Carta à Berta: Os Serviços de Televisão, Internet e Telemóvel em Portugal
Olá Berta,
Desde que a pandemia se tornou o prato principal à mesa dos portugueses que as operadoras de televisão, internet e telemóvel ganharam um protagonismo superior ao que era habitual até finais de 2019. Porquê? Porque consumimos mais estes serviços. As principais operadoras de telecomunicações que oferecem todos os serviços conjuntamente, em Portugal, são a MEO, a NOS, a Vodafone e a NOWO.
Todas prometem mundos e fundos para captar clientes. Pacotes de canais de televisão, fibra, dados móveis com mais ou menos gigabytes, com ou sem telefone fixo, descontos e ofertas disto ou daquilo, mais ou menos velocidade de navegação online, enfim, uma verdadeira parafernália de possibilidades.
O diabo está nos detalhes. É verdade. Aderimos por exemplo a uma destas operadoras e elas prometem-nos serviços de fibra em casa (todas o fazem), mas, na realidade, a fibra só chega até ao primeiro router. Se optarmos por cabo, dentro de casa instalam-nos cabos coaxiais à moda antiga e, como consequência disso, todas as televisões depois da primeira perdem qualidade. Na maioria dos lares a internet sem fios dentro de casa até funciona razoavelmente, porém, e é sempre assim, sempre com valores inferiores ao prometido na propaganda.
Contudo, é nos serviços ligados ao conteúdo e naquilo que nos é imposto que a situação se torna deveras problemática. Com efeito, se eu já pago os canais por cabo, não deveria ter que levar com publicidade em nenhum deles.
Não importa se são os canais de informação, de documentários, de filmes ou de séries ou outros, fora os canais generalistas, nenhum deles devia poder ter publicidade, uma vez que já estamos a pagar pelos programas que transmitem. Muito menos, e cada vez é mais frequente, ter de gramar (para não dizer pior) com publicidade de 25 a 30 segundos obrigatória (e que não conseguimos passar à frente) quando queremos ver um certo filme ou série nas gravações automáticas.
Aliás, não sei mesmo se esta prática recente é legal e se está contemplada na lei. Pelo que consegui apurar não existe regulamentação nacional sobre o assunto e nem mesmo sei se a ERC, a Entidade Reguladora para a Comunicação Social, está a par de mais esta marosca.
Todavia, o que mais me irrita, em termos dos serviços prestados por estas operadoras é a falta de respeito e de profissionalismo que as mesmas têm para comigo (e deve acontecer com todos nós) na forma como me tratam com total desrespeito nos conteúdos fornecidos, por exemplo, nas gravações automáticas. Não há nada mais irritante do que escolher um episódio de uma série ou um filme para ver e a gravação terminar antes do filme chegar ao fim.
Caramba, eles só fazem isto, ou seja, quem trata do enquadramento da programação e da divisão da emissão por programas não faz outra coisa. A não ser que esteja de tal modo automatizado este sistema que já nem exista supervisão humana, o que seria péssimo e resultaria num serviço de baixa qualidade, que é o que julgo estar atualmente a acontecer.
Mas isto sou eu, amiga Berta, que penso como é fácil pisar e desrespeitar os mais fracos. As poderosas operadoras estão-se nas tintas para os seus clientes enquanto pessoas, o que lhes interessa é sermos mais um número de contribuinte que paga todos os meses o serviço. Por hoje é tudo, deixo um beijo saudoso nesta despedida,
Gil Saraiva