Carta à Berta: 2 de Novembro - Dia de Finados
Olá Berta,
Hoje é Dia de Finados, um dia que o Estado escolheu para homenagear as duas mil quinhentos e noventa vítimas de Covid-19 em Portugal. A celebração deu direito a coroa de flores, minuto de silêncio e bandeira a meia haste, com o Presidente da República ao comando da cerimónia. Um dia de luto nacional naquele que é, anualmente, o dia em que recordamos os que partiram deste mundo e em que tentamos, todos nós, ir vivendo ou, na pior das hipóteses, sobrevivendo, ao desenrolar paulatino do quotidiano das nossas vidas.
Em cima da mesa, nesta primeira segunda-feira de novembro, está a discussão sobre a implementação ou não de um novo Estado de Emergência. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, recebeu os partidos, consultou o Primeiro-Ministro e faz questão de ouvir os representantes da sociedade civil antes de mandar para a Assembleia da República a declaração deste novo Estado de Emergência.
Seja qual for a decisão presidencial, e o voto do hemiciclo, o que importa mesmo é que sejam tomadas todas as medidas possíveis, com vista ao abrandamento da pandemia no país. Essa é a maior responsabilidade moral de quem nos governa, independentemente da ideologia que defenda. Precisamos de determinação e de uma ação que prove ser eficaz.
Aqui, no atual contexto, não está em causa a aprovação política de um Orçamento do Estado, mas a tentativa superlativa de proteger o povo de uma pandemia que continua a fazer cada vez mais vítimas entre nós. Ainda o inverno não mostrou as garras e já a segunda vaga ultrapassa em dimensão e mortandade a primeira. A chegada da estação do frio e da época da gripe pode gerar não uma terceira vaga, ou a continuação desta segunda agora em curso, mas um verdadeiro tsunami capaz de instalar o caos no SNS, no Governo e em Portugal.
É obrigatório que todos se entendam e que tentem, por qualquer meio, reduzir à mínima expressão os efeitos da Covid-19. São esses os votos que aqui deixo, minha querida Berta, na esperança de um futuro melhor do que aquele que o horizonte nos parece querer mostrar. Despeço-me com um beijo de fé, de confiança e de solidariedade, este teu amigo de sempre,
Gil Saraiva