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Alegadamente

Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente correto.

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Carta à Berta: Certificado Digital Covid - Vergonha e Incompetência!

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Olá Berta,

Hoje e mais uma vez, infelizmente, venho falar das trapalhadas do Ministério da Marta. A culpa do mau serviço pode não ser diretamente da Temido, mas temo que se fique pela esfera da sua ação e dos seus procedimentos. São quatro os problemas com que me vi pessoalmente confrontado nos últimos tempos. Penso que todos eles se prendem com a disfunção tática da Direção Geral de Saúde.

Com efeito, a DGS, liderada pela alegada barata tonta da senhora, dita doutora, Graça Freitas, não só parece autista na maneira como comunica com o país, sem qualquer desprimor para quem sofra de autismo (pois a comparação apenas pretende demonstrar a falta de clareza em comunicar e em atuar em certas situações por parte da DGS, que é bem mais disfuncional do que qualquer autista, que não tem culpa de ter uma tal enfermidade), como é incapaz de resolver os diferentes problemas com que, ao longo da pandemia, se vai defrontando.

No decorrer das próximas cartas vou-te, minha querida amiga, descrever cada um deles, porque não é fácil inclui-los todos na mesma missiva sem me tornar maçador. O problema que hoje abordo é o do Certificado Digital Covid, e a sua emissão em Portugal. Nas outras cartas falarei do homicídio por negligência, do auto agendamento e dos adiamentos aos pacientes não Covid na área da saúde.

É do conhecimento de todos que, tendo o Governo de Portugal aderido ao Certificado Digital Covid proposto pela União Europeia, já existe inclusivamente site (https://www.sns24.gov.pt/servico/obter-certificado-digital-covid-da-ue/) para baixar o respetivo certificado, o qual, engloba três possíveis situações:

1) Certificado de Vacinação - Comprova que o cidadão foi vacinado contra a COVID-19. - A emissão dos certificados de vacinação contra a COVID-19 é efetuada de acordo com a orientação 007/2021 de 15 junho de 2021 da DGS.

A) Caso o seu certificado não apresente ainda a última dose recebida de determinada vacina, deve repetir o pedido após 48 horas.

B) Caso tenha tido COVID-19 antes da administração de uma dose de determinada vacina e por esse motivo complete o esquema vacinal com apenas uma dose, nas situações em que o mesmo habitualmente se completa apenas com duas doses, o seu certificado de vacinação ainda apresentará o esquema vacinal de duas doses durante esta fase piloto.

C) Até ao dia 1 de julho de 2021 (data da produção integral de efeitos dos Regulamentos (UE) 2021/953 e 2021/954, ambos de 14 de junho) o certificado passará a identificar de forma clara que o esquema vacinal, nestes casos, se completa apenas com uma dose, sugerindo-se que proceda à repetição do pedido de emissão após aquela data.Certificado de Testagem - Comprova que o cidadão realizou um teste à COVID-19. - A emissão dos certificados de testagem à COVID-19 é efetuada de acordo com a orientação 007/2021 de 15 junho de 2021 da DGS.

2) O certificado de testagem de testes rápidos de antigénio (TRAg) estará disponível a partir de 1 de julho de 2021 (data da produção integral de efeitos dos Regulamentos (UE) 2021/953 e 2021/954, ambos de 14 de junho).

3) Certificado de Recuperação - Comprova que o cidadão recuperou da COVID-19. - A emissão dos certificados de recuperação da COVID-19 é efetuada de acordo com a orientação 007/2021 de 15 junho de 2021 da DGS.

A) O certificado de recuperação tem validade de 180 dias a partir da data do teste positivo à COVID-19.

Até aqui tudo está bem e parece perfeitamente bem estabelecido e organizado. O Governo prepara-se inclusivamente para usar estes certificados chamados conjuntamente de: Certificado Digital Covid, como documento comprovativo suficiente para se poder sair de uma cerca sanitária, como a que atualmente acontece ao fim-de-semana na zona de Lisboa e Vale do Tejo.

Para além disso, também se prevê que possa ser usado não apenas nas viagens dentro da União Europeia, como sirva de atestado sanitário para participação em eventos ou frequência de certas áreas e espaços que necessitem de maior controlo sanitário dentro do território nacional.

