Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente
correto.
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O dia 9 de fevereiro chega ao fim com o aparecimento da Lua Cheia. Entramos em noite de lobisomens, de bruxas, de encantamentos, isto se levarmos em linha de conta o lado místico e mais oculto dos cultos que se dedicam ao nosso satélite natural, ou seja, à Lua. Esta é a noite perfeita para pragas, feitiços e bruxedos, poções, magias e outros medos, feitos nas montanhas, nos montes, nas grutas e rochedos, tudo coisas importantes para mágicos, profetas, alquimistas, druidas, feiticeiros, bruxas e artistas dos contos absurdos de ocultos rituais, que tentam à força dar nas vistas.
É o caso concreto do site que dispõe de “videntes”, “astrólogos”, “tarólogos”, “numeralólogos” e “positivólogos” da Wengo, nome que por coincidência rima com trengo, que nos apresenta as caraterísticas desta específica Lua Cheia em Leão, sendo que estas explicações, pelo que me foi dado a compreender, nada têm a ver com o facto de estarmos perante uma Lua de Neve, a primeira grande “Super Lua” de 2020.
A Lua de Neve ganhou o seu nome dos indígenas americanos, pela forma quase fluorescente como a neve brilha sob a sua luz. A NASA explica que se trata de uma Lua Cheia Maior, parecendo 14 porcento mais volumosa e 30 porcento mais brilhante do que uma Lua Cheia normal por se encontrar no perigeu lunar que é o ponto em que a Lua se encontra mais próxima da Terra, ora quando nessa altura especifica isso coincide com uma Lua Cheia ficamos, obviamente perante uma “Super Lua”.
Todavia, amiga Berta, eu queria era falar do tal site da Wengo.pt, que dá consultas sobre variadíssimos temas, a preços que oscilam entre 1 e 2 euros por minuto. As consultas aparecem no separador das terapias, sendo 14 os protagonistas. Passo a citar: Paulo Horta Silva, “psicólogo clínico” e “hipnoterapeuta”; Carla Santos, “naturopata” e “coaching”; Marcia Esteves, “naturopata”; Maria Silva, “líder yoga do riso”; Ana Gomes, “conselheira de moda”; Vitor Valente, “terapeuta”; Patrícia Chagas, “socióloga” e “psicoterapeuta holística”; Maria Amaral, “terapeuta” e “conselheira espiritual”; Maria do Rosário Fonseca, “chef de cozinha”; Paula Terapias, “terapeuta” e “naturopata”; Lília Abreu, “terapeuta de riso” e “risoterapeuta”; Rowena Terapeuta, “terapeuta holística”; Alexandra Silva, “terapeuta”; Cigana Sulamita, “terapeuta floral”.
Ora, as consultas, esclarece o site, podem ser feitas por chat, por email ou por telefone e só se iniciam depois do pagamento confirmado. Não pense, porém, que só há Trengo em Portugal, digo Wengo, nada disso eles existem no Brasil, na Turquia, na Dinamarca, nos Estados Unidos, na Alemanha, no Reino Unido, em Espanha, em Itália, em França e na Suíça, só para citar os principais.
A minha principal curiosidade sobre estes ditos especialistas, que prometem segredo (eu, no lugar deles, até o jurava), não é se no meio desta fantochada não possam existir uma ou 2 pessoas, com boas intenções, e até, com alguns conhecimentos reais, nada disso. O que me deixa realmente curioso, é saber como, por exemplo, a dona Lília Abreu me ia ajudar com a sua “risoterapia” estando eu a pagar um euro e dez cêntimos por minuto de consulta. É que se a minha cura é rir, basta-me o disparate da expressão “risoterapeuta” para eu me rir por algum tempo só de imaginar os papalvos na consulta, enquanto o taxímetro debita 1,10 euro por minuto.
