Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente
correto.
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O site https://lifespray.wordpress.com/ publicou em três de dezembro de 2012, já lá vão quase nove anos, a notícia que seguidamente transcrevo sobre o meu amigo Victor de Campo de Ourique, que se mantém ativo, na sua bicicleta, a dar música ao Bairro de Campo de Ourique, ostentando a bandeira do seu clube (o Benfica) quer este esteja em forma ou tenha acabado de ser derrotado, como foi o caso do presente ano, pelo rival Sporting.
Não consegui até ao momento apurar quem são os autores do site, mas pela quantidade e qualidade de erros de ortografia que tive de corrigir, para passar para aqui a presente publicação, sou levado a concluir que não se trata de gente que domine bem a língua portuguesa. Aqui vai o seu conteúdo:
Afinal, o Homem da bicicleta não é maluco. Afinal, o que ele é, é um homem livre. Que vai atrás do que gosta e gosta do que traz atrás. Dá música por onde passa, deixa um rasto nos olhares que somos nós, que sem saber já nos conformámos, descontando a sua loucura.
Mas, afinal de contas, o homem assim decidiu a sua vida levar: anda de bicicleta com uma telefonia empoleirada, mas bem amarrada, a bandeira do seu clube de eleição (Benfica é a sua cor), bronzeado sempre, concentrado no transito e a deslizar pelas ruas de Lisboa.
Encontro-o muita vez no Jardim da Estrela ou nas Amoreiras, depende da hora do dia. Mas, Campo de Ourique é o seu bairro. E confere. O senhor da Bicicleta aos 49 anos anda à procura do Amor. E não desiste, faz ele bem.
Pelo que consegui entender este site, que mais parece um blog, embora mantenha o acesso na internet, teve a curta duração de um mês. Nada é dito sobre o seu autor ou autora, nem mesmo ficamos a saber se estamos a lidar com uma pessoa de nacionalidade portuguesa. Porém, o que aqui se destaca é que, nas parcas publicações feitas no site, cerca de meia dúzia, uma delas é dedicada ao nosso ciclista de eleição em Campo de Ourique, o senhor Victor, ferrenho adepto do Benfica, que enche, há mais de duas décadas, o coração de Campo de Ourique com as melodias ambulantes, transmitidas em alto som, a partir da sua passagem de bicicleta pelo bairro sempre que está sem trabalho.
Hoje, enquanto te escrevia esta segunda carta, amiga Berta, sobre o meu amigo Victor, entrei no meu blogue, para verificar da aceitação ou não, da primeira carta sobre ele, principalmente a reação à mesma por parte dos utilizadores do Facebook. Ora, sempre que te escrevo uma carta, costumo ter uma afluência média de leitores entre cinquenta a setenta pessoas, maioritariamente de gente que me acompanha os blogues através do Facebook. Desta vez, em apenas dezasseis horas, tive mais de duas mil visitas à carta. A grande maioria (de um modo esmagador) de gente solidária ou agradecida a este típico ícone do bairro de Campo de Ourique, o ciclista, pintor e faz-tudo, benfiquista, o bem-disposto e meu amigo, Victor.
Face a isso resolvi lançar hoje aqui um pequeno apelo: se nos próximos dias passar pelo ciclista de Campo de Ourique por favor não se iniba e lance-lhe um “obrigado Victor” para que ele saiba que é querido pelo esforço que faz, à sua maneira tão peculiar, de espalhar alegria por todo este bairro, ou, se não quiser gritar, mostre-lhe os dois polegares bem para cima.
Quanto a ti, amiga Berta, obrigado pela tua resposta à carta de ontem. Fico contente que, também tu, gostes do Victor como eu gosto. Despeço-me com um beijo saudoso, feliz com essa tua opinião,
Não me lembro se, nas tuas visitas a Campo de Ourique, alguma vez te deparaste com um sujeito, usando uma camisola do Benfica e uma bandeira do mesmo clube, a percorrer incansavelmente o bairro de bicicleta, enquanto uma aparelhagem adaptada ao veículo vai debitando música, bem alto, pelas ruas, praças e jardins de toda esta minha freguesia. Minha e, claro está, de todos os outros que também a tratam como sua.
