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Alegadamente

Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente correto.

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Carta à Berta: Magazine de Campo de Ourique - Lisboa com Alma

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Olá Berta,

Já lá vão 8 anos, desde que a 21/02/2012, uma terça-feira em dia capicua, como o que recentemente passámos, em que lancei a primeira magazine, em formato A4, denominada Centro Comercial de Campo de Ourique, que apenas durou 3 números e que, haveria de dar lugar, até 2015 à magazine Lisboa com Alma, que lançou mais 13 números, quer com publicação digital, quer em papel.

O conteúdo continuou a ser dedicado à alma de Lisboa, ou seja, a Campo de Ourique. De realçar que, no quarto e último ano, o formato foi alterado, a pedido dos leitores, de A4 para A5. A magazine só não se manteve até hoje, porque a exposição à austeridade, e a  consequente falta de verbas extras no comércio do bairro, para publicidade, acabou por se tornar fatal.

As 68 a 128 páginas da Lisboa com Alma, tinham uma composição interessante, pois que a administração decidira nunca ultrapassar em publicidade mais de 50% do total do espaço da revista. Isto deu azo ao lançamento de alguns artigos de fundo sobre o bairro, as suas gentes e a sua história, que muito orgulho tive, enquanto editor, a trazer à luz.

Ao todo foram editados 48 mil exemplares da revista, a uma média de 3 mil por publicação, foram realizadas mais de 30 entrevistas com personalidades do bairro, o que foi verdadeiramente enriquecedor. Também se publicaram artigos de fundo sobre a Casa Fernando Pessoa, a Casa Museu Amália Rodrigues, o Museu João de Deus, o CACO (o clube Atlético de Campo de Ourique), a centenária Padaria do Povo e a sua capacidade de resistir ao passar dos anos, o Geomonumento da Rua Sampaio Bruno.

Ainda tivemos tempo para as histórias do Ginásio Clube Português, da Sociedade Filarmónica Alunos de Apolo, da Panificação Mecânica que, situada numa esquina da Rua Silva Carvalho (números 209 a 223), já ultrapassou, também ela, o século de existência, pois que nasceu em 1902, e ainda descrevemos o nascimento do “Amoreiras Shopping Center” e do “Amoreiras Plaza”, como também dedicamos várias páginas à “Fundação Maria Ulrich”, ao Quartel de Campo de Ourique e à nossa Associação Humanitária Bombeiros Voluntários de Campo de Ourique.

Contudo, o que mais gozo me deu, foi a criação dos prémios de excelência dedicados aos serviços, comércio e restauração de Campo de Ourique. Digo isto porque, a grande maioria dos negócios do bairro premiados, na sua respetiva categoria, agraciados com o galardão e diploma -” Lisboa com Alma”, ainda hoje, seis anos depois da última entrega, continuam a ostentar, nas suas paredes, a atribuição do referido reconhecimento, com o orgulho bem vivo de o terem recebido. Mantive até hoje a propriedade intelectual do nome “Lisboa com Alma”, quem sabe…

Este quem sabe, amiga Berta, tem a ver com a minha esperança de voltar, um dia, a relançar no bairro este prémio maravilhoso que tanta alegria deu a muita gente.

Por hoje fico-me por aqui, despeço-me de ti com um beijo carinhoso, este teu amigo de todos os dias,

Gil Saraiva

 

Carta à Berta: O jornal do Bairro de Campo de Ourique - O Javali

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Olá Berta,

Fez este mês 6 anos e meio que lancei em Lisboa, no Bairro de Campo de Ourique, um jornal local gratuito, semestral, destinado ao bairro e a quem o visitava. A ideia manteve-se viva e ativa durante 3 anos e permitiu que fossem editadas 6 publicações e distribuídos um total de 18 mil jornais. Foi uma iniciativa que me ajudou imenso a desenvolver a minha relação de proximidade com as duas freguesias que compunham, à época, a zona a que me dediquei, nomeadamente a freguesia de Santa Isabel e a Freguesia de Santo Condestável. Foi um trabalho gratificante e extremamente enriquecedor para um jornalista profissional que, como eu, se dedicava pela primeira vez à imprensa local.