As explicações no site sobre o certificado e cada uma das vertentes são mais completas e elaboradas, porém, amiga Berta, se quiseres saber mais basta seguires o endereço que referi no quarto parágrafo, pois estão lá todas as explicações necessárias.

Ora, conforme pudeste verificar, até este momento tudo parece bem feito e um produto com a qualidade que se espera de uma organização estatal como a DGS. Todavia, é no momento em que se acede ao pedido do Certificado Digital Covid que tudo muda de figura. Na página, que já te referi, um quadrado verde, com letras brancas, anuncia o acesso ao documento com os seguintes dizeres: “Obter o Certificado Digital Covid”.

Eu entrei e cliquei na primeira opção (a da vacinação). De seguida, no formulário presente inscrevi nome e número de utente do SNS. Comecei pelo da minha mulher-a-dias que me tinha pedido ajuda para o obter, o serviço enviou um código para ser inserido numa nova janela por sms (e também por email), coisa que fiz e, dois minutos depois, já lhe estava a entregar o devido certificado impresso. Seguidamente tentei o meu e a desgraça começou.

Tudo correu bem até ao pedido do código de confirmação por email e sms. O problema foi que o sistema não enviou o código respetivo. Nem desta vez, nem das 23 vezes que tentei obtê-lo nos últimos três dias. Liguei para o número de apoio do SNS24 e, à terceira insistência, um rapaz do “call center”, mandou-me clicar na opção cinco, que não é referida na gravação automática, mas que é (secretamente) a opção dos serviços administrativos relacionados com o site, segundo me confirmou o senhor João Mendonça do serviço de atendimento.

Tudo porque, dizia-me ele, o próprio site tem uma ressalva nas opções finais, para insistir no envio do código quando ele não é enviado automaticamente. Visto isso também nunca ter resultado comigo vez nenhuma, teriam de ser os serviços administrativos a resolver o problema. Agradeci, satisfeito por encontrar, por fim, uma solução para o meu problema, marquei o 808 24 24 24, ouvi a voz gravada da menina e cliquei na opção 5, não anunciada no registro da gravação. A chamada foi estabelecida.

Depois de expor o meu problema, o número de tentativas efetuadas e todos os passos dados, fui informado por um simpático brasileiro de que, assim sendo, o serviço administrativo não podia fazer mais nada. A solução, se precisar mesmo do certificado, dizia-me ele, era continuar tentando até que a coisa resulte. “- Da nossa parte o processo não tem mais seguimento.” - afirmou.

Verdadeiramente incomodado com a situação, resolvi tentar saber se aquilo só tinha acontecido comigo, se era invulgar ou se acontecia com muito mais pessoas. Liguei para 21 dos meus contactos, pessoas que já sabia terem a vacinação completa. Para meu espanto (exceto dois que tinham os telemóveis desligados), dos dezanoves contactados, todos já tinham pedido o Certificado Digital Covid. Porém, apenas oito o tinham conseguido receber e imprimir.

Assim sendo, desta pequena amostra, apenas 40% dos utilizadores dos serviços tinham conseguido obter o Certificado Digital Covid. Todos os outros estavam na mesma situação que eu, sem saberem o que fazer e a quem recorrer. Uma coisa inadmissível.

Conforme podes constatar, minha querida amiga Berta, sempre que entra em ação a mão humana e a coordenação da Direção Geral de Saúde o resultado é como que o de uma lotaria. Se tivermos sorte temos prémio, se o azar nos bater à porta, temos pena. Com esta observação me despeço até à próxima carta, este teu amigo de sempre,

Gil Saraiva

 

 

 

Carta à Berta: O Que Se Passa em Campo de Ourique - Entrevistas à Mesa do Café - II - Vitor Sarameco - O Homem da Bicicleta - Parte II

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Olá Berta,

Termino hoje a entrevista ao “Homem da Bicicleta”, sob o tema “O Que Se Passa Em Campo de Ourique” que denominei de “Entrevistas à Mesa do Café”, ou seja, a entrevista ao senhor Vitor Manuel Fontes Rodrigues, vulgo Sarameco. Esta segunda e última parte decorreu na esplanada da pastelaria “AZ de Comer”.