Trata-se do Senhor Victor, um jovem (quase a chegar aos 60 anos de idade), que, pelo menos desde inícios deste milénio, percorre o bairro espalhando música e anunciando o amor evidente ao seu glorioso Benfica. O qual conquistou com o correr dos anos o estatuto de figura pública do bairro, querida por quase todos, mesmo por aqueles que não são do seu clube da águia. A verdade é que o Victor, por onde passa, tem sempre um aceno, um cumprimento e um sorriso para quem o interpela.
A situação, com o decorrer dos anos, tornou-o num caso sério de popularidade. Aliás, nem mesmo o dia da vitória do clube rival, neste campeonato, o impediu de sair, na sua habitual demanda, pelas ruas e de sorrir aos sportinguistas que lhe acenavam, batendo no emblema ao peito das suas camisolas verdes e brancas. Mais “fair play” do que esta demonstração do ciclista é difícil de encontrar na capital.
Em 2015, uma jornalista do Correio da Manhã, resolveu dedicar-lhe uma página inteira no matutino. Ainda me lembro muito bem do artigo. A senhora jornalista (que morava na Estrela) via e ouvia passar, de vez em quando, o nosso ciclista pelo Jardim da Estrela, e com a rudeza de um estivador do porto de Lisboa, dos finais do século XIX, resolveu dedicar-lhe cinquenta linhas da edição online com uma verborreia paupérrima e triste sob o título de “O Ciclista Maluco”.
No texto, a senhora jornalista, não se limitava a apelar à intervenção da PSP, da Câmara Municipal de Lisboa e de outras autoridades, mas resolvera também insultar um homem, que não conhecia e sobre o qual não fez nenhuma investigação, com juízos de valor que começavam precisamente no pseudónimo de maluco e de louco, passando por perturbador da ordem pública, etc.. É claro que a dita jornalista desconhece as centenas (para não dizer milhares) de turistas que pedem ao senhor Victor licença para fazerem uma “selfie” com ele, sempre que o apanham parado no início da Rua Saraiva de Carvalho ou junto ao quiosque em frente ao cemitério dos Prazeres.
É igualmente claro que a mesma senhora nem imagina o carinho imenso que todo o bairro de Campo de Ourique tem por esta pessoa que não é maluco, nem nunca foi. É um faz-tudo, um pintor, um canalizador, um eletricista e um desenrasca, sempre pronto a ajudar o seu semelhante.
Ah, mas ele cobra esses serviços. É verdade, eu próprio já recorri a ele por diversas vezes, contudo, nunca senti que se esticasse nos preços e, bem pelo contrário, sempre o achei muito barato. O que a senhora jornalista podia atualmente noticiar é que, desde que há pandemia em Portugal, desde março de 2020 que, todos os dias, o santo do Victor montou aquela bicicleta e se fez às ruas do bairro para que os habitantes sentissem a sua presença.
Hoje, quando calhou falarmos, ele, por acaso todo feliz porque finalmente ia tomar a vacina, explicou-me porque não tinha parado um dia que fosse durante a pandemia. A justificação era de responsabilidade. Afinal, afirmava seriamente, ele sabia que tinha o dever de levar um pouco de alegria às centenas de idosos que vivem sozinhos e tristes no bairro, principalmente desde que a pandemia se instalara.
“- Quando passam um dia sem me ouvirem na bicicleta ou sem me verem eles dizem-me que ficam mais tristes. Eu não posso falhar a esta gente.” Depois ria e dizia-me que muitos deles nem sequer eram do Benfica. “- Mas adoram picar-me e eu respondo sempre com um sorriso ou um aceno.”
O Victor é um homem do povo, de maluco ou de louco nada tem e, no meu entender, até já devia estar a receber, de há muitos anos para cá, um ordenado ou um apoio da freguesia, da Câmara de Lisboa ou até do Benfica, porque o Victor tem passado por sérias dificuldades para conseguir por pão na mesa da sua casa e cuidar da sua família.