Hoje em dia, as duas freguesias estão unidas e tomaram o nome do Bairro, passando a chamar-se Freguesia de Campo de Ourique, pelo que constituem a mais densa freguesia de Lisboa em termos de população e de concentração de comércio e serviços, num total de quase 2.500 empresas de comércio, negócios e serviços, encaixadas numa área de 1,65 quilómetros quadrados, com uma população que ultrapassa os 25 mil residentes.

Para fazeres uma ideia mais abrangente do Bairro, basta que te dê a noção que no número de estabelecimentos ligados à restauração ultrapassam já os 250, incluindo quiosques alimentares, padarias, cafetarias, leitarias, pastelarias, confeitarias, doçarias, cafés, tascas, tasquinhas, snack-bares, bares, pubs, “bistros”, “croissanterias”, “gastropubs”, cantinas, postos sociais de refeições, mercearias com refeições, “take-aways”, churrasqueiras, hamburguerias e restaurantes.

Convém realçar que, só no campo da restauração podes encontrar mais de 25 países, das mais variadas zonas do globo, representados pelos seus pratos típicos apresentados nas ementas. Quanto à gastronomia nacional, é fácil descobrir restaurantes representativos dos arquipélagos portugueses, do Norte, do Centro e do Sul do país. Tens nessa área os restaurantes tradicionais, regionais, vegetarianos, continentais e depois os especializados. Podes comer em espaços com ementas económicas, acessíveis ou relativamente caras, podendo escolher onde ir tendo em conta o que se tem na carteira disponível para tal.

Mas regressando ao princípio da carta, o jornal chamava-se “O Javali” porque era essa a figura que eu via quando olhava para o mapa e para os limites do bairro. Havia quem dissesse que via um elefante e quem não visse coisa alguma, mas “O Javali” foi o nome que acabou por ficar. Infelizmente a publicação nasceu no tempo da Troika e da austeridade e a administração decidiu, por motivos de viabilidade económica, encerrar o jornal ao fim de 3 anos de navegação adversa, bem como a revista do bairro que intercalava com ele e da qual te falarei amanhã ou num outro dia.

Tive imensa pena na altura. Ali se contaram, em formato A3 e em 48 páginas, em duas línguas, português e inglês, narrativas de grandes personalidades do bairro, a história de casas, ruas, monumentos, instituições e pessoas, para além da promoção do comércio e serviços locais. Também se lançavam propostas de itinerários, se destacaram os pontos de interesse e as novidades do bairro.

Lançamos receitas de culinária, fizeram-se entrevistas, ouviram-se as gentes na primeira pessoa e até houve lugar para as previsões dos astros para cada signo.   Quem sabe, alguém no bairro, um dia no futuro, não voltará a pegar na ideia e a lançar uma outra publicação, agora que a austeridade já não tem o mesmo peso que na época.

E não te incomodo mais com os meus saudosismos, minha querida amiga, despeço-me com um beijo carinhoso, deste teu amigo de sempre,

Gil Saraiva

 

 

Carta à Berta: Série: a Arte de Bem Comer em Campo de Ourique. 4) "Snack-Bar O Bitoque"

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Olá Berta,

Continuando a saga dos restaurantes de Campo de Ourique hoje vou-te falar, minha querida amiga, naquele que, dizendo-se um snack-bar, é para mim o melhor exemplo do que é comer bom e barato, ou seja, a genuína e verdadeira tasca de Campo de Ourique, quiçá uma das últimas de Portugal. Estou a falar do restaurante “O Bitoque”.

Uma pérola da cozinha tradicional portuguesa, um tesouro único no bairro, escondido, bem à vista de toda a gente, mas perfeitamente conhecido pelos residentes mais sábios. Não estou a falar dos novos, mas dos que, com 10 ou mais anos de bairro, conhecem bem as suas preciosidades e onde comer bem, sem perder couro e cabelo, para o alcançar com a qualidade desejada.

O bom, velho, estilo das tascas nacionais que se aprimoraram, no contexto do país, a partir dos anos 60 do passado século e que o requintaram até quase meados dos anos 90, tem aqui toda a sua mais ilustre representação. A decoração é alegre e saloia, desdenhando a necessidade da existência dos designers deste mundo. A televisão funciona, da abertura ao fecho, no tradicional canto do espaço principal, atafulhado, sem nunca se tornar claustrofóbico ou asfixiante. Qual joia da coroa, um maciço balcão corrido, de ponta a ponta, no espaço principal com, pelo menos 8 lugares sentados, forrados a lona azul, carimba a tasca.