Tenho a certeza que não foi o facto do Vitor ser do signo de Touro que o fez ganhar uma outra alcunha, esta durante os cinco ou seis anos em que passou pelos Bombeiros Voluntários de Campo de Ourique, mas sim a destreza demonstrada durante os primeiros treinos da sua formação profissional enquanto bombeiro.

A destreza, rapidez e à vontade férrea de provar que estava à altura do desafio, tudo junto, somado à impressionante agilidade com que atravessava telhados, trepava andaimes ou emaranhava pelas paredes fizeram-no ganhar o cognome de Tarzan.

Nos comentários que li nos grupos de Campo de Ourique, a quando da publicação da primeira parte desta carta, houve bombeiros a lembrar o grande trepador como se as coisas se tivessem passado ontem. Achei delicioso o carinho com que ainda é recordado nos Bombeiros de Campo de Ourique. Só quem é boa gente deixa um registo positivo por onde passa, eu acho.

Mas, voltando à entrevista, tratemos de esclarecer o que faz o Tarzan de Campo de Ourique. Conforme já tinha informado o senhor Vitor é aquilo a que se costuma chamar de um “faz-tudo”, mas o que é tudo? Foi essa a pergunta que lhe dirigi. Como resposta fiquei a saber que pode ajudar numa mudança, se faltar força de braços à transportadora, que é pintor, que coloca mosaicos e vários tipos de chão, que efetua trabalhos de pedreiro, aplicação de tijolo e rebocos, que trata de diversos problemas ligados à canalização, esgotos ou até de eletricidade.

Mas pode fazer mais, se alguém precisar de mandar algo pelo correio, se necessitar de levantar e transportar umas compras do supermercado ou da mercearia, de aviar uma receita, de ir buscar ou levar coisas à lavandaria e por aí fora, o amigo Vitor faz o serviço. Não tem preço, mas diz que é barato. É o que a pessoa puder e quiser pagar, foi o que eu entendi sobre o tema. Basta ligar para o 911 75 80 86 e combinar com o Vitor.

Aliás, a bicicleta só funciona quando não está a trabalhar ou quando a usa para fazer esse tipo de recados e isso durante o dia. Afinal, esse ímpeto de ciclista já celebrou vinte anos de atividade. É, segundo me afirmou, uma grande paixão, pedalar e ir deixando música por onde passa. A bicicleta só para por avaria ou nos períodos de dois ou três meses em que se encontra fora do país, em trabalho, enquanto trabalhador emigrante.

O Vitor emigrante já fez um pouco de tudo. Apanha de pimentos e outros vegetais, apanha de fruta, trabalho na indústria dos frangos e na construção civil. “- É o que vier, a gente não escolhe, é o que vier.” Afirma, quando interrogado e acrescenta: “- Nos últimos anos já estive em Maiorca, noutras partes de Espanha, em França, na Alemanha, em Itália, na Bélgica (já lhe disse que tenho 2 filhos em Antuérpia) e em Inglaterra, haja trabalho, e eu saiba, e lá vou eu.”

Agora, aos 58 anos, a bicicleta já lhe pesa nas pernas. A que usa foi ele que a arranjou. Foi um senhor, a quem fez umas pinturas na casa, que lhe a deu, avariada, mas recuperável. Porém, é muito pesada e as pernas ressentem-se. O atual autorrádio que usa não tem “pen drive” e atualmente só consegue usar o rádio.

Quando lhe perguntei como vai fazer para continuar ele sorriu e disse-me que ainda tem três sonhos na vida e que acredita que vai conseguir chegar a todos eles, porque tem fé, muita fé. Os sonhos do Vitor “Sarameco Tarzan” Rodrigues são simples e apenas três.

Primeiro: Arranjar uma bicicleta mais leve e se possível com mudanças.

Segundo: Arrumar um autorrádio que tenha entrada para colocar uma “pen drive”, que possa tocar muitas músicas de seguida (eu já lhe gravei uma “pen” com quase mil canções portuguesas).