Enfim, querida Berta, isto sou eu a falar. A minha opinião pouco vale nos corredores do poder. Contudo, a minha gratidão por este homem, que há duas décadas alegra os corações de tanta gente, é infinita. Podes nem concordar comigo e ser como a acéfala da senhora jornalista do Correio da Manhã, mas que era justo o homem ser compensado não tenho a menor dúvida. Deixo um beijo de despedida, deste teu eterno amigo,
O Sporting é Campeão da Primeira Liga de Futebol Profissional em Portugal. Como benfiquista que sou é com desportivismo que dou os parabéns aos verdes e brancos. Até ao momento trata-se de um campeonato ganho sem derrotas, sem espinhas e sem qualquer margem para dúvidas. Ganhou o melhor e, este ano, o melhor foi o Sporting Clube de Portugal. Cabe aos leões a glória de invadir o Marquês.
Não é fácil passar dezanove anos sem levantar o caneco. Nem mesmo é simples de assimilar que nos últimos cinquenta anos que o Sporting apenas por seis vezes tenha conseguido chegar ao topo. Nada melhor do que, depois de ter acabado de se tornar Campeão Europeu de Futsal, o clube de Alvalade veja o ano coroado com a glória de se tornar número um no futebol profissional português. Não há como não dar os parabéns, reforço e enfatizo, ao Sporting Clube de Portugal pelo feito.
A obra de arte ganha foros de ironia e escárnio quando se sabe que o treinador foi um ex-jogador do Benfica, um tal de Ruben Amorim, que conduziu com mestria os leões novamente ao estatuto de reis da selva, dividindo a glória com uma equipa de miúdos nos quais depositou confiança e que conseguiram envergonhar Luís Filipe Vieira, Jorge Jesus e meter num saco sem fundo os cem milhões que este ano a SAD benfiquista gastou em jogadores.
Já eu, minha querida amiga Berta, que não queria de novo o Jorge Jesus no Benfica, sinto que foi feita justiça este ano. Custa assumir, é um facto, mas não deixa de ser a verdade, independentemente da tristeza que me invade a alma e o coração.
Resta-me o consolo de não ter sido o Futebol Clube do Porto a ganhar. Esse é, por força dos factos, o grande e verdadeiro rival do Benfica. Espero, como sempre se espera nos três grandes, que para o ano tudo seja diferente. Mas hoje não é dia de carpir seja o que for. Há um novo campeão nacional que merece festejar à grande e ao som da Portuguesa.
Resta-me deixar uma palavra ao Governo e em particular à DGS. Isto de vir para a imprensa dizer aos sportinguistas para terem contenção na celebração da vitória do campeonato, aliás, acompanhada por um apelo idêntico do Presidente da República, é uma forma idiota de fugir às responsabilidades. Há que tempos que o Estado sabe que este dia estava para chegar. Se querem contenção que criem os mecanismos policiais de segurança de forma a coordenarem e controlarem, da melhor maneira possível, os festejos e que não atirem para cima de quem não celebra à 20 anos o ónus da incompetência. Mais uma vez: PARABÉNS SPORTING! Despede-se com um sorriso amarelo, querida Berta, este teu amigo,
“Portugal é o país da União Europeia com menos novos casos diários de infeção por SARS-CoV-2 e continua entre os com menos mortes por milhão de habitantes nos últimos sete dias, segundo o site estatístico Our World in Data”, divulgado hoje pelo site nacional “Notícias ao Minuto”.
Ainda, segundo as mesmas fontes: “Desde a semana passada, Portugal desceu em número de novos casos por milhão de habitantes para 32,29, muito longe do país em pior situação, Chipre, com uma média de 499 novos casos diários.” Por fim, pode-se ler ali também que: “Em relação à média de mortes por milhão de habitantes atribuídas à Covid-19 nos últimos sete dias, Portugal aumentou ligeiramente na última semana de 0,17 para 0,21, igual à Finlândia e quatro centésimas acima da Dinamarca, que é o país com a média inferior.”
Tudo isto é muito bonito, principalmente se nos lembrarmos do passado mês de janeiro, em que vertiginosamente atingimos o topo no ranking dos piores países do mundo em termos de pandemia. A grande questão é saber como conseguimos este feito de passar do pior país do mundo, no que à Covid diz respeito, para o ranking dos melhores em apenas dois meses. Há quem fale na vacinação eficaz, nas medidas de confinamento implantadas, da sensatez dos portugueses ou da agilidade da nossa DGS. Tudo treta.