No ar sente-se um leve odor a comida que, sem que este se torne enjoativo, aguça o paladar. Podemos começar pelas sopas, onde sempre é possível contar com um caldo verde, à moda antiga, uma deliciosa sopa alentejana, ou, porque não, a aprazível e caseira sopa de feijão verde. De realçar que todo o menu varia consoante os dias da semana, sendo que os pratos principais têm dia fixo para nos deliciar, engalanados pelo seu valor.

Nas carnes, os destaques são tantos que só vou mencionar alguns, pois encontramos desde o cozido à portuguesa, das quintas-feiras, até à dobrada à moda do Porto, passando pelo arroz de pato no forno, a carne de porco à alentejana, os escalopes de peru grelhados, as favas tradicionais, os rojões ou o bitoque à casa. Em todos eles, sem exceção, a sensação de regresso à aldeia é inevitável.

Os peixes variam conforme a oferta existente aquando das compras, efetuadas antecipadamente, pelo raiar do dia. É fácil encontrar um bacalhau à lagareiro, peixe espada grelhado, filetes de pescada fritos, perca, robalo ou dourada grelhada e, até mesmo, um delicioso arroz de gambas com ameijoa.

Na janela vitrine, que dá para a rua, é possível ver claramente os queijos da Serra da Estrela, os enchidos, as sobremesas e toalhetes de papel, escritos à mão, a anunciar ao mundo, a boa ameijoa, o bom berbigão, ou até os caracóis, se estivermos na época dos ditos.

Muitas destas iguarias obrigam ao forte aplauso das nossas papilas gustativas. Tudo isto faz de “O Bitoque” o quarto restaurante desta minha seleção na restauração do bairro.

Série: a Arte de Bem Comer em Campo de Ourique.

4) Snack-bar “O Bitoque”:

A verdadeira tasca portuguesa de Campo de Ourique.

Contudo, a dimensão é pequena, suportando um máximo de 24 lugares sentados, já contando com os 8 do balcão. Também dá pena que, um espaço assim, não se mantenha aberto pelo menos até à meia-noite, mas o que importa é a realidade existente e não os meus desejos enquanto cliente ávido por mais. O importante é que se come bem, à portuguesa e com muito mais prazer do que seria de esperar num espaço tão acatitado.

Tipo: Cozinha Tradicional Portuguesa

Aberto: Todos os dias das 08 às 22 horas

Fecha: Domingo

Preço: Restaurante: Económico

Classificação: 5 Estrelas

Convém dar ainda realce aos petiscos, aos pequenos-almoços e aos lanches pela tarde fora. As tapas existentes em outras casas, aqui tornam-se realmente petiscos no sentido mais rústico do termo. Podemos ver um jogo de futebol na televisão, com um prato de ameijoas ou de berbigão pela frente, umas fatias de queijo e presunto, variadíssimas sandes bem tradicionais, 100 ou 200 gramas de camarão cozido e beber, por exemplo, um Cabriz do Dão, cuja garrafa apenas custa 8 euros.

Enfim, a oferta é múltipla e diversificadamente apelativa. A simpatia e acolhimento luso está bem patente no pessoal, com quilómetros de experiência nas pernas e nos braços, sempre disponível, sempre simpático e sempre atento. Vigilante aos sinais dos tempos n’ “O Bitoque” a existência de “wifi” é uma realidade e os canais desportivos ajudam a fazer conversa na sala, com os clientes mais alegres e conversadores.

Sente-se, todavia, a falta de algum espaço interior e a ausência gritante de uma esplanada. O bar é completo e até é normal conseguir encontrar um medronho, de boa qualidade, para matar a saudade das tascas das nossas aldeias.

“O Bitoque” pode passar despercebido na Rua Ferreira Borges, número 59, em Campo de Ourique, onde assenta praça, mas apenas para quem atravessa a via de carro e não conhece o local porque, para os conhecedores, ele está perfeitamente localizado e é não só referência como também ponto de encontro habitual. Ainda para mais porque, o serviço de “take-away”, permite levar para casa as inúmeras iguarias aqui confecionadas, sejam elas refeições ou petiscos. Nem é preciso lá ir encomendar, basta ligar para o 21 39 65 636 e passar, na hora marcada, a recolher a encomenda efetuada, e, claro, pagar a conta.