Terceiro: Conseguir voltar a ter o amor e o carinho de uma mulher, que o queira como companheiro e a quem ele possa amar, para poder atravessar com ela a velhice, ou seja, o Vitor procura uma esposa.

“- Como o Gil sabe bem eu já não sou novo, nem para novo vou. É muito triste envelhecer sozinho, muito triste.”

Pois é, amiga Berta, desejos simples de uma pessoa simples, transparente e, no meu entender, pura, como a generalidade do nosso povo. Oxalá ele arranje a bicicleta e o rádio mais a companheira para o resto da vida. Oxalá. No rádio e na bicicleta talvez esta carta o possa ajudar, já no campo do amor... isso são contas de outro rosário. Espero que o Vitor tenha sorte nessas coisas do coração. E assim termino, com estes votos, a entrevista sobre o Sarameco Tarzan de Campo de Ourique. Com um beijo me despeço de ti, minha querida Berta, até à próxima carta, este teu amigo do coração,

Gil Saraiva

 

 

 

Carta à Berta: O Que Se Passa em Campo de Ourique - Entrevistas à Mesa do Café - II - Vitor Sarameco - O Homem da Bicicleta - Parte I

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Olá Berta,

Continuando a falar sobre “O Que Se Passa Em Campo de Ourique” na rúbrica que denominei de “Entrevistas à Mesa do Café”, resolvi entrevistar o “Homem da Bicicleta”, o senhor Vitor Manuel Fontes Rodrigues, vulgo Sarameco. Afinal, falei-te nele, por duas vezes, sem muito saber sobre a pessoa que circula, já lá vão vinte anos, no bairro, de bicicleta, dando música a quem o quer escutar.

Esta entrevista que realizei com o “Homem da Bicicleta” foi longa, divertida e esclarecedora sobre quem é esta personagem que conquistou o coração de todo o bairro. Daí advém o facto de ter de a dividir em duas partes para que não se torne demasiado longa. Vamos à primeira parte:

Sentámo-nos na esplanada do AZ de Comer. Pedi uma Superbock para mim e outra para ele. O homem tinha começado por pedir uma mini, porém, quando lhe disse que era meu convidado, optou pela Superbock normal. Sorri. Alegre, como sempre, o Vitor tinha alguns esclarecimentos para me fazer que considerava serem importantes.

Um amigo tinha-lhe mostrado as duas cartas que te escrevi e que publicara, sobre ele, no Facebook. Ora, ele fazia questão de me informar que não se chamava Victor com “c”, com a gente fina, mas sim Vitor sem “c”, como era normal entre a gente do povo, como ele, que não precisava do nome escrito à francesa.

Quanto à alcunha de “Sarameco”, ela nascera no tempo em que, em criança e adolescente, jogara à bola no Sport União Fonte-Santense, atualmente designado por Sporting União Fonte Santense e sediado na Rua Possidónio da Silva 35A, 1350-248 Lisboa.

Por essa altura, rondaria ele os 15 anos de idade, ou até um pouco menos, havia nesta associação um jogador da equipa principal, uns sete ou oito anos mais velho, a quem os colegas e amigos chamavam de Sarameco. Quando o Vitor começou a dar nas vistas do futebol do clube, nos escalões mais jovens, era muitas vezes comparado com o tal jogador do primeiro time.

Fisionomia, forma de jogar, camaradagem, timidez e boa disposição, tudo nele lembrava aos outros o Sarameco original. A saída deste da coletividade acelerou mais ainda a transição e herança da alcunha. Fora assim que, por tudo isto, um Sarameco dera lugar a outro Sarameco. O nome colou e de tal forma que, 43 anos mais tarde, continua a haver quem apenas o conheça pela alcunha e nem sequer saiba da existência do seu nome verdadeiro: Vitor. Coisas de bairro.

Ora o Vitor, minha querida amiga Berta, é apenas um ano e meio mais novo do que eu e, ao contrário de mim que só me apaixonei por Campo de Ourique há 13 anos, ele é um produto do bairro onde nasceu há 58 anos, no dia 24 de abril de 1963, em casa, na Vila Amorim, uma habitação situada na Rua Maria Pia, uns cento e cinquenta metros acima da meia laranja, para quem sobe esta rua. Atualmente vive na Rua Francisco Lacerda, outra rua do nosso bairro de Campo de Ourique.