E quanto tempo levará a “chef de cozinha” a dar-me a receita da felicidade? É que não sei se, a 2 euros por minuto, não seria melhor eu ir jantar ao restaurante do Ritz? E não ficaria, mesmo assim, mais barato? Por outro lado, adoro a ideia do “hipnoterapeuta” me hipnotizar por email. Não sei porquê, mas acho mais fácil eu livrar-me primeiro de uma prisão de ventre do que isso acontecer. Se bem que a merda é a mesma, mas estou mais acostumado à última, vá-se lá saber porquê. Por fim, quanto à “terapeuta floral” da Cigana Sulamita, eu mesmo era capaz de lhe explicar que era pela mitra, palavra educada para cu de galinha, que eu lhe metia as flores, se ela me tentasse tratar com um cheirinho de alfazema.
O mais espantoso disto tudo, nem é o disparate das terapias, mas a cobrança ao minuto, qual taxímetro frenético a dar com os “pseudo-pacientes” em “provável-depenados” no final de uma consulta. Muito mais fica por dizer, deste site que descobri por causa da Lua de Neve, mas acho que descrevi, suficientemente, a alegada fraude a que tudo isto cheira. Aliás nem vi, em lado nenhum, como são feitos os descontos se, por exemplo, um destes terapeutas resolve espirrar ou começar a tossir ou se lhe der uma caganeira a meio da consulta, fazendo a chamada cair, por força do perfume e da temática em causa. Devo confessar que, a dada altura, esperei poder encontrar uma “naturoputa” no meio de tanto especialista, pelo menos desta eu sabia perfeitamente o que esperar como remédio ou cura.
Passemos, mas é, para o teu desafio das quadras populares sujeitas a mote. Hoje, sob a égide dos Segundos Sentidos, passamos à que eu construi para ultrapassar o tema.
Série: Quadras Populares Sujeitas a Tema - 17) Segundos Sentidos.
Segundos Sentidos
Mezinha, não é remédio,
Omitir, não é mentir,
Cortejar, não é assédio
Nem ir p’ra cama, é dormir.
Gil Saraiva
Enfim, todos no mundo têm direito a ganhar a vida, eu, por exemplo, poderia ganhá-la como “carto-terapeuta”, e como levo, pelo menos, um bom par de horas em cada carta, sempre ganhava 240 euros por carta o que era um progresso imenso na minha vida. Recebe um beijo, despeço-me saudosamente, este teu amigo de todos os dias,
Eu sei que sou muito crítico relativamente a algumas coisas. É verdade, tenho de reconhecer que assim é. Aliás, há assuntos e alguns costumes que me põem facilmente os nervos em franja. Um dos casos é o uso do inglês, ou outras línguas, para denominar coisas, eventos, ou até empresas, que poderiam muito perfeitamente ser descritos na língua de Camões. Se o uso do inglês, ou de outra língua, já foi considerado um elemento de relevância e prestígio, hoje em dia essas aberrações fazem-me lembrar a introdução do que é pimba e vulgar no vocabulário português, que é bem nosso e característico.
Estava a ver as novidades do dia 8 de fevereiro de 2020, quando deparei com uma larga ação de formação de uma escola nacional sob o tema “Pedicure sem Corte”, a decorrer em Beja, com repetição amanhã em Évora. A escola de beleza, apresenta um programa de formação no tratamento dos pés, se usarmos o estrangeirismo do cartaz, estou-me a referir a um programa de pedicure.
A expressão afrancesada pode ser mais curta, mas é menos esclarecedora do que a simples designação de “tratamento de pés”, tratamento este que pode não se preocupar apenas com atos curativos, como remoção de calos ou de peles secas, como também cuida do respetivo embelezamento, se possível, dos nossos terminais anteriores. A moda está tão arreigada já que dizemos mais facilmente que fomos à pedicura do que fomos à tratadora dos pés. Como se usar os termos lusos fosse desprestigiante para os profissionais do setor. Enfim, sinais dos tempos.