Como depois de pagar é hora de sair, assim eu me despeço de ti, minha querida Berta, ciente de que te agradou, por certo, esta casa bem portuguesa onde a palavra tasca é, sem margem para quaisquer dúvidas, um verdadeiro elogio isto  bem ao contrário de algumas modernices que, tendo tasca no nome, mais não são do que pretensiosos sugadores da carteira dos clientes. Recebe um beijo de saudade, deste teu eterno amigo,

Gil Saraiva.

 

Carta à Berta: Série: a Arte de Bem Comer em Campo de Ourique. 3) Dali, Cozinha Surreal

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Olá Berta,

Deixei para hoje um restaurante e bar, quase pub, que nasceu em novembro de 2019, em Campo de Ourique. Estou a falar de um espaço, anteriormente ocupado pelo Túnel 16, snack-bar e restaurante, onde, agora, uma nova marca se assume como um dos mais inovadores e admiráveis espaços de restauração em toda a cidade de Lisboa.

A decoração, minha saudosa amiga, a lembrar velhos tempos, é paradoxalmente refrescante. O jogo de ornamentação varia entre espelhos, discos e capas de vinil, protegidas do ambiente por um acrílico transparente ou molduras com vidro frontal, que facilitam a limpeza e manutenção das paredes primorosamente alindadas, dando à limitada área de apenas 24 lugares sentados, uma dimensão que esta, efetivamente, não tem. É, portanto, altura de entrar no terceiro restaurante desta minha seleção de restaurantes do bairro.

Série: a Arte de Bem Comer em Campo de Ourique.

3) Dali, Cozinha Surreal:

O espaço culinário mais original de Campo de Ourique.

Estou, repito, a falar do Dali, Cozinha Surreal, na Rua Infantaria 16, no número 43, a pouco mais de 20 metros da Rua Ferreira Borges, mesmo em frente ao Quartel de Campo de Ourique, à direita de quem sobe, em direção à Rua Silva Carvalho. O local é notoriamente digno de elogios, mas, cara Berta, o que mais surpreende, não é o bigode, à Dali, de um dos coproprietários e barman do recinto, o senhor Victor Cavalheiro, um verdadeiro gentleman na arte de bem servir, mas o menu surreal com que somos brindados, de uma imaginação como não me lembro de ver outra.

É que, se os preços da carta de bar visam afastar, logo à partida, clientes de fraco nível económico, a ementa apresenta valores acessíveis e pensados para nos surpreender, deliciar o palato e confortar o estômago com as iguarias apresentadas.  São 8 as regiões do globo contempladas em outros tantos pratos no menu.

Entre a seleção de comidas do Brasil apresentada encontramos a “Moqueca Brasileira de Peixe e Camarão”, do Oriente aparece o “Tartar de Salmão Maçaricado” e dos Estados Unidos da América podemos saborear as famosas “Asas de Frango Picantes”. Depois de Itália aparece o “Carpaccio de Vitela”, da vizinha Espanha é sugerido encomendar o “Polvo à Galega”, já do país dos mestres da culinária, ou seja, de França, vem o “Boeuf Bourguignon”. Por fim, as mil e uma noites da Arábia suportam um “Quibe Vegan de Abóbora e Quinoa”, bem dentro dos teus gostos, querida Berta, enquanto, de Portugal, não se pode perder o “Pica-Pau na Panelinha”.

Mas há mais, muito mais, a “Picanha Brasileira” um bom naco alto e malpassado de carne suculenta e deliciosa, o “Cachorro Quente” e o “Hambúrguer Dali”, ambos de inspiração americana, o “Camarão no Varal” das terras de Shiva, as espanholas “Gambas al Aguillo” ou o “Presunto Ibérico Genuíno”, o prato italiano de “Duo de Bruschettas de Pomodoro e Brie com Parma”, as francesas “Ostras Gratinadas” e o tradicional “Bacalhau à Gomes de Sá”, feito de forma irrepreensível.