Tem três filhos, de 26, 28 e 30 anos, os quais teve de criar sozinho com a ajuda dos progenitores, pois que a esposa fugiu de casa, no início do milénio, para não mais voltar, deixando-lhe a árdua tarefa de fazer vingar três crianças com idades aproximadamente entre os dois e os seis anos. Atualmente vive feliz com o pai e a madrasta (a mãe, essa, já se encontra no reino dos céus faz algum tempo).

Dos descendentes apenas um se mantém a viver em Portugal, lá para os lados da outra banda, em Almada. Os outros dois a vida fê-los emigrar, desde o tempo em que Passos Coelho aconselhava a saída dos portugueses em dificuldades da sua terra natal, para a Bélgica, onde se instalaram na cidade de Antuérpia, na senda da sobrevivência.

Amanhã termino esta carta, minha querida Berta, sobre este “Homem da Bicicleta” que tão facilmente nos aquece o coração. Por hoje despeço-me com um sorriso, este teu amigo que nunca te esquece e com quem podes contar para o que der e vier,

Gil Saraiva

 

 

 

Carta à Berta: O Que Se Passa em Campo de Ourique - Entrevistas à Mesa do Café - I - Mamma Mia!

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Olá Berta,

Escrevo-te para te falar sobre “O Que Se Passa Em Campo de Ourique” na rúbrica que denominei de “Entrevistas à Mesa do Café”. Hoje dedico a minha atenção sobre a “Mamma Mia” a única Geladaria Italiana de Campo de Ourique com fábrica e laboratório próprios em todo o bairro.

No rescaldo da pandemia a Mamma Mia é mais um daqueles negócios que tenta sobreviver ao fecho de portas, fruto das medidas impostas pelo Governo de Costa, por intermédio da DGS. Passar mais de um ano sem poder manter a sua normal atividade comercial, é uma barra muito pesada, para uma atividade de formato familiar e artesanal, que depende totalmente das duas únicas almas que gerem e representam a empresa.

Foi na esplanada da Tentadora que, numa destas tardes, me sentei com o senhor José Perdigoto, o elemento português deste duo, para a “Entrevista à Mesa do Café”. Apaixonado por um bairro onde vive já lá vão trinta anos, era um sonho antigo, deste homem de 53 anos, poder um dia investir as suas poupanças no bairro que o formatou com adulto e onde sempre foi feliz.

A oportunidade apareceu em 2017 quando, devido a um acaso feliz, a sua vida se cruzou com a de um italiano, em turismo pelo nosso país. O italiano vero, Natale Giovanni Tassitani, nascera na Cantábria italiana, na ponta da bota, 52 anos antes, no decorrer do mês de dezembro. Devido ao mês de nascimento os progenitores decidiram chamá-lo de Natal (Natale, em italiano). Ora, segundo fiquei a saber, Natale apaixonou-se pelo nosso país e muito em particular pelo nosso bairro.

Palavra puxa palavra e a amizade entre Zé e Natale cresceu rapidamente. O turista acidental tornou-se repentinamente emigrante e, no mês de julho de 2017, abriam juntos a Mamma Mia, a única geladaria italiana, reforço, com laboratório e fabrico próprio de Campo de Ourique.

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O Zé entrou com a maioria do capital e Natale com o conhecimento e o trabalho. Claro que, sempre que é necessário, o Zé arregaça as mangas e dá uma ajuda ao seu sócio. Contudo, não causando nenhum espanto, a alma da Mamma Mia é genuinamente italiana e proveniente de um milagre chamado Natal.

Os sorvetes e gelados da Mamma Mia fazem-me lembrar facilmente o início dos famosos Gelados Santini, na linha de Cascais, na altura em que a mestria italiana de Santini e a confeção totalmente artesanal, alicerçada na sabedoria italiana, os tornavam um produto único em toda a área da zona de Lisboa e Vale do Tejo, antes da ganância e da propagação da marca Santini, por diversas lojas e espaços, fazerem diluir a mestria artesanal do criador e se perder o requinte único da casa mãe.