Mas não foi a expressão pedicure que me enervou. O que me irritou mesmo foi o nome da escola que promoveu o evento. Aí sim, senti-me profundamente irritado. A dita cuja dá pelo nome de Portuguese Beauty School, ora, fosse eu o Fernando Rocha do afamado “Levanta-te e Ri” e diria, sem pejo, “puta que pariu”.
Pergunto-me, abismado, quem terá sido o transgénico e malfadado energúmeno que se lembrou de um nome destes? Então? Era assim tão desprestigiante e foleiro criar a Escola Portuguesa de Beleza, carvalho? Poderiam por acaso os alentejanos aderir menos ao programa de formação anunciado? Ou será que o problema se põe é em Trás-os-Montes? Se ainda consigo, na minha tacanhez, entender que é mais fácil aderir a um curso de pedicure do que a uma formação de tratamento de pés ou de cascos, já me ultrapassa totalmente em que é que a Portuguese Beauty School se superioriza à Escola Portuguesa de Beleza. Raios me partam se entendo tal disparate.
Enfim, mais não digo sobre este tema, porque em tempos de Brexit, ele não merece sequer esta exposição. Regresso às minhas quadras sujeitas a mote, cujos motivos foram da tua escolha, amiga Berta. Desta vez, a terceira idade. Cá vai…
Série: Quadras Populares Sujeitas a Tema - 16) A Terceira Idade.
A Terceira Idade
Os velhos de antigamente
Eram reserva dos Povos,
Agora, já nem são gente,
Por desrespeito dos novos…
Gil Saraiva
Com mais esta quadra termino a minha carta de hoje, recebe um beijo deste teu amigo,
Eu sei que o início temático, nestas minhas últimas cartas, tem sido um pouco pesado. Por isso, para aliviar a coisa, escolhi para o dia 7 de fevereiro o terceiro aniversário da nossa vitória no Festival da Eurovisão. Foi a 7 de fevereiro, precisamente há 3 anos que “Amar pelos Dois” de Salvador Sobral, terminou com a maldição das classificações secundárias de Portugal neste evento. Vencemos e deixámos a concorrência a milhas, relativamente aos pontos que cada canção atingiu, na final do certame de 2017.
Salvador Sobral era nessa altura um músico desenquadrado da ribalta festivaleira, que sofria de um grave problema de coração, sendo visto, por quem o conhecia, como uma espécie de anti-herói de quem não seria de esperar feito algum. Contudo, o mais imprevisto dos prognósticos concretizou-se quando conquistou o mundo, fazendo história ao interpretar o tema escrito pela irmã, Luísa Sobral, trazendo o ambicionado caneco para o país que oficialmente o desdenhava, mas que secretamente o ambicionava como de pão para a boca.
O ano passado o cantor, depois de uma operação bem-sucedida do transplante ao coração e da respetiva recuperação da mesma, regressou finalmente aos palcos, lançando o seu segundo álbum “Lisboa, Paris”.
Nos últimos tempos, o cantor, que sente orgulho de ter vencido o Festival da Eurovisão, mas que não dá relevância à excelente passagem que teve nos “Ídolos”, adora apresentar em palco, clássicos que considera imortais, com especial destaque para com aquele que julga ser o maior interprete de todos os tempos, ou seja “Jacques Brel”. Ouvi-lo no papel do seu herói é uma experiência singular que te recomendo, minha querida amiga.
Passemos agora às quadras populares sujeitas a tema com que me tens desafiado. O tema Vegan foi, entre os últimos o mais difícil. Contudo, gostei do resultado.
Série: Quadras Populares Sujeitas a Tema - 15) Vegan.