Posso ainda destacar-te, cara amiga, como entrada os “Corações de Frango Grelhados” inspirado em Terras de Santa Cruz, as sobremesas “Brownie de Nozes” com gelado, uma tradição americana, a “Cartola” brasileira, de banana e queijo, ou o “Queque de Cacau” e o “Bolo de Rolo”.

A cozinha, aberta de segunda a sábado, com o mesmo horário do estabelecimento, do meio-dia à meia-noite e ainda aos domingos do meio-dia às 17 horas, tem num duo feminino o segredo das iguarias apresentadas, ambas sócias do Dali, ambas vindas do Brasil, Jaqueline Leite e a chef Carol Silva.

Os vinhos de reserva têm todos rótulo português e são de curadoria especial da Wine Concept, de Lisboa. Terias muito que provar ali, Berta, tu que és uma fã incondicional do vinho tinto. Todavia, voltando ao Dali, o restaurante faz, desta forma, um esforço em possuir uma adega que represente os principais vinhos de todas as regiões do país, com uma carta pronta a proporcionar excelentes descobertas aos apreciadores, principalmente, no que aos vinhos tintos diz respeito.

Contudo, aqui ficou-me a dúvida, pois sei que o sócio Tavinho Viera, é o responsável pelas opções vinícolas do Dali, estará este senhor também ligado à Wine Concept, deixo essa descoberta para os mais curiosos, uma vez que o que aqui me interessa é apenas e só aquilo que, como cliente, consigo desfrutar numa casa.

A não perder a recente criação da “Happy Hour” que se inicia pelas 17 horas. Caso o cliente não tenha preocupações económicas, recomendo ainda que não deixe de beber o “Cognac Especial” da casa, um “Camus” de ir às lágrimas e chorar por mais. Antes que me esqueça, recomendo a quem aqui deseje vir, principalmente, às horas das refeições, que faça marcação pois os lugares, como já referi, não são abundantes. Basta ligar para o número 966 259 945 e dizer o dia, hora e quantas pessoas são.

Se a habilidade e mestria das cozinheiras Jaqueline e Carol, é fundamental para a genialidade da casa, o atendimento, serviço e simpatia de Victor, um vero Cavaleiro feito Dali, é, sem qualquer margem para dúvida, o maior segredo daquele que considero ser, à distância, o espaço culinário mais original, desconcertante e arrojado de Lisboa.

Tipo: Especialidades / Cozinha do Mundo

Aberto: Todos os dias das 12 às 24 horas

Fecha: Domingo depois das 17 horas.

Preço: Restaurante: Acessível / Bar: Puxado

Classificação Única no Género: 5 Estrelas

Termino por aqui o meu discurso. Julgo que quando vieres a Lisboa, minha querida amiga, desejarás passar pelo Dali. Despeço-me com um beijo, este que não te esquece e muitas saudades sente,

Gil Saraiva

 

 

Carta à Berta: Série: a Arte de Bem Comer em Campo de Ourique. 2) Verde Gaio

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Olá Berta,

Sabes, coloquei ontem online, no Facebook, o primeiro restaurante dos que classifiquei, aqui do meu bairro. Ainda estou abismado com o número de pessoas que foram ler a minha opinião. Ao que parece não sou o único a gostar de comer e de ver o que os outros acham dos locais escolhidos. Fiquei bastante satisfeito. Aqui vai mais um do meu registo pessoal. Irei pôr até os que gostei menos, mas isso não quer dizer que sejam maus, apenas direi que, por um ou outro motivo, não se coadunam tanto comigo.

Série: a Arte de Bem Comer em Campo de Ourique.

2) Verde Gaio:

A melhor grelha a carvão de Campo de Ourique.

Quando falo em restaurantes familiares, minha amiga, estou logo a querer dizer que o local me faz sentir em casa ou que este é um ambiente acolhedor. Ora, no Verde Gaio, para além disso, a família faz realmente a diferença. O senhor Jorge é um especialista nos grelhados, a acompanhá-lo, na cozinha, a esposa dirige a equipa dos tachos e na sala o filho, Rafael, e a nora, Verónica, fazem as delícias de todos no simpatiquíssimo atendimento aos clientes. O restante pessoal varia mais, embora tenham tendência a ficar bastante tempo na casa. Chego a pensar que a comida é confecionada como se fosse para eles.