A recuperação de Portugal ficou a dever-se, isso sim, à implantação de um método transparente, e de fácil perceção pelos cidadãos, de gestão da pandemia. Este novo processo de confinar ou desconfinar, dividido por várias fases, cada uma delas com objetivos específicos, e acompanhado por gráficos da evolução dos parâmetros adotados, permitiu o entendimento total do problema pela generalidade da população.
A reforçar a ideia, a possibilidade de os concelhos avançarem ou regredirem no confinamento, consoante o seu comportamento face ao padrão adotado, implementou responsabilidade e união em torno de objetivos comuns, ou seja, o povo sabe comportar-se se as coisas lhe forem devidamente explicadas.
É claro que a vacinação competente, o aumento do rastreio, a maior dinâmica no acompanhamento dos surtos e o grande acréscimo da testagem, também contribuíram para o sucesso, mas nada teria sido conseguido sem a implementação deste espetacular método.
Na elaboração do esquema o Governo optou, e muito bem, por criar limites aos desconfinamentos que, há data da sua implementação, eram metade dos exigidos na União Europeia, ou seja, 120 casos por cem mil habitantes, por concelho, para períodos de 14 dias, face aos 240 adotados na maioria dos países europeus e recomendados pela EMA. Uma jogada inteligente que cedo deu frutos.
Aliás, se registássemos a patente deste método, sem sermos líderes no âmbito da inteligência artificial, nem mesmo sermos produtores de qualquer tipo de vacina para a Covid-19, veríamos facilmente a importância do valor acrescentado que Portugal deu no combate a este flagelo, que não para de fazer vítimas em todo o mundo.
Fora de brincadeiras e de patentes, aplicar na Índia o método luso, poderia ajudar mais os indianos a recuperar do que qualquer ajuda material que Portugal consiga dar a este povo com quem tem laços seculares. Aliás, o mesmo se poderá dizer relativamente ao Brasil e a muitos outros países do mundo, em que as populações não conseguem compreender porque é que os seus governantes mandam confinar e desconfinar sem uma explicação evidente.
Portugal foi inovador na criação de um sistema eficaz e fácil de compreender, composto por parâmetros ambiciosos e por consequências de desvios ao plano imposto. Foi tão inovador que lhe deveria, no meu entender, minha querida amiga Berta, dar-lhe um nome. Talvez CUPIDO (Criação Única de Processos Interativos de Desconfinamentos Organizados). Tal como o deus do arco e flecha que leva amor aos corações dos amantes este CUPIDO transporta, com provas dadas, a saúde aos lares de todo o pais, sendo radicalmente eficaz no combate à pandemia. Viva CUPIDO! Por hoje é tudo, deixo um beijo e a promessa de escrever em breve, recebe ainda um grade abraço deste amigo de todos os dias,
Ontem, no Facebook, no grupo Bairro de Campo de Ourique, um membro colocou a seguinte frase numa publicação: “Um País com 2,2 milhões de pessoas na pobreza isto numa população de cerca 9,8 milhões dá que pensar? Como isto é possível?”
Caso a publicação fosse apenas e só uma questão de opinião eu teria deixado passar a publicação sem dizer nada. O facto de ser eu o administrador do grupo não me leva a censurar nada do que os outros elementos pensam. Porém, o caso muda de figura em certas publicações que contém dados adulterados ou falsos, noutras que fazem apenas publicidade, naquelas que atentam contra os valores fundamentais da humanidade ou nas que fazem propaganda direta de partidos políticos em nome dos mesmos. Nesses casos, mediante a gravidade ou apago o “post” ou faço o comentário que considero devido.
No caso concreto argumentei em vários comentários o conteúdo adulterado da publicação. Para conseguir tal objetivo fui à procura dos factos. É que os dados apresentados não representam nada sem a devida fundamentação. Pelo que consegui analisar, a população do país, não estava correta, segundo o INE a população residente é de 10.295.909 habitantes, ou seja, aqueles dados apresentavam um erro de meio milhão de pessoas.