Vegan
Dizes que carne não comes,
Vegan, é que é boa malha,
Ficas magra, quase somes,
Todo o burro come palha…
Gil Saraiva
Com esta quadra me despeço até à carta de amanhã. Recebe um beijo amigo, deste sempre presente compincha, que não te esquece nunca,
6 de fevereiro é, a partir deste ano, também em Portugal, o Dia da Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina. Podes pensar que este é um assunto que nada tem a ver com os hábitos e costumes lusos e, estando totalmente correta, tenho é que te lembrar que, cada vez mais, temos migrantes a residir no nosso país onde essas práticas são de uso corrente, muito para além do que nós, à partida, imaginamos possível e aceitável. Daí a medida fazer todo o sentido, servindo de alerta para o problema.
No mundo são mais de 200 milhões de meninas e mulheres sujeitas a este ato de barbárie que continua a subsistir no século XXI. O fenómeno é usual na Etiópia, na Eritreia, na Gâmbia, no Mali, na Nigéria, no Senegal, no Sudão, na Tanzânia, na Costa do Marfim, no Djibuti, no Benin, no Burkina Faso, na Índia, na Indonésia, no Sri Lanka, na Malásia, no Egito, em Omã, no Iémen, nos Emiratos Árabes Unidos e no Peru.
Contudo, face às migrações, o problema já se espalhou para países como a Austrália, o Canadá, a Dinamarca, a Alemanha, a França, a Itália, a Holanda, a Suécia, o Reino Unido, os Estados Unidos da América e Portugal. Todavia, esta lista apenas apresenta os países onde o problema já tem proporções significativas. Basta olhar para o nosso exemplo nacional. Quem imaginaria que, segundo os números relativos a 2018, 43 mil mulheres e crianças, neste cantinho à beira mar, foram sujeitas à Mutilação Genital Feminina? É difícil de engolir estes números, contudo, o problema é bem mais extenso uma vez que estes são apenas os números oficiais confirmados. Inacreditável, não é, minha querida amiga? Mas bem real, infelizmente.
Assim, a existência de um “Plano de Ação para a Prevenção e o Combate à Violência Contra Mulheres e à Violência Doméstica 2018-2021”, integrado na “Estratégia Nacional para a Igualdade e a Não-descriminação 2018-2030” e do “Programa Portugal + Igual”, faz todo o sentido. É aqui que se prevê e enquadra o combate às práticas tradicionais nefastas, como é o caso da Mutilação Genital Feminina. Uma praga que urge combater com a maior seriedade e prontidão, criando os normativos necessários a uma atuação que não apenas seja célere como também eficaz.
Voltando agora à temática do teu desafio, no que se refere à criação de quadras populares, sujeitas a tema, a tua última escolha recaiu sobre “O Corrupto”. Tentei o meu melhor para estar à altura de mais esse desafio. Espero que a próxima quadra o supere. Posso afirmar que, embora existam temas mais difíceis que outros, às vezes não é bem na dificuldade do tema que eu encontro o problema, mas sim na limitação curta dos versos de uma quadra, para se expor uma ideia, de modo claro e sintético. Enfim, eu vou tentando, quando tiver que me render, também o farei. Tema de hoje:
Série: Quadras Populares Sujeitas a Tema - 14) O Corrupto.
O Corrupto
Defender o que é de todos,
Mas não pertence a ninguém,
Pode bem gerar engodos,
Para o proveito de alguém…
Gil Saraiva
Chegada que é a hora de mais um adeus, é com um beijo saudoso que se despede este teu amigo eterno, sempre ao dispor da sua boa amiga,
Terminou, organizado pela ARS alentejana, sob a égide do Serviço Nacional de Saúde, na Universidade de Évora, a Conferência Internacional – Envelhecer em Segurança no Alentejo. Compreender para Agir. Mas depois, mais especificamente, a temática perde o pendor regional que a embebia para se voltar para os problemas de como prevenir as quedas e a violência sobre idosos.