Sou um fanático, embora a preferência não seja muito ecológica, pela grelha a carvão. Normalmente, amiga Berta, corro o risco de comer as coisas secas e queimadas ou malpassadas e sem sabor. Porém, tal nunca me aconteceu no Verde Gaio. A mestria do senhor Jorge, nesse departamento, faz do restaurante um ponto de paragem obrigatório para quem vive ou passa por Lisboa.

Conforme já descrevi, aqui trabalham, lado a lado, marido e mulher, filho e nora, gente próxima da família e, mais raramente, um ou outro elemento mais afastado deste padrão. Mesmos os poucos desacatos familiares a que por vezes assistimos no espaço dão ao estabelecimento o seu ar mais genuíno e verdadeiro, marcadamente “made in Portugal”. Aliás, querida amiga, os pequenos conflitos são gerados pela razão última de fazer com que o cliente desfrute de uma refeição de topo, a preços que sempre nos parecem de promoção ou de saldos.

Um achado, dirão, por certo, os que o experimentarem pela primeira vez. Pena o orçamento não dar para cá vir todos os dias, pensarão outros. Mas passando à comida, ou seja, àquilo que realmente importa quando se pensa em comer fora. Imagina, minha saudosa amiga, uma paleta de tintas, com as mais variadas cores e tonalidades, com que um artista pinta um quadro. Agora, transpõe a paleta para a grelha e esta vira protagonista de relevo, de uma panóplia de sabores, para as tuas papilas gustativas.

Será escusado dizer que o peixe e a carne são sempre frescos e que se encontram bem expostos nas duas vitrines, logo na entrada do restaurante, quase parecendo sorrir para quem entra, acho que ias adorar o aspeto, Berta. Contudo, grelhar é uma arte e o maior segredo do Verde Gaio é a mestria do verdadeiro artista, o Grão-Mestre Grelhador, da Ordem Culinária da Antracite, o Mestre Jorge. Pode até parecer que me estou a repetir, mas há coisas cuja importância não pode ser descorada. Pois a verdade é que, para mim, esta é a melhor grelha de Lisboa, bem na frente do Mercado de Campo de Ourique, na rua Francisco Metrass, no número 18.

Como a casa também trabalha com a Uber, e os demais distribuidores, e com Take-Away, convém dizer que poderias, cara amiga, se não estivesses a morar no Algarve, fazer diretamente as encomendas pelo número de telefone 213 96 95 79 ou, em alternativa, para os diferentes canais de recolha. Como conselho, recomendaria que ligasses a saber quais são os pratos recomendados para o dia, pois poderias ter a sorte de apanhares umas deliciosas ovas cozidas ou uma garoupa, linguado, e muito mais, como bónus extra à ementa do dia-a-dia.

Embora já tenha referido alguns pratos, destaco, ainda, o melhor piano grelhado de Lisboa, quiçá do país, os legumes grelhados com broa de chorar por mais, peixe ao sal (desde que encomendado previamente), joaquinzinhos fritos, rins fritos ou grelhados, iscas de porco à portuguesa, franguinho frito à ribatejana, costeletas de porco preto grelhadas, robalos ou douradas ou salmonetes grelhados, salmão na grelha à posta, garoupa grelhada, bacalhau assado à lagareiro, lulas grelhadas, camarão na brasa, enfim, podia estar a escrever mais 2 páginas, Berta, que não terminava. Todavia, alguns dos pratos só existem quando o Mestre Jorge os arranja frescos, pelo que convém ligar a combinar previamente, certas iguarias mais especiais.

Destaco ainda as entradas e as sobremesas, com ameijoas à bulhão pato, cogumelos recheados, empadas de frango, de legumes ou de atum, entremeadinha frita, gambas fritas “al ajillo”, linguiça assada, mini alheira grelhada, rissol de camarão, morcela assada com laranja, ovos mexidos com farinheira, “pimentos padron”, paio do lombo fatiado, pica-pau, favas salteadas e até salada de polvo. Continuando para as sobremesas, para além da fruta da época, recomenda-se a sericaia com ameixa, bolo de bolacha ou de mousse, mousse de manga ou de chocolate, tarte de limão “merengada”, pudim de ovos e torta de laranja.