Em segundo lugar, esclareci que o estudo mais recente sobre pobreza em Portugal era da PORDATA que apontava 16,2 % da população em risco de pobreza (uma vez que esse estudo publicado já este ano se referia a 2019), ou seja, 1.667.937 pessoas. Mas referi também que a PORDATA diferencia o risco de pobreza da pobreza efetiva, ainda assim.
Mais há a dizer e aproveitando a ocasião reforço que desde 1994 a população em risco de pobreza tem vindo a diminuir todos os anos, em Portugal. Em 1994 eram 2.368.059, ou seja, daí para cá (e até 2019, data do último estudo) os habitantes em risco de pobreza diminuíram em 700.123 pessoas. Contudo, é provável que a pandemia tenha, pela primeira vez em 28 anos, causado um forte aumento do risco de pobreza, invertendo o ciclo, todavia, e até saírem os dados do CENSUS de 2021, tudo o que se possa afirmar perentoriamente sobre os números atuais é, no mínimo, prematuro.
Acresce ainda dizer, que de acordo com os dados dos estudos sobre a economia paralela em Portugal, ela abrange mais de um terço das pessoas referenciadas como estando no limiar da pobreza, ou seja, cruzando os estudos podemos concluir que, dos 1.667.937 habitantes em risco de pobreza, cerca de 700.000 vive da economia paralela, o que significa que tem rendimentos que não apresenta às finanças. E não pense que são apenas biscateiros por conta própria, só para dar uma ideia a economia paralela em Portugal em 2019 dava para financiar mais 5 orçamentos atuais da saúde, por ano.
Tal informação, tendo em conta o último estudo, feito em 2013, do Observatório de Economia e Gestão de Fraude, ultrapassa os 45 mil milhões de euros anualmente. Vale tanto como 5 bazucas europeias por ano.
Em conclusão, cruzados os dados, cerca de 9% da população do país encontra-se efetivamente nos valores de rendimento que a colocam no limiar da pobreza, o que significa que ganham menos de 6.500 euros por ano. Porém, apesar de tudo, a pandemia pode e deve ter provocado aumentos significativos nestes números, mas ainda é cedo para sequer fazer previsões das verdadeiras consequências.
Assim sendo, podemos dizer que é realmente triste a realidade de ambas as situações. Por um lado, a economia paralela a minar a riqueza do país e por outro 16,2% de uma população em risco de pobreza. Mas, embora sirva pouco de compensação, piores que nós, só na Europa, ainda temos: Sérvia, Macedónia do Norte, Montenegro, Turquia, Luxemburgo, Grécia, Croácia, Bulgária, Estónia, Lituânia, Letónia, Roménia, Reino Unido, Itália e Espanha, todos eles com níveis de risco de pobreza mais elevados que o nosso em termos percentuais. Acresce ainda que a taxa média do limiar da pobreza na Europa é de 17%, ou seja, 0,8 acima da de Portugal, tendo em conta dados oficiais de 2018.
Ora, todos estes números se devem agravar em 2021, o que não é bom para a vergonha europeia nem para a nacional, mas a seu tempo teremos elementos para analisar o caso. Resta-me recordar que não é na Europa que a situação se apresenta pior face ao resto do mundo. Com efeito, mais grave ainda é o limiar da pobreza na América do Sul onde a taxa se situa nos 33% ou nos Estados Unidos onde o problema é ainda mais significativo atingindo 43% da população.
Não vou referir os dados da Asia, Oceânia ou de África, mas posso confirmar que são muito piores que os europeus e que a Rússia também não é exemplo. Em resumo, a vergonha é mesmo mundial, minha querida Berta, e toda a gente, com responsabilidades políticas, parece assobiar para o ar, sem querer lidar com a gravidade do assunto.
No meu modesto entender a “pandemia do risco mundial de pobreza” é realmente o flagelo mais grave que no presente atinge a humanidade, seguido de perto pelo problema absurdo da falta de medidas efetivas contra as alterações climáticas no globo e tendo no terceiro lugar deste triste pódio a atual pandemia de Covid-19. Termino esta carta, depois de mais um desabafo, fazendo votos que neste século as prioridades consigam mudar. O mundo é de todos e para todos e isto devia ser uma premissa absoluta. Despeço-me com um beijo saudoso,