Devo confessar que quando li “Compreender para Agir” pensei orgulhosamente que estava, o nosso pouco abonado Serviço Nacional de Saúde, a investir realmente sobre uma região onde o idoso precisa efetivamente que se aja. Aliás, seria natural que a Conferência nos apresentasse um rumo, com diretrizes determinadas sobre como intervir no seio do Alentejo junto dos idosos, muitas vezes totalmente isolados e sem meios ou qualquer tipo de apoio. Após Conferência, portanto, veríamos o fruto dessa reflexão resultar em medidas concretas, a implementar pela Administração Regional de Saúde do Alentejo, no terreno.
Porém, enganei-me redondamente. No final do programa, uns dizeres, nas referências, incluíam a palavra FEDER. Foi aí que todo o meu castelo desmoronou. Aquilo a que pomposamente se chamara de “Conferência Internacional – Envelhecer em Segurança no Alentejo, Compreender para Agir”, mais não era que a reunião de algumas personalidades pagas a peso de ouro, por fundos comunitários, para se deslocarem a Évora e se ouvirem entre si, a falar sobre idosos. Pior, a parte do “Compreender para Agir” apenas serviu para uma apresentação por parte da ARS alentejana do que já estava previamente traçado para a região.
Assim sendo, não só não compreenderam as especificidades da realidade alentejana na terceira idade, como dali jamais resultará qualquer ação prática em benefício dos alentejanos, muito menos da sua população sénior. A batelada de euros gastos neste evento, pagamentos de participação aos ilustres oradores, mais deslocalização (incluindo deslocação, horas extras, compensações de interrupção do trabalho normal, entre outros extras que sempre se inventam) e ainda a hospedagem dos mesmos, para além dos fundos pagos à Universidade pela cedência de espaço, infraestruturas e staff, etc., serviu unicamente os interesses dos oradores e organizadores do evento.
Tudo bem pago pelos contribuintes europeus para botar discurso e se masturbarem mentalmente, em conjunto, numa orgia filosófica de grupo fechado. A minha revolta quanto a estas ações subsidiadas pelo tal de FEDER é tal que só me apetecia mesmo mandá-los a todos FEDER.
Desculpa o desabafo, minha querida amiga, mas este tipo de coisas, em que se usa uma população necessitada, para unicamente masturbar ilustres personalidades, irrita-me solenemente. Se querem bater uma ou duas que o façam na privacidade dos seus lares, sem recurso aos fundos de todos nós. É pornográfica toda a situação e, portanto, revoltante.
O melhor é regressarmos às nossas quadras sujeitas a mote e ao desafio que me lançaste. O tema de hoje é o ambientalista. Um mote muito em voga, na crista da onda, que muitas vezes serve mais interesses ocultos do que o ambiente em si. Mas vamos lá à minha quadra:
Série: Quadras Populares Sujeitas a Tema - 13) O Ambientalista.
O Ambientalista
Proteger o ambiente
Está na moda outra vez,
Mas ainda há muita gente
Que diz que faz, mas não fez.
Gil Saraiva
Com esta quadra me despeço, por hoje, com a mais elevada estima e carinho, este teu amigo do peito,
Os jornais e as televisões deram conta que a Lei das Rendas, o conhecido NRAU, ainda mais conhecido pela famigerada Lei Cristas, vai manter-se em banho Maria por mais 2 anos. Esta lei que levou ao suicídio de um elevado número de idosos no tempo do Governo de Passos Coelho, que se viram postos na rua de casas que habitavam, muitos deles, há mais de 30 anos, vai prolongar o seu compasso de espera.
Na verdade, a lei salvaguardava alguns idosos, aqueles que tinham mais de 65 anos e os portadores de deficiência igual ou superior a 60 porcento. Para estes, as rendas, não puderam ser atualizadas mais do que um valor equivalente a cerca de um quarto ao seu rendimento total, quando este se situava abaixo dos 1000 euros, ou algo assim, porque a fórmula era mais complexa.