A Mamma Mia não é fácil de encontrar, sendo uma loja de rua não é totalmente visível para quem sobe, pelo lado direito, a Rua Saraiva de Carvalho até ao número 147. Com efeito, o espaço está localizado no acesso pedonal que faz a ligação, por entre os prédios, com a Rua do Patrocínio, até à pastelaria Maria Farinha. Esta zona pedonal entre ruas, é designada pelo nome de Galeria Campo de Ourique, e a loja 3, onde se situa a geladaria, é logo a primeira à esquerda de quem entra neste acesso, pelo 147 da Rua Saraiva de Carvalho. O telefone é o 213 970 628.

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Mas o que faz realmente lembrar os antigos Gelados Santini na Mamma Mia é todo o carinho, amor e mestria que Natale põe na confeção artesanal dos mesmos. Um saber italiano tradicional com uma história muito antiga. Assim, sejam sorvetes (feitos com água e frutas frescas do dia) ou gelados (com leite, frutos secos ou café), é voluptuoso poder degustar as delícias da Mamma Mia. No inverno os crepes são outra iguaria do espaço, mas, nesta época, sejam batidos de fruta, gelados ou sorvetes o importante é ter-se a certeza da deliciosa qualidade e do genuíno sabor dos produtos.

Os sabores clássicos da geladaria italiana, seja o pistáchio, a avelã, o chocolate, a nata, o café, a manga, o coco, o morango, o ananás, a framboesa ou a noz ou o caramelo salgado, o arroz doce, o creme de ovo, a abóbora ou o requeijão, que são as variedades móveis da geladaria, contribuem, em conjunto, para a festa do palato de todos os clientes. Mas se, por mero acaso, alguém for apreciador de café não se deve sair da Mamma Mia sem experimentar um Affogato, que é algo de ir às lágrimas pois, efetivamente, a bola de gelado afogada em café expresso desperta sensações sensoriais incríveis que eu, pessoalmente, desconhecia de todo. Aquilo é uma iguaria ímpar verdadeiramente digna dos deuses.

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Agora, se não tem tempo para ficar na geladaria a degustar calmamente o seu gelado, a Mamma Mia tem umas embalagens de esferovite, de diferentes tamanhos, para que se possa, uma vez chegado a casa, tirar partido da mestria de Natale no conforto do lar.

Outro detalhe delicioso é poder-se observar, se houver vontade e tempo, a confeção das diferentes iguarias, através das vitrines da montra e da loja, que dão para o laboratório e fábrica de confeção. Em termos de conceito e transparência acho que a geladaria Mamma Mia é pioneira, em absoluto, nesta faceta e que vale o tempo empregue na observação desta que é verdadeira arte culinária.

Se voltares a Campo de Ourique, querida Berta, tenho que te levar à Mamma Mia. Ela, por si só, é suficiente para se ter ciúmes de não se morar em Campo de Ourique. Por hoje é tudo, despeço-me com o costumeiro beijo de até à próxima, este teu amigo,

Gil Saraiva

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Carta à Berta: O Que Se Passa em Campo de Ourique - Entrevistas à Mesa do Café - I - Mamma Mia!

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Olá Berta,

Escrevo-te para te falar sobre “O Que Se Passa Em Campo de Ourique” na rúbrica que denominei de “Entrevistas à Mesa do Café”. Hoje dedico a minha atenção sobre a “Mamma Mia” a única Geladaria Italiana de Campo de Ourique com fábrica e laboratório próprios em todo o bairro.

No rescaldo da pandemia a Mamma Mia é mais um daqueles negócios que tenta sobreviver ao fecho de portas, fruto das medidas impostas pelo Governo de Costa, por intermédio da DGS. Passar mais de um ano sem poder manter a sua normal atividade comercial, é uma barra muito pesada, para uma atividade de formato familiar e artesanal, que depende totalmente das duas únicas almas que gerem e representam a empresa.

Foi na esplanada da Tentadora que, numa destas tardes, me sentei com o senhor José Perdigoto, o elemento português deste duo, para a “Entrevista à Mesa do Café”. Apaixonado por um bairro onde vive já lá vão trinta anos, era um sonho antigo, deste homem de 53 anos, poder um dia investir as suas poupanças no bairro que o formatou com adulto e onde sempre foi feliz.

