então o controle? Na vacina? No excelente trabalho do almirante? Claro que isso ajuda, mas não resolve a situação.
A dona Graça fala no regresso à normalidade. Sempre com enfoque na vacina. Mas faz tábua rasa das previsões da Organização Mundial de Saúde, que apontam uma subida de mortos para a Europa, durante o inverno, que poderá ultrapassar o quarto de milhão de futuras vítimas. A senhora Freitas disse igualmente que: “Vamos tender a voltar à nossa vida como era em 2019”. Ninguém reforma esta mulher?
Ela prepara-se para enviar para o “Domínio dos Deuses” e para o “Reino da Opacidade” a informação referente ao evoluir da Covid-19 em Portugal seguindo o único exemplo mundial que sempre assim atuou, desta forma tão iluminada, a Coreia do Norte. Como é óbvio, amiga Berta, o fim dos boletins diários da covid-19 é um ato absolutamente condenável e de falta de respeito pelos portugueses. Se a DGS acabar mesmo, como promete a dita Freitas com os documentos que todos os dias informam o público do número de casos, mortes e internamentos pela pandemia, entraremos no âmbito norte-coreano da desinformação, situação que, no meu modesto entendimento, viola os direitos constitucionais de todo a população portuguesa.
Se esta entrevista, minha amiga, fosse efetuada pelo falecido Max, a senhora Graça seria equiparada certamente à mula da cooperativa por afirmar convictamente a seguinte asnice: “O foco da DGS vai tender a ser na doença propriamente dita e não tanto na infeção. Para isso, o boletim vai deixar de ser diário, para libertar os portugueses do peso dos números. Queremos aumentar o intervalo desta publicação, sendo que, sempre que acontecer alguma coisa inesperada, comunicaremos”.
Uma atitude que, a acontecer, vai levar este país em que vivemos a uma nova e gravíssima crise pandémica. Pode não morrer tanta gente como aconteceu até esta fase da vacinação, mas as consequências serão de uma gravidade completamente inimaginável. Despeço-me triste com tanta asneirada proferida por alguém que devia ter responsabilidades sérias na gestão da pandemia. Os meus votos, desejos e anseios vão para que Marta Temido e António Costa se apercebam da asneirada antes de esta se iniciar e que a possam extinguir atempadamente. Ah, resolvi nem esperar pela reunião do INFARMED para escrever esta segunda parte. Por hoje é tudo. Recebe um beijo de despedida deste teu amigo de sempre,
Gil Saraiva