Para os outros, e durante um período que começou por ser de 5 anos, os valores, depois do primeiro acerto, não poderiam ser mexidos, dando esse tempo aos inquilinos para procurarem outra habitação. Decorrido o prazo as rendas poderiam ser atualizadas aos preços de mercado. No entanto, mais uma vez, o PS adiou para 2022 a entrada em vigor desta parte da nefasta lei.
Quando uso a palavra nefasta sei que parece protecionista de uma faixa da população, que vive em zonas muito valorizadas a preços baixos. É verdade.
Porém, estamos a falar de uma população idosa, de muito poucos recursos económicos, que não teria para onde ir, se a lei já tivesse integralmente entrado em vigor. Em muitos casos, os valores das suas pensões nem chegam para alugar um quarto na província e sobreviver.
Se o Estado quer fazer justiça aos senhorios, por outro lado, acho perfeitamente razoável que a faça, contudo, salvaguardando, ele próprio, os montantes diferenciais em causa. Segundo um artigo recente do DN, nos 4 piores anos de crise, no tempo da Troika, foram quase 15 mil os homens com mais de 65 anos, que se suicidaram em Portugal, tendo esse número sido reduzido para um terço desse valor, a partir dos anos que se seguiram ao fim do desgoverno da austeridade cega.
Mesmo assim, e agora generalizando para toda a população, parece que ainda estamos a recuperar da crise, uma vez que, segundo a Organização Mundial de Saúde, a OMS, e embora o suicídio tenha baixado imenso por terras lusas, enquanto que a taxa deste tipo de morte é de 10,7 para cada 100 mil habitantes em termos médios mundiais, em Portugal, que está no primeiro lugar do ranking no globo, esta taxa ainda se cifra nos 13,7; ou seja, valores mais de 20 porcento acima da média existente em todo o resto do mundo.
Desculpa a abordagem, mas existem coisas, nesta nossa existência, que me revoltam imenso. Os 10 mil suicídios extra, no tempo da Troika, deveriam ter levado Passos e Cristas ao banco dos réus, num tribunal, por homicídio massivo de portugueses, mesmo que pudessem alegar ter sido involuntário. Há coisas que nunca se deveriam fazer e que, uma vez feitas, jamais terão perdão. Como é hábito nas minhas cartas, tudo aqui é dito alegadamente, ao fim ao cabo até a OMS se pode equivocar, quanto mais eu.
Mas voltemos ao tema destes dias. O desafio das quadras sujeitas a mote, desta vez para falar de animais domésticos. Aqui vai a minha tentativa, que, modéstia à parte, me parece bem conseguida:
Série: Quadras Populares Sujeitas a Tema - 10) Os Animais.
Os Animais
(Maltratados)
Quem maltrata gato e cão
Por apenas malvadez,
Não precisa de prisão,
Mas sim provar do que fez…
Gil Saraiva
Com a quadra me despeço, não sem antes deixar-te um beijo saudoso, minha querida amiga, deste amigo de todos os dias e de muitos mais, certamente,
Não sei se tens acompanhado, minha amiga, a discussão sobre a eutanásia. Terminar com a vida de alguém é efetivamente uma coisa séria. Mas nós vivemos em democracia e demos o poder de legislar, nas urnas, aos nossos representantes.
Os deputados, por muito que alguns lhes invejem a vida, mesmo sendo obrigados a votar, até contra a sua própria vontade, por disciplina partidária, por mais que se descubram desonestos no seu seio, são quem escolhemos, dentro das regras democráticas que traçámos para o país. São eles que regulam e criam as normas legislativas do país e foi precisamente para essa tarefa que os elegemos.
É a eles, que incumbe a responsabilidade de decidir o que fazer quanto a cada tema, de acordo com as maiorias parlamentares que arranjem, para cada um dos assuntos em causa, durante os anos que ali estão em funções. Portanto, terão de ser eles a votar a eutanásia e a definir as regras da sua execução, quer isso signifique a aprovação ou o chumbo da lei, apenas eles e mais ninguém.