A oportunidade apareceu em 2017 quando, devido a um acaso feliz, a sua vida se cruzou com a de um italiano, em turismo pelo nosso país. O italiano vero, Natale Giovanni Tassitani, nascera na Cantábria italiana, na ponta da bota, 52 anos antes, no decorrer do mês de dezembro. Devido ao mês de nascimento os progenitores decidiram chamá-lo de Natal (Natale, em italiano). Ora, segundo fiquei a saber, Natale apaixonou-se pelo nosso país e muito em particular pelo nosso bairro.

Palavra puxa palavra e a amizade entre Zé e Natale cresceu rapidamente. O turista acidental tornou-se repentinamente emigrante e, no mês de julho de 2017, abriam juntos a Mamma Mia, a única geladaria italiana, reforço, com laboratório e fabrico próprio de Campo de Ourique.

 

O Zé entrou com a maioria do capital e Natale com o conhecimento e o trabalho. Claro que, sempre que é necessário, o Zé arregaça as mangas e dá uma ajuda ao seu sócio. Contudo, não causando nenhum espanto, a alma da Mamma Mia é genuinamente italiana e proveniente de um milagre chamado Natal.

Os sorvetes e gelados da Mamma Mia fazem-me lembrar facilmente o início dos famosos Gelados Santini, na linha de Cascais, na altura em que a mestria italiana de Santini e a confeção totalmente artesanal, alicerçada na sabedoria italiana, os tornavam um produto único em toda a área da zona de Lisboa e Vale do Tejo, antes da ganância e da propagação da marca Santini, por diversas lojas e espaços, fazerem diluir a mestria artesanal do criador e se perder o requinte único da casa mãe.

A Mamma Mia não é fácil de encontrar, sendo uma loja de rua não é totalmente visível para quem sobe, pelo lado direito, a Rua Saraiva de Carvalho até ao número 147. Com efeito, o espaço está localizado no acesso pedonal que faz a ligação, por entre os prédios, com a Rua do Patrocínio, até à pastelaria Maria Farinha. Esta zona pedonal entre ruas, é designada pelo nome de Galeria Campo de Ourique, e a loja 3, onde se situa a geladaria, é logo a primeira à esquerda de quem entra neste acesso, pelo 147 da Rua Saraiva de Carvalho. O telefone é o 213 970 628.

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Mas o que faz realmente lembrar os antigos Gelados Santini na Mamma Mia é todo o carinho, amor e mestria que Natale põe na confeção artesanal dos mesmos. Um saber italiano tradicional com uma história muito antiga. Assim, sejam sorvetes (feitos com água e frutas frescas do dia) ou gelados (com leite, frutos secos ou café), é voluptuoso poder degustar as delícias da Mamma Mia. No inverno os crepes são outra iguaria do espaço, mas, nesta época, sejam batidos de fruta, gelados ou sorvetes o importante é ter-se a certeza da deliciosa qualidade e do genuíno sabor dos produtos.

Os sabores clássicos da geladaria italiana, seja o pistáchio, a avelã, o chocolate, a nata, o café, a manga, o coco, o morango, o ananás, a framboesa ou a noz ou o caramelo salgado, o arroz doce, o creme de ovo, a abóbora ou o requeijão, que são as variedades móveis da geladaria, contribuem, em conjunto, para a festa do palato de todos os clientes. Mas se, por mero acaso, alguém for apreciador de café não se deve sair da Mamma Mia sem experimentar um Affogato, que é algo de ir às lágrimas pois, efetivamente, a bola de gelado afogada em café expresso desperta sensações sensoriais incríveis que eu, pessoalmente, desconhecia de todo. Aquilo é uma iguaria ímpar verdadeiramente digna dos deuses.

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Agora, se não tem tempo para ficar na geladaria a degustar calmamente o seu gelado, a Mamma Mia tem umas embalagens de esferovite, de diferentes tamanhos, para que se possa, uma vez chegado a casa, tirar partido da mestria de Natale no conforto do lar.