Tipo: Grelhados / Cozinha Portuguesa / Take-Away

Fecha: Domingo ao Jantar e Segunda

Preço: Acessível

Classificação no Género: 5 Estrelas

Sugiro ainda que se experimentem os vinhos tintos do Douro, Alentejo, Lisboa ou Dão, mas aconselho e destaco especialmente o Dão “Quinta de Cabriz” 2015, cuja garrafa sai a 9 euros. Tu ias adorar, Berta.

Bem, minha amiga, por hoje é tudo, despeço-me de água na boca, sempre saudoso, com um beijo, este teu eterno amigo de longa data,

Gil Saraiva

Carta à Berta: Série: a Arte de Bem Comer em Campo de Ourique. 1) Churrasquinho do Bairro

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Olá Berta,

Começo por te pedir desculpa por não terminar já o epílogo sobre Isabel dos Santos, contudo, há informações e algumas fontes que preciso de confirmar nos próximos dias. Talvez, algures no primeiro terço de fevereiro consiga estar em condições de terminar essa saga.

Acho que ainda não te informei, mas tenho vindo a colaborar com o site “Tripadvisor” no que às classificações de turismo diz respeito, principalmente na classificação que tenho dado aos restaurantes de Campo de Ourique, mas não só, eventos, viagens de avião, hotéis, locais e país para férias, monumentos, locais de diversão ou de turismo, imagens que fui recolhendo, entre outras coisas. É com uma parte dessas histórias que te vou entreter nos próximos dias.

Começo pela coleção de restaurantes que tenho visitado no meu bairro, o bairro de Campo de Ourique, que, como sabes é uma das minhas grandes paixões. Sabias que eu e a minha última companheira (acho que não a chegaste a conhecer) fomos as únicas 2 pessoas a realizar o casamento na Casa Fernando Pessoa? Já lá vão uns anos largos, mas realmente aconteceu. Bem, então aqui vai:

Série: a Arte de Bem Comer em Campo de Ourique.

1) Churrasquinho do Bairro:

O melhor Frango de Churrasco de Campo de Ourique.

O Churrasquinho do Bairro situa-se no Mercado de Campo de Ourique, na Rua Francisco Metrass, Lojas 3 e 4, e é uma churrasqueira familiar de excelente qualidade. O frango assado, todo ele do segmento médio, no que ao tamanho diz respeito, regado com o molho especial do Sr. António e algum piripiri, é de comer até fartar. Peça para ser ele mesmo a cortar-lhe o frango. É de mestre.

O Churrasquinho do Bairro tem alguns detalhes imprevisíveis de que não nos lembramos à primeira vista. Experimente encomendar, com antecedência, um polvinho à lagareiro. Vai ter uma agradável surpresa. Contudo, possuem outros pratos, como este, mas, seja para comer no local ou para levar para casa, é necessário fazer encomenda prévia e verificar que opções existem na altura em que o decidir fazer.

Como exemplos simples posso recomendar a posta de lombo de bacalhau na brasa ou à lagareiro, mas há mais, muito mais para descobrir, telefone para o 312 976 682 e combine com o senhor António o que quer comer, bem combinadinho (sempre previamente) e, principalmente, se for para grelhar no carvão, ele arranja quase tudo, de boa vontade e com prazer.

Convém saber que o restaurante tem bar completo, bancos altos para comer no interior (atenção que são poucos), esplanada para 12 pessoas, televisão com canais desportivos e, como não podia deixar de ser, “Wifi”. Mantém-se a leste dos negócios das tascas dentro do mercado e têm tentado correr com ele por não fazer parte do monopólio do grupo que gere os alugueres das tasquinhas no interior do mesmo.

Porém, conservando-se rigorosamente dentro de todas as normas de qualidade e sanidade, o mestre António, tem sobrevivido aos ataques, mal-intencionados, de quem não deseja concorrência (há quem diga que, alegadamente, com a cumplicidade autárquica). Ainda por cima porque esta churrasqueira serve bem e barato e sem pretensões a ascender a qualquer categoria gourmet.

Churrasquinho do Bairro, Mercado de Campo de Ourique, Lisboa. Palavras para quê? É delicioso.

Tipo: Churrasqueira / Take-Away

Fecha: Domingo

Preço: Económico

Classificação no Género: 5 Estrelas

E com esta minha primeira recomendação me despeço por hoje, minha querida Berta, recebe um beijo amigo deste velho conhecido,

Gil Saraiva

 

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