Não me parece justo é ir pôr em causa a vida ou a morte de alguém, baseada na minha opinião, cuja área principal é o jornalismo, na opinião da Igreja Católica, que impõe o celibato aos padres e descrimina as mulheres, ou do meu eletricista que só quer saber de curto-circuitos, de minis e de futebol.
Votar a adoção e legalização da eutanásia por referendo é que seria profundamente errado. Se não confiamos no sistema temos, pelo voto, a possibilidade de o mudar. Mas não me peçam a mim para tomar o lugar que não é o meu e ir votar em algo sobre o qual até sei alguma coisa, embora tendo a consciência de não saber o bastante para aceitar essa responsabilidade.
Desculpa o aparte, mas o assunto anda na ordem do dia e eu sinto-me incomodado com algumas das coisas que vou ouvindo e lendo. Quanto à temática da nossa carta, sobre quadras sujeitas a tema, escolheste-me para hoje algo ligado à justiça. Por via das dúvidas fiz 3 quadras.
Série: Quadras Populares Sujeitas a Tema - 7) O Juiz.
O Juiz I
Se fores, em tribunal,
Injustamente acusado,
O juiz que te fez mal
Devia acabar culpado.
O Juiz II
Condenar, sem ter certeza,
Perdoar, por preconceito,
São critérios de tristeza
De juízes com defeito.
O Juiz III
Decidir, sem ter razão,
Num juiz é mais que asneira…
Se uma luva é para a mão,
Não se usa na carteira.
Gil Saraiva
Com estas 3 respostas me despeço, recebe um beijo amigo deste que nunca te esquece,
Esta é nonagésima nona carta que te escrevo. O tempo passa, minha querida amiga, e quase não damos por ele. Parece que foi ontem que começamos a trocar correspondência. Espero que as nossas cartas te tenham proporcionado o mesmo que a mim. Estes últimos 3 meses e tal foram deveras criativos. Este facto é, pelo que consigo lembrar-me, a única coisa boa da tua partida de Lisboa rumo ao Algarve.
Saber que alguém espera por um dado momento do dia para nos ler é algo muito agradável. Ainda para mais se for, como acontece, alguém com o devido sentido crítico. Contudo, se algum dia te fartares estás à vontade para avisares. Nada disto teria qualquer graça se fosse feito por frete, a contragosto ou algo do género.
O teu tema de hoje, para as quadras populares, foi dos mais difíceis até agora. Bem… também me pode ter faltado a inspiração na hora de escrever, porém, acho que consegui passar a ideia, mas tu é que serves de júri. Se reprovares alguma eu quero ter direito a, pelo menos, mais duas tentativas, combinado? Espero que sim.
Série: Quadras Populares Sujeitas a Tema - 6) O Chico Esperto.
O Chico Esperto I
(Primeira Tentativa)
Quem sem água mata a sede,
É esperto ou oportunista,
É como pescar, sem rede,
Há que ser-se especialista.
O Chico Esperto II
(Segunda Tentativa)
A mim não me enganas tu...
Tudo sabe o rei do esquema,
Vende frango por peru,
Para ele, truque é poema.
Gil Saraiva
Por hoje é tudo, recebe este beijo com que me despeço, feliz por estas nossas conversas escritas, com carinho e saudade, este teu amigo do costume,
Hoje estou bem mais calmo. Já me passou a neura benfiquista. Por outro lado, este país continua, admiravelmente, a escapar, por entre os pingos da chuva, como se não fosse nada com ele, às maleitas do nosso mundo. Só mesmo por milagre é que se justifica ainda não termos infetados com o coronavírus, em Portugal. Basta pensar que só a região de Lisboa tem, por dia, em média, mais de 1200 novos turistas chineses. Ora, este número tão expressivo deveria constituir uma verdadeira ameaça no que concerne à propagação do vírus, mas não. Cá continuamos nós, alérgicos ao coronavírus, sem que a maleita nos invada a todo o gás.
