Carta à Berta: MEO e os Abusos das Grandes Empresas
Olá Berta,
Cá estou eu, de novo, a reclamar. Desta vez, e ainda agora voltei ao meu convívio contigo através destas cartas, contra a MEO. Esta entidade está, uma vez mais, a abusar dos seus direitos e a obrigar-me a ver o que eu não quero ver. O problema tem a ver com publicidade obrigatória, daquela que não dá para saltar ou passar à frente, sempre que quero ver um documentário ou um filme nos canais incluídos no meu pacote de “canais pagos à MEO”, através das gravações manuais ou automáticas.
Ainda por cima, querida Berta, como se já não fosse um total abuso de poder impor publicidade na modalidade de obrigatória, a referida propaganda é sempre um anúncio de jogos ou casas de apostas ou de casinos online. Uma publicidade que deveria inclusivamente estar banida da televisão por ser, de longe, bem mais prejudicial para as famílias portuguesas do que o álcool ou o tabaco.
Não sei o que se passa nas outras operadoras como a NOS ou a Vodafone, porém, se o arranjinho for generalizado, o caso é ainda mais grave. Grave porque traduz uma ação concertada que visa viciar os mais fracos na prática do jogo a dinheiro, uma atividade que causa uma terrível dependência e graves problemas em muitos lares deste país que é o nosso. No entanto, eu estaria contra a propaganda obrigatória mesmo que ela fosse sobre a vacinação.
O meu contrato com a MEO, minha querida amiga, não tem nenhuma cláusula onde diga que, para além do pagamento mensal a que estou obrigado para usufruir dos serviços, eu ainda tenho que levar com a obrigação de gastar o meu tempo a ver publicidade que não quero.
Por isso mesmo, através do portal da queixa, apresentei a seguinte reclamação contra a MEO: “Venho, por este meio, reclamar contra a nova forma de publicidade imposta na MEO sempre que pretendo ver um filme ou um documentário nas gravações manuais ou automáticas dos canais pagos da MEO, ou seja, se eu já pago para ter acesso a um pacote de canais de filmes e documentários porque é que sempre que recorro às gravações sou obrigado a ver uma publicidade de 28 segundos, onde não me é permitido avançar para o que quero ver, sem primeiro ter de visualizar um spot de uma casa de jogos online?”
Não sei, minha querida, com que operadora tu tens contrato, mas se for outra que não a MEO, diz-me se isso também acontece contigo ou não e de que operadora se trata. Tenho estado a pensar apresentar queixa formal, contudo, não sei se o melhor canal para o fazer é o Provedor de Justiça, se as organizações de defesa do consumidor ou o PAN. Sim, sim, o PAN, porque só podem ser animais, para não dizer umas grades bestas, quem teve a ideia peregrina de implementar este sistema. Ora, o PAN tem certamente muito mais jeito do que eu para lidar com animais.
Por hoje é tudo, despeço-me sem reclamações, recebe um beijo deste teu amigo sempre pronto para desabafar e também para te escutar quando precisas, espero que tudo continue bem contigo e deixo um imenso registo das minhas saudades, sempre ao teu dispor,
Gil Saraiva