Outro detalhe delicioso é poder-se observar, se houver vontade e tempo, a confeção das diferentes iguarias, através das vitrines da montra e da loja, que dão para o laboratório e fábrica de confeção. Em termos de conceito e transparência acho que a geladaria Mamma Mia é pioneira, em absoluto, nesta faceta e que vale o tempo empregue na observação desta que é verdadeira arte culinária.

Se voltares a Campo de Ourique, querida Berta, tenho que te levar à Mamma Mia. Ela, por si só, é suficiente para se ter ciúmes de não se morar em Campo de Ourique. Por hoje é tudo, despeço-me com o costumeiro beijo de até à próxima, este teu amigo,

Gil Saraiva

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Carta à Berta: Os Serviços de Televisão, Internet e Telemóvel em Portugal

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Olá Berta,

Desde que a pandemia se tornou o prato principal à mesa dos portugueses que as operadoras de televisão, internet e telemóvel ganharam um protagonismo superior ao que era habitual até finais de 2019. Porquê? Porque consumimos mais estes serviços. As principais operadoras de telecomunicações que oferecem todos os serviços conjuntamente, em Portugal, são a MEO, a NOS, a Vodafone e a NOWO.

Todas prometem mundos e fundos para captar clientes. Pacotes de canais de televisão, fibra, dados móveis com mais ou menos gigabytes, com ou sem telefone fixo, descontos e ofertas disto ou daquilo, mais ou menos velocidade de navegação online, enfim, uma verdadeira parafernália de possibilidades.

O diabo está nos detalhes. É verdade. Aderimos por exemplo a uma destas operadoras e elas prometem-nos serviços de fibra em casa (todas o fazem), mas, na realidade, a fibra só chega até ao primeiro router. Se optarmos por cabo, dentro de casa instalam-nos cabos coaxiais à moda antiga e, como consequência disso, todas as televisões depois da primeira perdem qualidade. Na maioria dos lares a internet sem fios dentro de casa até funciona razoavelmente, porém, e é sempre assim, sempre com valores inferiores ao prometido na propaganda.

Contudo, é nos serviços ligados ao conteúdo e naquilo que nos é imposto que a situação se torna deveras problemática. Com efeito, se eu já pago os canais por cabo, não deveria ter que levar com publicidade em nenhum deles.

Não importa se são os canais de informação, de documentários, de filmes ou de séries ou outros, fora os canais generalistas, nenhum deles devia poder ter publicidade, uma vez que já estamos a pagar pelos programas que transmitem. Muito menos, e cada vez é mais frequente, ter de gramar (para não dizer pior) com publicidade de 25 a 30 segundos obrigatória (e que não conseguimos passar à frente) quando queremos ver um certo filme ou série nas gravações automáticas.

Aliás, não sei mesmo se esta prática recente é legal e se está contemplada na lei. Pelo que consegui apurar não existe regulamentação nacional sobre o assunto e nem mesmo sei se a ERC, a Entidade Reguladora para a Comunicação Social, está a par de mais esta marosca.

Todavia, o que mais me irrita, em termos dos serviços prestados por estas operadoras é a falta de respeito e de profissionalismo que as mesmas têm para comigo (e deve acontecer com todos nós) na forma como me tratam com total desrespeito nos conteúdos fornecidos, por exemplo, nas gravações automáticas. Não há nada mais irritante do que escolher um episódio de uma série ou um filme para ver e a gravação terminar antes do filme chegar ao fim.

Caramba, eles só fazem isto, ou seja, quem trata do enquadramento da programação e da divisão da emissão por programas não faz outra coisa. A não ser que esteja de tal modo automatizado este sistema que já nem exista supervisão humana, o que seria péssimo e resultaria num serviço de baixa qualidade, que é o que julgo estar atualmente a acontecer.

Mas isto sou eu, amiga Berta, que penso como é fácil pisar e desrespeitar os mais fracos. As poderosas operadoras estão-se nas tintas para os seus clientes enquanto pessoas, o que lhes interessa é sermos mais um número de contribuinte que paga todos os meses o serviço. Por hoje é tudo, deixo um beijo saudoso nesta despedida,

Gil Saraiva

 

 

 

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