Só de pensar no caos que é o aeroporto de Lisboa, me dão arrepios espinha abaixo se, valha-nos Nossa Senhora de Fátima (dirão os católicos), a pandemia chegar até ao nosso amado burgo. Por muito alerta que exista por parte das autoridades de saúde, uma chegada do vírus, via aeroporto, dificilmente seria travada e contida em tempo útil. Porquê? Porque simplesmente não existem condições. Em termos de ranking ocidental estamos em primeiro lugar e em terceiro, na lista dos piores aeroportos.
Acho que o que nos tem valido são as despistagens feitas nas partidas dos passageiros, principalmente os chineses, que para cá se deslocam.
Considero, muito sinceramente, que estamos perante uma bomba relógio. Ainda não aconteceu cá chegar um caso daqueles em que o vírus, na fase de incubação, não é detetado na origem, à saída. Quanto tempo durará essa sorte? Terá a Nossa Senhora mudado de poiso para os nossos aeroportos? Não vejo outra explicação e nem sequer sou crente.
Bem, pondo isso de lado e falando do teu desafio. O próximo assunto que escolheste para as quadras sujeitas a tema está mesmo na ordem do dia. Eu, não só consegui fazer a quadra, como tenho a certeza que se, as penas aplicadas aos prevaricadores pelos juízes, seguissem o meu conselho, quase que deixaríamos de ter violência doméstica em Portugal.
Série: Quadras Populares Sujeitas a Tema - 5) Violência Doméstica.
Violência Doméstica
Não devia ter casado.
Quem, na mulher, bate, em casa,
Talvez se fosse castrado,
Perdesse força na asa…
Gil Saraiva
Com mais este desafio superado me despeço, deixo-te um beijo saudoso e amigo, como sempre é meu hábito quando te digo até à próxima, o mesmo de sempre,
Espero que esta carta te vá encontrar de boa saúde. Eu hoje estou um pouco triste. O Benfica foi ao Porto jogar e, infelizmente, contraiu o Corona. Falta saber se é mesmo o vírus. Pelo que se fala, vai ficar pelo menos 3 dias de quarentena, para despistar a maleita. É bem feito que é para aprender que as estratégias se planeiam jogo a jogo. Não há, nem nunca houve, uma fórmula mágica geral contra as epidemias. Afinal treinador prevenido vale por 2. Não achas?
Há quem diga, ainda, que a culpa foi do hotel, que andou a dar cerveja mexicana aos jogadores, mas não me parece que a Corona Extra fizesse mal a todos os atletas e pior ainda ao treinador. Se fosse por mim era uma laje pela cabeça abaixo, não muito grossa, apenas o suficiente para fazer galo, para ver se o homem não arranja desculpas parvas para mais uma humilhação. Já chega, diria um certo político que também parece ser do Benfica, pelo menos, a ter em conta, a quantidade de disparates que vomita.
Eu, por enquanto, estou convencido que é alergia ao Dragão. Nunca se sabe se o bicho não tem assim uma espécie de bafo de onça. Ah, por falar nisso, que rico tema que a minha querida me arranjou para hoje, já não chegava a minha disposição:
O amigo da onça. Não me bastava o bafo do animal, a espalhar a nova gripe das aves pela Águia, ainda tenho essa quadra para criar. Se a quadra sair com asneira à mistura não te admires, pois, como deves calcular, não me encontro nos meus melhores dias. Tentarei, dentro do exequível, ser o mais suave possível.
Série: Quadras Populares Sujeitas a Tema - 4) O Amigo de Onça.
O Amigo da Onça
Se queres ser meu amigo,
Mal de mim não digas tu,
Acredita que consigo
Mandar-te levar no cu.
Gil Saraiva
De repente sinto-me mais relaxado. Desabafar fez-me bem. Despeço-me com o costumeiro beijo saudoso, deste teu grande amigo que não de esquece, sempre ao teu dispor e com a maior das considerações,